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Negócio Florestal - 20/03/2012

Cenário Otimista para Negócios Florestais

(boletim informativo ? Nov 2011)

O desenrolar da atual crise dos governos americano e de vários países europeus tem apontado para um cenário com algumas diferenças em relação às causas e os efeitos da crise global de 2008. Embora especialistas afirmem que a crise atual tem ligações e é, em parte, efeito da crise de 2008, eles também afirmam que a natureza da crise atual é diferente. A crise de 2008 afetou o setor privado,representado principalmente pelo setor bancário, havendo falta de crédito, redução no consumo e paralisação e estagnação das empresas e, consequentemente, do crescimento das economias mundiais. A atual crise não configura uma crise do setor privado, que hoje conta com crédito e financiamentos disponíveis, mas sim uma crise dos governos que se endividaram, em muitos casos, justamente para ajudar o setor privado na crise de 2008. Portanto, se o setor privado produz e se desenvolve, a crise dos governos, mesmo influenciando negativamente o setor privado, tende a não afetar de forma tão drástica o crescimento das economias como foi o caso da crise de 2008. Da mesma forma, analisando o setor do agronegócio, as tendências têm apontado para uma situação em que a crise de estoque de alimentos (commodities) mundiais persistirá possivelmente por mais uma década. Por sua vez, os preços agrícolas também vão ficar em alta em função do déficit de produção de alimentos, da queda da produtividade do agronegócio e da perspectiva de crescimento populacional em alguns países emergentes. Neste cenário, países com aptidão para produção primária tendem a estar em uma situação favorável que, se bem aproveitada, pode colocá-los em uma posição vantajosa no futuro. Considerando-se as tendências mundiais, o setor florestal, assim como todo o agronegócio, pode estar se deparando com um cenário otimista dos negócios nos anos vindouros. A diferença temporal entre a decisão efetiva de investir e os resultados oriundos dessa decisão pode-se apresentar como uma janela de oportunidades para o setor. As crises e a possível redução de investimentos nos países produtores florestais pode ser a oportunidade para que o setor florestal brasileiro se fortaleça com investimentos em tecnologia, eficiência econômica e agregação de valor, desfrutando de ganhos oriundos da venda de produtos valorizados. 

 

A análise  conjuntural do Centro de Inteligência em Florestas deste mês de outubro de 2011 continua a acompanhar os movimentos e tendências dos vários segmentos dentro do setor florestal. Apesar da redução de crescimento e desafios que segmentos específicos estão enfrentando, de modo geral, o setor continua se desenvolvendo e com condições de tomar as decisões corretas para assegurar um fortalecimento da competitividade dos negócios florestais brasileiros frente aos concorrentes mundiais.

 

 

Segmento de Madeira Processada

 

Em setembro, as exportações de madeira e derivados foram de US$155.263 mil, representando uma queda de 6,7% em relação ao mês anterior. As importações foram de US$17.067 mil, representando uma redução de 14,4% em relação ao mês anterior. Portanto, o saldo na balança comercial de agosto foi de US$157.246 mil, queda de 5,7% em relação a agosto deste ano. Quando comparado com o mês de setembro do ano passado, as exportações, importações e o saldo da balança variaram -1,3%, 34,2% e -4,4%, respectivamente. Em 2011, de janeiro a setembro, a balança comercial acumulou um saldo de US$1.422.689 mil, representando uma redução de 2,9% comparada ao igual período do ano passado. Esses números indicam uma ligeira queda do ritmo de crescimento neste último mês.

 

Mesmo com as incertezas do mercado global, a Suzano anuncia novos investimentos. O presidente da Suzano Energia Renovável, André Dorf, assinou um protocolo de intenções com o governo do Maranhão, em 2 de outubro de 2011, que prevê o investimento de R$1 bilhão em florestas plantadas e três fábricas, até 2014. A meta é instalar no estado três unidades de produção de pellets de eucalipto (pedaços de madeira) para geração de energia. Segundo Dorf, a disponibilidade de terras, preço mais acessível e a infraestrutura logística do Maranhão foram fatores determinantes para a escolha do estado. O executivo disse que o mercado alvo da Suzano é a Europa, que já é o principal consumidor de pellets de madeira. "Através do Maranhão, ganhamos cinco dias de navio até a Europa", declarou Dorf. Ele ainda informou que a companhia já está negociando preço de frete para baratear os custos (Globo Rural Online).

