Telecomunicações

Conselho conhece projeto para ampliar conectividade na cadeia de alimentos

Solução da Nokia foi apresentada na última reunião do grupo, que debateu ainda o roubo de cabos

01/08/2022

Maneiras como a ampliação da conectividade no campo pode ajudar a reduzir o desperdício de alimentos no mundo foram debatidas pelo Conselho Temático de Telecomunicações da Fiep, durante reunião realizada na semana passada. Durante o encontro, o engenheiro de conectividade Wilson Cardoso, diretor de tecnologia da Nokia para a América Latina e o Brasil, apresentou um projeto desenvolvido globalmente pela empresa e parceiros com o objetivo de tornar toda a cadeia de produção de alimentos mais inteligente.

Segundo Cardoso, um dos maiores problemas na cadeia alimentícia é o desperdício, que começa no campo, atravessa a cadeia de logística, entra na indústria alimentícia e chega às casas dos consumidores finais. “Hoje, se somássemos todos esses desperdícios e transformássemos em valor econômico, representaria a terceira maior economia do mundo, atrás só de EUA e China. E todo esse desperdício global seria suficiente para alimentar não somente a população que hoje não consegue ter uma alimentação adequada a nível de caloria, mas para todo o crescimento populacional até 2050”, disse.

Justamente para tentar tornar toda essa cadeia mais conectada, encontrando formas para reduzir as perdas, é que a Nokia se juntou a especialistas em agricultura para buscar soluções. “O que estamos falando é de como a gente pode tornar essa cadeia de suprimentos, da fazenda até as mesas, mais inteligente”, explicou.

Uma das soluções em desenvolvimento é a criação de um dashboard que pretende conectar produtores e consumidores – incluindo indústrias, distribuidores e atacadistas que adquirem alimentos – para que se possa equilibrar a oferta e a demanda dos produtos. “Para isso, criamos um conceito de ‘números mágicos’, que funcionam para indicar aos produtores as necessidades futuras de produção, distribuição e consumo ao redor do mundo. Com isso a gente imagina que vai conseguir reduzir esse desperdício mundial”, afirmou o engenheiro. Segundo ele, esse dashbord, que será disponibilizado gratuitamente, deve ser lançado em junho no Brasil, um dos primeiros países a receber a novidade.

Além disso, o projeto aborda a necessidade de ampliar a conectividade no campo para uma maior disseminação de tecnologias que também podem aumentar a produtividade e assertividade da produção agrícola. “Vemos a agricultura sendo cada vez mais conectada, mas temos um grande problema de conectividade ainda. Mesmo no estado do Paraná, 23% da agricultura intensiva, sem falar em agricultura familiar, não está coberta ainda com nenhuma tecnologia celular ou de banda larga. O que equivale a dizer que nenhuma agricultura de precisão ou que pode ser considerada como base para a Agricultura 4.0, com mecanização intensiva da agricultura, pode ser levada”, afirmou.

O coordenador do Conselho Temático de Telecomunicações, Pedro Américo de Abreu Junior, destacou que a ampliação da conectividade rural é justamente uma das prioridades do grupo. “Um dos objetivos deste Conselho é levar internet para o campo, e isso também tem sido prioridade para o governo do Estado”, disse, referindo-se à participação do Conselho no programa estadual Descomplica Telecom. “Com o tempo, devemos conseguir melhorar esse índice de conectividade para propriedades rurais no Paraná”, acrescentou.

Roubo de cabos

Outra frente em que o Conselho atua ativamente é na busca por soluções para um grave problema que afeta todas as operadoras de telefonia e internet: o roubo de cabos e outros equipamentos. Na mesma reunião, Daniela Martins, gerente de Relações Institucionais e Governamentais e de Comunicação da Conexis Brasil Digital, associação nacional que representa as empresas do setor, apresentou dados sobre roubos e furtos de cabos no país.

Em 2021, o Paraná teve 608 mil metros de cabos roubados, um crescimento de 68% em relação a 2020. Com isso, estado ultrapassou o Rio de Janeiro e chegou à segunda posição entre os estados que mais registram esse tipo de crime, atrás apenas de São Paulo. “Esses dados trazem um alerta sobre a importância de o Estado tomar a dianteira no combate aos crimes relacionados aos furtos e roubos de cabos”, disse Daniela.