Presidente da Compagas apresenta planos da empresa no Conselho de Energia
Rafael Lamastra Jr. falou dos investimentos previstos para ampliar distribuição de gás natural no Paraná
15/03/2023
O Conselho Temático de Energia da Fiep recebeu, em 15 de março, o diretor-presidente da Compagas, Rafael Lamastra Jr. A empresa é a responsável pela distribuição de gás canalizado no estado, atendendo clientes dos segmentos residencial, comercial, industrial e veicular. Lamastra apresentou os principais projetos e investimentos programados pela companhia para os próximos anos.
Recentemente, o governo estadual antecipou a renovação da concessão do serviço de distribuição de gás à Compagas. O novo contrato começa a valer a partir de 6 de julho de 2024, com duração de 30 anos, até 2054. Segundo o diretor-presidente, a antecipação ocorreu para viabilizar os investimentos previstos para o primeiro ciclo da concessão, além de possibilitar a aprovação de uma nova tabela tarifária de margem.
Apesar de as indústrias consumidoras ainda buscarem articulações por tarifas mais competitivas, a renovação já trouxe um novo sistema regulatório. Foi adotado o modelo price cap, em substituição ao modelo atual, que é do tipo cost plus. Entre outros mecanismos, a remuneração passa a ter como base o custo médio ponderado de capital e os reajustes tarifários terão como base o IPCA, e não mais o IGPD-I. Além disso, há a previsão de revisões tarifárias a cada 5 anos, com a primeira estimada para julho de 2024.
A prorrogação do contrato foi consolidada com a antecipação do pagamento pela companhia de uma outorga ao governo, no valor de R$ 508 milhões.
Investimento
O investimento total previsto pela Compagas para os próximos 30 anos é de R$ 2,529
bilhões, que serão aplicados principalmente no plano de interiorização e expansão da rede
de distribuição para as dez mesorregiões do Paraná. “Esses investimentos estão divididos
em seis ciclos de 5 anos cada, sendo que o primeiro é pesadíssimo, porque vai atender uma parte importante da
interiorização, que é iniciar a ampliação para Londrina e Maringá”, disse
Lamastra. Somente na interligação dessas duas cidades serão construídos 130 quilômetros
de gasoduto.
Com a execução dos projetos, a Compagas estima um crescimento de 122% no tamanho de sua rede, com a construção de 1.053 quilômetros de novos gasodutos de distribuição, ampliando em 157% o número de municípios atendidos. Atualmente, a rede da companhia possui 860 quilômetros de dutos. Também prevê um aumento de 108% no número de usuários, com a entrada de mais de 60 mil novos clientes. Já o volume de gás distribuído deve quadruplicar, chegando a 42 bilhões de m³ se todos os investimentos forem consolidados.
Redes locais e chamada pública
O diretor-presidente explicou que a ampliação da área
de atendimento não se dará exclusivamente com o prolongamento da rede atual, que atende somente as regiões
de Curitiba e Ponta Grossa. Os investimentos preveem a instalação de redes locais, que abrangerão municípios
e regiões específicas que possuem demanda pelo combustível, e serão abastecidas de gás
por diferentes meios.
Um deles é com a aquisição da produção local de biometano, que a Compagas está incluindo em sua matriz de suprimento. Para isso, a empresa elaborará até julho de 2026 um Plano de Desenvolvimento para o Biometano em alinhamento ao novo contrato de concessão. Entre os supridores desse biometano podem estar usinas de açúcar e etanol, produtores de suínos, bovinos e aves, aterros sanitários, estações de tratamento de esgoto e centrais de abastecimento que produzem a molécula.
Como parte dessa estratégia, a Compagas encerrou em janeiro uma primeira chamada pública para aquisição de biometano. A companhia recebeu 22 propostas, de 12 supridores que participaram do processo. Juntos, esses projetos têm potencial total de produção de até 380 mil m³/dia. Atualmente, esse processo está em fase de análise e seleção das propostas, com o objetivo de encontrar as melhores condições de fornecimento e viabilizar a compra do biometano com os primeiros contratos para inserir esse combustível em seu portifólio de suprimento.
Transporte e mobilidade
Lamastra apresentou, ainda, projetos que a Compagas desenvolve para a área de
transportes. Um deles é o Corredor Azul, que visa o desenvolvimento de pontos de abastecimento de Gás Natural
Veicular (GNV) adequados e adaptados para veículos pesados nas principais rodovias e rotas de escoamento de cargas
do Paraná. A intenção é permitir trajetos com maior autonomia dos veículos com a energia
limpa.
Outro projeto é na área de mobilidade urbana. Atualmente, a companhia atua para viabilizar a utilização de ônibus a gás no Paraná. A primeira ação é em parceria com a Agência de Assuntos Metropolitanos do Paraná (AMEP), ligada ao governo do Estado, para teste de um veículo em uma das linhas da região metropolitana de Curitiba durante o mês de março. A expectativa é que, ainda em 2023, seja possível que ao menos 20 ônibus circulem pela capital paranaense e região abastecidos 100% a gás.
Alinhamento
O coordenador do Conselho Temático de Energia, Rui Londero Benetti, agradeceu o diretor-presidente
da Compagas pela participação na reunião e pela abertura de diálogo que sempre manteve com a Fiep
e sindicatos industriais. Em relação aos projetos apresentados por Lamastra, disse que muitos estão alinhados
com os assuntos tratados pelo Conselho. “Tem uma série de pontos que são totalmente convergentes com as
temáticas que abordamos aqui”, disse.
O coordenador lembrou que o foco do Conselho está nas seis diretrizes da Rota Estratégica de Energia, elaborada pelo Observatório Sistema Fiep. São elas: planejamento energético; geração de energia renovável (fotovoltaica, eólica e pequenas centrais hidrelétricas); geração de energia renovável (biogás, biomassa e hidrogênio verde); eficiência energética; mobilidade sustentável; e gás natural.