Madeira

Fiep alinha próximos passos para estruturação de setor de construções em madeira

Também foram apresentados resultados de missões internacionais que aprofundaram conhecimentos sobre o tema

13/07/2023

A Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) deu prosseguimento, nesta terça-feira (11), aos alinhamentos sobre o desenvolvimento de uma cadeia produtiva de construções sustentáveis em madeira no país. Em reunião com representantes de indústrias, associações empresariais ligadas aos setores madeireiro e da construção civil e de órgãos públicos, foram apresentados os resultados de missões internacionais promovidas neste ano para aprofundar os conhecimentos sobre o tema.

O encontro foi mais uma ação dentro do projeto de Vigilância Tecnológica da Fiep, que busca identificar oportunidades que podem ser aproveitadas pela indústria paranaense. No tema da chamada madeira engenheira, utilizada para construção de estruturas em madeira, a entidade já havia promovido, em março, uma reunião técnica e um workshop, que abriram a exposição Woodlife Sweden. Na ocasião, foram reunidos representantes de diversas entidades e empresas com o objetivo de traçar estratégias para expandir e consolidar esse mercado no Brasil.

“É um tema de extrema relevância, que eu nem diria ser de futuro, é do presente”, disse o presidente da Fiep, Carlos Valter Martins Pedro, na abertura do encontro, acrescentando que o objetivo da reunião também era definir os próximos passos para a organização dessa cadeia produtiva. Ele destacou, ainda, que na manhã desta terça o tema havia sido apresentado ao governador Carlos Massa Ratinho Junior, em reunião com representantes da entidade, com o objetivo de que o Executivo estadual inclua esse tema em suas estratégias de desenvolvimento para o Paraná.

Também presente na reunião, o secretário de Estado da Indústria, Comércio e Serviços do Paraná, Ricardo Barros, destacou que o governador mobilizará diferentes áreas da administração pública para se aprofundar no tema. “A intenção é entender sobre esse novo processo, como fizemos com o biogás, com todas as áreas de governo envolvidas para que o assunto possa prosperar no sentido de que as políticas públicas passem a incentivar o uso da madeira, como tem acontecido em outros países”, disse.

Participando do encontro por videoconferência, o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), Renato de Souza Correia, ressaltou que iniciativas como esta podem ajudar o país a enfrentar o déficit de moradias que ainda enfrenta. “A gente vive no Brasil um déficit habitacional gigantesco, resiliente. Em que pese termos feito no Minha Casa, Minha Vida 6 milhões de habitações nos últimos 14 anos, segue na casa de 7 milhões”, afirmou. “É uma missão desta entidade ajudar o Brasil a diminuir essa quantidade de pessoas sem uma habitação adequada, e a utilização de madeira engenheirada vem reforçar as ferramentas para a gente cumprir essa missão”, completou.

Missões internacionais
Nesta terça, entre outras ações relacionadas ao tema desenvolvidas desde março, foram apresentados os resultados de uma missão à região de Québec, no Canadá, para conhecer a experiência local em relação à madeira engenheirada. Liderada pela Fundação Araucária – agência de apoio ao desenvolvimento científico e tecnológico ligada ao governo do Paraná – e com participação de representantes do Sistema Fiep, a missão resultou na assinatura de um memorando de entendimento com o Fonds de Recherche du Québec-Nature et technologies (FRQNT). Além disso, foram visitadas universidades, construtoras e instituições de pesquisas, além de empresas e edificações feitas com madeira engenheirada.

Também foram apresentados detalhes sobre missões lideradas pela Fiep que levaram empresários paranaenses a países como Alemanha, Áustria e Suécia. Nesses locais, além de visitarem indústrias que atuam no segmento, os participantes também conheceram várias edificações construídas em madeira engenheirada, conhecendo diferentes aplicações dessa tecnologia.

A Fiep também esteve presente na Mass Timber Conference. Realizado em Portland, nos Estados Unidos, este é o principal evento sobre madeira engenheirada no mundo, apresentando novas tecnologias e tendências do segmento.

Próximos passos
Consultor do projeto de Vigilância Tecnológica da Fiep, Silvio Barros explicou que as missões realizadas trouxeram muitos aprendizados, principalmente mostrando a necessidade de estruturação de um ecossistema para construções em madeira no Brasil, assim como vem sendo feito nos países visitados. Um ecossistema que depende da participação de diferentes segmentos, como setor produtivo, poder público e academia, entre outros. Para ampliar a sensibilização de diferentes atores em relação ao tema, está sendo organizada uma nova missão à Áustria e à Suécia, prevista para outubro, que será integrada por representantes de diferentes órgãos públicos e instituições.

Além disso, para seguir esse processo de estruturação da cadeia produtiva, foram discutidos próximos passos a serem seguidos pelas entidades e empresas envolvidas na mobilização liderada pela Fiep. Essa organização parte de pontos levantados na reunião técnica realizada em março, quando foram apontados alguns itens críticos e principais medidas necessárias para o desenvolvimento desse segmento. Entre eles, questões de articulação com o poder público, financiamento, formação acadêmica, pesquisa, estratégias de comunicação, cultura de mercado e normatização. 

Norma técnica do woodframe
Nesse último item, o país já vem avançando. Na última sexta-feira (7), foi publicada uma norma técnica para construções em woodframe, outro sistema construtivo em madeira, que já tem sua utilização mais avançada no Brasil. A elaboração dessa norma teve início em outra mobilização lançada pela Fiep, há 14 anos, quando foi criada a Comissão da Casa Inteligente.

“Essa publicação é um marco que vira a chave para as construções sustentáveis, porque gera escala”, disse o superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Madeira Processada Mecanicamente (Abimci), Paulo Roberto Pupo. “Se pegarmos o sistema woodframe ou os sistemas de madeira engenheirada, estamos em um momento fundamental. E só se completa tudo isso com a união do setor produtivo, com investimentos e com regras para criar políticas públicas”, acrescentou.