mediante os riscos de agravamento de estresses abiótico e biótico.
Essa introdução
sintetiza os principais desafios e diretrizes a serem seguidos pela silvicultura brasileira, segundo o chefe do Departamento
de Ciências Florestais da Esalq/USP, José Leonardo de Moraes Gonçalves, um dos coordenadores do II Encontro
Brasileiro de Silvicultura, iniciado hoje em Campinas, dentro da programação da II Semana Florestal Brasileira.
Na abertura dos painéis do dia, Gonçalves destacou, como primordial no programa de melhoramento, a prática
de uma silvicultura de prevenção, que impõe a seleção de genótipos adaptados, mesclando-se
clonais e geminais, bem como a conservação e restauração dos ecossistemas naturais. “O Brasil
precisa melhorar o manejo integrado, pouco disseminado no país”, analisou.
Madeira é energia
Dentro
do painel sobre Perspectivas dos Setores de Produção Florestal do seminário, a utilização
de mais de 50% da madeira extraída no mundo como fonte energética foi um dos temas abordados na palestra proferida
pelo professor José Otávio Brito, da Esalq/USP. “De duas a três bilhões de pessoas no mundo
têm a madeira como sua principal ou única fonte de energia domiciliar”, mencionou na apresentação.
O Brasil ocupa a terceira posição nesse ranking, atrás apenas de Índia e China. No país,
a madeira é a quarta fonte energética, depois do petróleo, cana de açúcar e hídrica.
E há, na avaliação do professor, “potencial incrível” para aumentar sua utilização,
como fonte natural renovável. “Apesar disso, a madeira é a única que nunca teve, por parte do governo,
um plano estratégico de utilização. Nunca houve apoio formal”, apontou Brito.
Em 2009,
62% do consumo de madeira no Brasil foi destinado à produção de energia, a maior parte como carvão
vegetal, cuja produção mundial é liderada pelo país. “A vocação da aplicação
do carvão é a siderurgia. Tanto assim, que seu valor está atrelado ao do ferro-gusa”, comentou
Brito, referindo-se ao que o setor convencionou chamar de “aço verde”.
O professor da Esalq também
falou sobre um “desafio a ser superado” pelo setor: ampliar a utilização de madeira proveniente
da silvicultura, que responde por 51% do total – 49% ainda vem do extrativismo.
Há, de acordo com Brito,
forte sinalização do Governo Federal no sentido de reduzir o desmatamento no setor siderúrgico de carvão
vegetal, bem como das emissões de gases resultantes da carbonização. “Esse é outro desafio
forte, pois 60% estão nas mãos dos pequenos produtores, que usam o chamado forno de ‘rabo quente’”,
observou.
Envie para um amigo