A importância da educação para o aumento da produtividade
Especificamente quanto ao uso da força de trabalho, é fundamental para a produtividade um trabalhador habilitado e com capacitação o mais eficaz possível. Ou seja, a educação só faz diferença na produtividade e nos ganhos pessoais quando é de boa qualidade. A seguir, é apresentado um texto de Pastore (2013-2014), que faz uma reflexão sobre o tema:
Isso explica, em grande parte, por
que bons profissionais de nível médio ganham mais do que diplomados em faculdades de má qualidade. Educação
de baixa qualidade não traz benefícios. Os trabalhadores não ganham, não produzem, não
inovam e não geram lucros. As empresas não evoluem, não lucram e não crescem. Na outra ponta,
profissionais bem preparados colaboram com a empresa no processo de inovar, no bom uso dos insumos e na redução
dos desperdícios. Isso é essencial para a produtividade e para a competitividade e, em última análise,
para o crescimento do país (PASTORE, 2013-2014, p. 72).
A escassez de pessoal qualificado faz disparar o custo
do trabalho. Aumentar salário é bom para o trabalhador e para a economia, mas isso precisa ser acompanhado pela
elevação proporcional da produtividade. Não é o caso do Brasil. Quando se comparam os salários
brasileiros com os dos nossos concorrentes, a situação é preocupante. O salário médio industrial
de países do Leste Europeu é inferior ao do Brasil (todos com encargos sociais). Na Estônia é de
US$9,47 por hora, enquanto o do Brasil é cerca de US$10,00. Na Hungria é de US$8,40; em Taiwan, US$8,36; na
Polônia, US$8,01; no México, US$6,23; nas Filipinas, US$1,90; e na China, US$1,36 (PASTORE, 2013-2014, p. 74).
Comparações internacionais indicam que, no momento atual, o Brasil é um dos países que mais
sofre com a questão da falta de mão de obra e da baixa produtividade do trabalho. O mais importante é
notar que a qualidade da educação e o nível de produtividade da força de trabalho dos países
indicados são substancialmente mais altos do que os do Brasil. Ou seja, o custo unitário do trabalho é
bem mais baixo do que o referido pelos números acima (PASTORE, 2013-2014 apud BLS, 2001, p. 74).
Salários em ascensão e produtividade estagnada pressionam
o custo unitário para cima. No caso do Brasil, esse efeito foi de impacto gigantesco. Quando medido em dólares,
o custo unitário de 2012 foi 158% maior do que o registrado em 2002. Trata-se de um aumento colossal e desconhecido
nos países emergentes e mesmo nos mais avançados. Nestes, para o mesmo período, o custo unitário
do trabalho subiu no máximo 15% (PASTORE, 2013-2014, p. 74).
Dados recentes mostram que a participação dos ganhos de produtividade no aumento do PIB do Brasil
é de apenas 25%. O restante decorre do aumento do emprego e da renda e do poder de compra da população.
Na Coreia do Sul, 75% do crescimento do PIB decorre dos ganhos de produtividade, sustentados, em grande parte, pela boa qualidade
da educação e da força de trabalho (PASTORE, 2013-2014, p. 74).
As mudanças tecnológicas ocorrem em velocidade meteórica, o que requer
uma boa capacidade de compreensão e de ajuste por parte dos trabalhadores. As máquinas e os equipamentos estão
se tornando semelhantes e acessíveis à maioria dos países. O que fará a diferença daqui
para frente é a capacidade de utilizar tais máquinas e equipamentos com eficiência – o que requer
um bom preparo profissional e, sobretudo, uma boa capacidade de pensar. No campo educacional, a formação profissional
é estratégica. Mais importante, porém, é a educação de boa qualidade para o domínio
da linguagem e da aritmética. É por meio delas que as pessoas raciocinam, pensam e agem. As defasagens no campo
educacional no Brasil são enormes – e em todos os níveis. Elevar a qualidade do ensino é crucial
para a melhoria da produtividade do trabalho e, consequentemente, para o crescimento econômico. Nunca ficou tão
claro o papel da educação para o progresso das nações (PASTORE, 2013-2014, p. 75).
Referências
BLS – BUREAU OF LABOR. International Comparisons of Hourly Compensation Costs in Manufacturing, 2011. Washington, Bureau of Labor Statistics/U.S. Department of Labor, 2011.
PASTORE, J. Educação, Trabalho e Desenvolvimento. Revista USP, São Paulo, n. 100, p. 67-76, dez.-jan.-fev./2013-2014.