Com cinco milhões de veículos, o Paraná atingiu a marca de um “carro” para cada dois habitantes em 2010, de acordo com dados do Departamento de Trânsito do Paraná (Detran-PR) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em um ano, entre 2009 e 2010, a frota do estado chegou a crescer 7,6%. E pior: o aumento foi concentrado. Os quatro municípios que registraram as maiores variações positivas no período estão localizados na região metropolitana de Curitiba. Araucária foi a “campeã” com um crescimento de 12,6%, sendo seguida por Colombo (12,1%), São José dos Pinhais (11,6%) e Pinhais (10,3%). Curitiba, por outro lado, registrou o 15º maior crescimento, com 4,2%, abaixo da média estadual. Mesmo assim, de acordo com os especialistas, o aumento acima da média nos municípios da região metropolitana influencia diretamente no trânsito da capital. No interior do estado, o crescimento registrado ficou dentro da média geral do estado, com exceção de Guarapuava (9,4%), Toledo e Cascavel (8,6%) e Ponta Grossa (8,3%).
Segundo os especialistas, o fato de Curitiba estar praticamente saturada em termos imobiliários, fez com que várias empresas se instalassem nas cidades vizinhas, tendo em vista o mercado consumidor da capital e a logística que a região oferece. Com o inchaço populacional destes municípios veio também o crescimento da frota. Outros fatores que colaboraram foram os incentivos fiscais do governo federal para a compra de automóveis e o aumento do poder de compra da população.
“Há pelo menos três motivos que podemos avaliar para entender porque a frota da região metropolitana cresce muito mais que a de Curitiba. A migração das empresas em busca de incentivos fiscais, a construção de grande número de condomínios, principalmente os mais luxuosos, e o aumento do número de locadoras de veículos nessas cidades, como é o caso principalmente de São José dos Pinhais”, analisa o advogado Marcelo Araújo, especialista em trânsito e presidente da Comissão de Direito do Trânsito da seccional Paraná da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PR).
Junto com o aumento da frota, acumularam-se os problemas relacionados à fluidez do tráfego A pesquisa Sistema de Indicadores de Percepção Social: Mobilidade Urbana, divulgada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostrou que no Sul 67,3% dos entrevistados sofrem com congestionamento no trânsito pelo menos uma vez ao mês – 21,9% passam por engarrafamentos mais de uma vez por dia. No Paraná, parte desse problema acaba sendo sentido, principalmente, na capital. “As cidades que têm conurbação com Curitiba acabam saturando o trânsito da capital”, diz Araújo.
Segundo a diretora de Trânsito da Urbanização de Curitiba (URBS), Rosângela Battistella, as políticas públicas nessa área precisam levar em conta a frota da região metropolitana como um todo. “Trabalhamos com a frota local e a frota flutuante de Curitiba e pensamos o trânsito considerando esses dois aspectos. Para começar, muitas dessas cidades não têm o trânsito municipalizado, com um órgão específico responsável, e em outras, como São José dos Pinhais e Araucária, esses órgãos foram criados recentemente.”
Para trabalhar sob esta perspectiva, de acordo com Rosângela, a Urbs aposta na rede integrada de transporte, na definição de binários em pontos de conurbação, na ampliação do estacionamento regulamentado de algumas vias em bairros e na proibição do estacionamento em outras. O novo Sistema Integrado de Mobilidade, que será implantado em Curitiba, promete também trazer novo fôlego ao tráfego. “A ideia consiste em fazer uma central de controle operacional, com câmeras oferecendo imagens em tempo real. Assim poderemos controlar semáforos e dar informações aos usuários sobre os pontos de congestionamento para que tomem outras rotas”, explica Rosângela. O anel viário central também é outra promessa de dias melhores no trânsito da capital paranaense.
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