Presidente da Fiep, ministro Moreira Franco e presidente do Banco Central participaram nesta quarta-feira de encontro sobre justiça fiscal em Brasília
O presidente da Federação das Indústrias do Paraná e membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), Rodrigo da Rocha Loures, defendeu, nesta quarta-feira (10), em Brasília, a ideia de qualidade na política fiscal como questão central para o desenvolvimento do Brasil e de toda economia mundial.
Falando durante mesa redonda no Seminário Internacional sobre Justiça Fiscal, promovido pelo CDES, Rocha Loures uniu-se às vozes que diagnosticaram como gravíssima a atual crise econômica e financeira.
“Os Estados Unidos, a economia mais poderosa do mundo, está em crise. O fato é significativo e precisamos partir da premissa de que os americanos vão primeiro querer resolver o problema deles, isto é, buscar seu equilíbrio econômico e financeiro. Enquanto isso, o mundo vai ter que esperar. Por isso, países como o Brasil precisam encontrar soluções que passam por imprimir qualidade em sua política tributária e fiscal. Esse é o caminho da equidade e da justiça fiscal”, defendeu.
O presidente da Fiep e conselheiro do CDES participou de debate ao lado do ministro da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) e secretário executivo do CDES, Wellington Moreira Franco; do presidente do Banco Central Alexandre Tombini, e do também conselheiro do CDES, José Antônio Moroni.
Em sua análise da conjuntura mundial e da crise americana, Rocha Loures, anteviu o agravamento da dependência deletéria entre a indústria financeira e os estados nacionais. A saída, segundo apontou, passa pela adoção de mecanismos fiscais embasados no conceito da equidade.
“Temos que alcançar qualidade fiscal no Brasil. Se não vai ser um salve-se quem puder. É evidente que temos deficiências sistêmicas. Não dispomos de planos de longo prazo e nem governança apropriada da política econômica; nossa questão fiscal está cheia de problemas. Não resolvemos a questão entre as diversas esferas da união e temos o endividamento contínuo dos estados. A questão da qualidade fiscal é central para todos os brasileiros”, argumentou.
Sentimento parecido foi compartilhado pelos demais membros da mesa. O ministro Moreira Franco, mesmo dizendo que não acredita em reforma tributária no Brasil, defendeu a consolidação de um sistema mais justo e transparente no país.
“Aqui o pobre paga muito mais do que o rico, uma vez que a estrutura da receita e seus mecanismos indiretos são de uma injustiça intolerável. Todos pagam igual sem saber o que estão pagando”, analisou.
Para o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o controle da inflação e a política monetária adotados no Brasil estão por trás de uma posição mais firme do país diante do cenário mundial. Em sua opinião, o corte nos gastos públicos de R$ 50 milhões e a fixação de uma meta fiscal contribuem para o controle da inflação no país.
Segundo o conselheiro José Antônio Moroni, a contribuição do CDES para questão reside no fato de que desde 2003, o conselho vem trabalhando na construção de estrutura tributária simples, justa, racional, progressiva, que contenha impostos de qualidade, e que seja estimuladora da produção e do emprego. “São requisitos indissociáveis da agenda de desenvolvimento com justiça social no Brasil”.
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