Mineral

Indústria debate ampliação no uso do calcário agrícola no Paraná

Quarto maior produtor de calcário no Brasil, Paraná tem déficit de 2 mi de toneladas na quantidade aplicada no campo

16/08/2022

No Dia Nacional do Calcário, representantes da indústria mineral do estado, empresários, cooperativas, universitários e profissionais do setor se reuniram no dia 24 de maio, no Campus da Indústria, em Curitiba, para debater ações que estimulem o uso do produto nas áreas agrícolas do Paraná. Segundo os especialistas, o solo brasileiro tem elevada taxa de acidez e em 70% do território nacional é necessário fazer a aplicação do calcário, recurso de menor custo para corrigir a acidez do solo e torná-lo mais produtivo e sustentável. 

Logo na abertura, o coordenador do Conselho Setorial Mineral da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Claudio Grochowicz, falou sobre o déficit atual no uso do calcário agrícola no Paraná, mesmo o estado sendo o quarto maior produtor do país. “Estima-se que tenham sido aplicadas cerca de seis milhões de toneladas de calcário por ano nas áreas de agrícolas do Paraná, enquanto a demanda necessária seria de oito milhões de toneladas, sem considerar áreas de pastagem do estado”, afirma o coordenador. Ele defendeu a ampliação e maior divulgação da técnica de calagem, que é uma das etapas do preparo do solo para o cultivo agrícola e que consiste na aplicação de calcário para neutralizar a acidez.

“Existe uma preocupação dos especialistas porque hoje ainda não se utiliza a dosagem correta de calcário nas lavouras paranaenses. Temos propriedades mais avançadas, mas em outro extremo há as que não têm acesso a essa tecnologia, o que resulta em perda de produtividade e de renda aos agricultores”, resume Grochowicz. “Poderíamos ter áreas mais férteis para agricultura no nosso estado. Acreditamos que há oportunidade de ampliação para o uso do calcário, uma demanda a ser conquistada e isso pode contribuir para melhorar ainda mais a produção agrícola do Paraná, que já é referência no Brasil”, concluiu.

Entre os defensores da calagem, também apresentaram seus pareceres os professores doutores Antonio Carlos Vargas Motta, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Anderson Lange, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), que abordaram, respectivamente, a questão da dosagem ideal de calcário no solo e a produtividade resultante do uso do produto. Na sequência, o professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Marcelo Augusto Batista, apresentou dados sobre eficiência das doses e da aplicação superficial de calcário. O evento foi encerrado com a apresentação do professor doutor Eduardo Favero Caires, da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), sobre calagem em sistema de plantio direto. “A calagem superficial é eficiente para dar sustentação à manutenção e correção do solo desde que observadas a dosagem e a frequência de aplicação que é feita”, reforçou Caires. “Está comprovado, por um estudo que fizemos durante 10 anos que a reação do calcário é lenta e que uma única aplicação não resolve a acidez do solo. Estabelecer dose e frequências corretas para correção da acidez pode trazer resultados muito bons ao longo dos anos”, concluiu.

O efeito do calcário traz benefícios para o campo ao mesmo tempo em que impulsiona a indústria extrativa do estado, gerando emprego e renda. De acordo com os industriais do setor, o uso do calcário na agricultura também potencializa os efeitos dos fertilizantes porque contribui no fornecimento de macronutrientes como cálcio e magnésio, neutralizando o efeito de sustâncias tóxicas para as plantas. Segundo os empresários, o uso do calcário por produtores rurais traz benefícios no curto, médio e longo prazo, principalmente aumentando a rentabilidade da plantação.

Números do segmento
O Paraná é o quarto maior produtor de calcário no Brasil. O estado abriga 9% das empresas do ramo no país e responde por 9% dos empregos gerados neste segmento industrial em todo o território nacional. No total, são 2.800 empregos diretos distribuídos em 160 empresas no Paraná. Os principais municípios produtores de calcário em território paranaense são Rio Branco do Sul, Colombo, Ponta Grossa, Campo Largo e Almirante Tamandaré, que juntos concentram 29% dos empregos. Somente Rio Branco do Sul responde por 270 postos de trabalho ou 10% de todos os empregos da atividade no estado. A cidade também concentra a maior quantidade de empresas, 15 no total. Em seguida, vem Almirante Tamandaré e Colombo, que juntos somam 15 estabelecimentos no setor.