As políticas de desenvolvimento industrial no Brasil, e não diferente no Paraná, vivem diante de desafios por conta de muitas dificuldades estruturais que se repetem por décadas e perpassam inúmeras gestões, impactando a consolidação de projetos para o desenvolvimento econômico do país. Os problemas são complexos e interligados, portanto, é necessário identificar as raízes para possíveis soluções. Há vários exemplos bem-sucedidos de políticas de desenvolvimento industrial implementados por outros países que podem inspirar a atuação dos governantes em projetos de longo prazo.
Um dos desafios para a indústria está na precariedade da educação que pode refletir em toda a cadeia produtiva, com a falta de profissionais qualificados, com falhas de engenharia de produção e com dificuldades em estruturar e manter uma área de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Frente a isso, é possível tomar como exemplo alguns países que se destacam ao apresentar um sistema educacional com excelência, como a Coreia do Sul, que a pouco mais de meio século era um dos países mais pobres do mundo e graças ao investimento em educação atingiu PIB per capita próximo de países desenvolvidos (FMI, 2015). Segundo o ranking do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), a Coreia do Sul ocupa o terceiro lugar em uma lista de 76 países, enquanto o Brasil está na 60ª posição (OCDE, 2015). Alguns dos destaques apontados na pesquisa é a carga horária de estudo dos sul-coreanos (por volta de dez horas), a valorização dos professores e o acesso de todas as escolas à internet banda larga.
Em relação à gestão pública, há muitos desafios a serem enfrentados, como a dificuldade ocasionada pela ingerência político-partidária, citando como exemplo o fato de a cada gestão governamental que se inicia nomear não os melhores gestores como secretários, e sim os indicados por partidos políticos que, em alguns casos, conhecem pouco das áreas que vão assumir. Adicionalmente, as trocas de governos ocasionam a descontinuidade de projetos, e isso resulta no desperdício da verba pública. Nesse sentido, muitos programas, desde a esfera municipal até a federal, acabam sendo abandonados pela nova gestão.
Uma resposta ao desafio de analisar estratégias de gestão pública de outros governos, destaca-se o sólido plano estratégico da China. De acordo com o Ipea (2015), nos planos governamentais chineses, desde 1978, o foco está no desenvolvimento tecnológico e na promoção do conhecimento, visando manter a competitividade por meio da inovação. Mesmo com as incongruências e desafios particulares da nação, há um constante revisitar desses planos e ajustes a fim de que se possa alcançar o objetivo proposto – o de um crescimento econômico sólido.
Outro fator de aspecto positivo, que poderia somar à gestão pública e à sociedade, seria a maior participação das entidades empresariais na definição das políticas públicas, principalmente as correlacionadas às políticas industriais. Compreendendo que política industrial permeia ações coordenadas que envolvem setores público e privado com a finalidade de impulsionar o desenvolvimento econômico, faz-se prioritária a presença do empresariado, engajando-se na elaboração de políticas de planejamento estratégico de longo prazo, bem como da sua execução, independentemente do posicionamento ideológico e partidário dos envolvidos.
Os desafios são grandes, porém o país dispõe de diferenciais competitivos inquestionáveis, por exemplo: tamanho do mercado e potencial de consumo, liderança na América do Sul, recursos naturais, clima e pirâmide etária que ainda dispõe de uma base larga.