Taxa de juros reais no Brasil
A atual condução da política
monetária por parte das autoridades do Bacen tem sinalizado uma possível trajetória de queda da taxa
de juros real no Brasil ainda este ano. De acordo com a tabela, a queda projetada dos juros reais está atrelada ao
movimento de duas variáveis macroeconômicas: a taxa de inflação e a taxa nominal de juros (Selic).
Tabela 1 – Evolução da inflação, selic e juros reais
Ano |
IPCA |
Selic |
Juros reais |
2013 |
5,91 |
10,00 |
3,9 |
2014 |
6,41 |
11,75 |
5,0 |
2015 |
10,67 |
14,25 |
3,2 |
2016 |
6,29 |
13,75 |
7,0 |
2017* |
4,11 |
8,80 |
4,5 |
2018* |
4,38 |
8,64 |
4,1 |
Fonte: BACEN; BRADESCO.
* Projeção.
As recentes projeções
do mercado financeiro estão indicando não apenas para uma estabilização da taxa de inflação
em 2017 e 2018, mas principalmente para uma queda abaixo do centro da meta de inflação estabelecida pelo Conselho
de Política Monetária (Copom). Hoje a meta estabelecida é de 4,5% com variação de 1,5%
acima e abaixo da meta.
As quedas
projetadas podem ser atribuídas à permanência das altas taxas de desemprego no país, bem como à
diminuição do poder de compra da renda das famílias. Famílias com menos renda consomem menos e
gastam menos, provocando uma diminuição na demanda por bens e serviços da economia. Como ilustração,
a participação dos gastos das famílias em relação ao PIB caiu 4,2% no ano de 2016. Outros
fatores com forte influência sobre a inflação, como a taxa de câmbio e safra agrícola, tem
mostrado tendência de não pressionar na elevação dos níveis de preços esse ano. A
primeira pela tendência de valorização da moeda brasileira e a segunda pela expectativa de uma superprodução
e aumento da produtividade agrícola.
O que a conjuntura econômica apresenta é que não há no momento indicadores de pressão
de demanda, principalmente pela via do consumo das famílias, para aumentos generalizados dos níveis de preços.
Como não há pressão de demanda, tem-se o espaço necessário para uma trajetória mais
contundente de queda da taxa Selic. Conforme tabela, as projeções do mercado financeiro estão apontando
para uma forte redução, superior a 36,0%, encerrando este e o próximo ano abaixo de dois dígitos.
De acordo com a tabela, caso as projeções
do mercado se confirmem, ainda este ano teremos uma diminuição da taxa de juros real no Brasil. Em um momento
em que o país ainda suscita recuperar a confiança da classe empresarial para estimular o crescimento das atividades
produtivas e, consequentemente, da economia, esta trajetória – uma vez efetivada, pode ser um forte estímulo
à atividade industrial. Ao reduzir os custos dos empréstimos – tanto para investimento quanto para consumo
– o país cria os mecanismos macroeconômicos básicos de incentivo ao crescimento da atividade produtiva.
Como resultado espera-se mais produção, emprego e consumo.