No acumulado entre janeiro e setembro, a indústria de bens de capital brasileira registrou vendas de R$ 59,9 bilhões, 2,2% abaixo do apurado em período equivalente de 2011. Segmento está sofrendo com a concorrência internacional e muitas empresas trabalham sem lucro. Por isso o setor pleiteia regras mais rígidas para barrar entrada de equipamentos a preços impraticáveis no País e a ampliação de medidas que estimulem a produção nacional.
Segundo o diretor da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos), Carlos Pastoriza, a inflação brasileira subiu 120% nos últimos 11 anos enquanto que a taxa de câmbio flutuou para cima e principalmente para baixo até atingir exatamente a taxa atual de R$ 2 o dólar. “Quer dizer que nossos custos aumentaram 120% nesse período, sem que tenha havido uma correção proporcional na taxa de câmbio”, calcula. Por isso o grande objetivo do setor é ter isonomia de condições em relação aos produtos importados.
Entre os maiores pedidos da Abimaq junto ao governo é que as importações fraudulentas, que vêm com preços subfaturados ou através de dumping, sejam atacadas de forma rigorosa. “Temos pressionado o governo para que reforce o seu setor de defesa comercial e adote uma série de posições tarifárias”, afirma. Segundo ele, muitas empresas buscam refúgio na importação de componentes e chegam a trabalhar sem lucro ou até com prejuízo. Alternativa que afeta negativamente outras pontas da cadeia metalmecânica.
Até o mês de agosto, o faturamento bruto dos fabricantes, medido pela entidade, vinha oscilando e mantendo-se em patamares semelhantes ou um pouco acima do registrado um ano antes. Já em setembro, esse quadro virou e a receita acumulada no ano apresentou recuo pela primeira vez em 2012. A produção física de máquinas apontam dados do DCEE (Departamento de Competitividade, Economia e Estatística), compilados pela Abimaq, recuou 4,6% em relação aos níveis vistos nos nove primeiros meses de 2011.
No fim daquele mês o governo tomou medidas de incentivo. A mais importante delas foi a redução na taxa de juros do PSI-Finame para 2,5%. Como a inflação ficou na casa dos 5,5%, a mudança correspondeu a juros negativos de 3%, o que foi considerado excelente pelos empresários. Mas essa medida só vai surtir efeito até o primeiro trimestre do ano que vem porque os pedidos só serão faturados no fim do ano ou início de 2013. A expectativa dos empresários é que essa redução não seja temporária.
Setorizado – A queda nas vendas não afeta todos os setores de máquinas e equipamentos com a mesma intensidade. A produção que mais sofreu foi a de equipamentos para logística e construção civil, com queda de 14,7% na mesma comparação. Vale ressaltar que a queda foi impactada fortemente pelo desempenho negativo das vendas de caminhões, já que empresários adiantaram a compra de veículos no ano passado, antes da vigência de nova legislação sobre emissões. O volume produzido de máquinas para a indústria de transformação foi outro segmento com forte retração, 9,1%. Por outro lado, a produção de máquinas para indústria de base subiu 21,2% e do segmento de petróleo e gás cresceu 11,3%.
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