 

Outra boa notícia para o segmento de madeira processada é que tramita no Senado uma proposta de proibição de exportação de madeira não beneficiada. Esta medida estimularia o beneficiamento da madeira, agregando o seu valor, gerando mais empregos, renda e divisas. Madeiras beneficiadas, de acordo com a proposta, são aquelas transformadas em vigas, pranchões, tábuas, lâminas ou outras formas de comercialização. Segundo Bolsonaro, essa proibição temporária seria um primeiro passo para que o País adote uma política eficiente de fiscalização de extração da madeira nativa. “A floresta amazônica é a última grande reserva de madeira tropical do planeta. As empresas que controlam o mercado internacional desse recurso já começaram a transferir suas operações para a região”, alertou. Esta proposta já foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Como tramitou de forma conclusiva, ela segue para análise do Senado. Em setembro de 2011, alguns preços do metro cúbico de madeira serrada na Zona da Mata Mineira tiveram alta, a saber: Angelim Margoso (R$1.890,00), Cumaru (R$2.430,00), Jatobá (R$2.430,00), Sucupira (R$2.250,00), altas de 3,2%, 5,9%, 5,9% e 16,3%, respectivamente. Já os preços do metro cúbico de madeira serrada do Eucalipto (R$1.100,00), Pinus (R$800,00) mantiveram-se estáveis (CIFlorestas).

 

Apesar de apresentar uma ligeira queda de atividades durante o mês de setembro, perspectivas de maiores investimentos, já vislumbrando uma melhor situação econômica mundial no futuro, e também iniciativas parlamentares para que se adicione valor às madeiras exportadas apontam para uma melhor perspectiva de médio e longo prazo para o segmento de madeira processada.

 

Segmento Moveleiro

 

Os empresários do setor moveleiro brasileiro, neste segundo semestre de 2011, continuam apreensivos em face das incertezas que persistem na economia global, principalmente em função da crise que ronda os países da zona do euro. As mudanças repentinas no cambio têm se refletido em instabilidades na produção, na exportação e na importação dos diversos produtos desse segmento.

 

Apesar das ameaças da crise internacional, o setor moveleiro apresentou indicadores positivos no mês de agosto, acompanhando o quadro geral da indústria de transformação brasileira que registrou dois meses seguidos de aumento da atividade industrial. O setor apresentou crescimento de 12,0% em relação ao mesmo mês do ano de 2010, valor acima da média da indústria nacional, de 6,7%. O quadro de agosto não é de forte expansão, mas a continuidade de taxas de crescimento das variáveis pesquisadas contrasta com a estagnação observada na primeira metade do ano. Em setembro e outubro, esses resultados devem ser menos favoráveis em decorrência de mudanças macroeconômicas internas e externas.

 

As exportações do setor de janeiro a setembro de 2011, embora crescentes, apresentam-se em queda em todos os meses no comparativo com os mesmos meses de 2010, exceto em agosto, quando houve uma ligeira recuperação.

 

No acumulado do ano de 2011, o Brasil exportou, aproximadamente, US$ 337 milhões

em móveis, um resultado 12% inferior ao obtido no mesmo período em 2010.

 

Praticamente inexpressivas no passado recente, as importações de móveis apresentam-se crescentes neste ano de 2011 (Tabela 2). No comparativo com 2010, de janeiro a agosto de 2011, essas são 97% maiores do que aquelas no mesmo período. Tal quadro vinha revelando perda de competitividade da indústria moveleira nacional frente a uma moeda nacional valorizada. No entanto, em setembro, percebese que houve queda expressiva dessas importações, reflexo talvez da repentina e forte desvalorização do real frente ao dólar em decorrência do agravamento da crise financeira nos EUA e Europa.

 

 

Acredita-se que as medidas de incentivo dadas pelo governo federal, visando desonerar o setor de móveis, os investimentos em promoção e inovação, a redução das taxas de juros, as mudanças no cambio, além do aquecimento natural da demanda

interna no segundo semestre, devam, em conjunto, resultar em um cenário mais otimista para o setor no médio e longo prazo.

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