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Publicado em 28/06/2012
Pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília-DF), uma das 47 unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, e da Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS são os responsáveis pelo maior estudo genético já realizado com ovinos no Brasil.
Foram avaliados genomas de 1.400 ovinos de 13 raças, incluindo localmente adaptadas (naturalizadas) e importadas, com o objetivo de detectar a suscetibilidade à scrapie, uma doença neurodegenerativa fatal que ataca o sistema nervoso de ruminantes, sendo mais comum em ovinos. O estudo deu origem a um artigo publicado esta semana na revista europeia Research in Veterinary Science e pode ser acessado neste link.
A scrapie pertence ao grupo de encefalopatias espongiformes transmissíveis (EET), assim como a doença que ficou mundialmente conhecida como "mal da vaca louca". Ambas atuam no sistema nervoso central dos animais e levam à morte.
O MAPA intensificou a adoção de medidas sanitárias para conter a disseminação da doença no rebanho nacional. Entre essas medidas, destacam-se a decisão de tornar a scrapie uma enfermidade de notificação obrigatória e a criação de um programa sanitário específico, adequado à realidade do país, que está em fase de elaboração.
Informações genéticas
podem subsidiar o desenvolvimento de políticas nacionais para prevenir surtos da doença no Brasil
O estudo
desenvolvido pelos cientistas da Embrapa e da UFRGS pode ser determinante para a elaboração desse programa, já que permite
mapear os diferentes níveis de suscetibilidade dos animais à scrapie ao longo das principais regiões do país.
Segundo os pesquisadores Samuel Paiva e Alexandre Caetano, que participaram do estudo, os ovinos podem ser classificados em altamente suscetíveis, suscetíveis ou resistentes ao desenvolvimento de doença, dependendo da combinação genética.
A proteína príon, cuja mutação, é responsável pela scrapie, é codificada por um gene chamado de PRNP e as mutações específicas desse gene estão fortemente associadas à resistência e susceptibilidade dos ovinos. A análise dos genes realizada pela Embrapa e pela UFRGS mostrou que o grau de suscetibilidade dos animais está relacionado à combinação genética dos códons 136, 154 e 171 do gene PRNP.
Além de eficiente, o método de genotipagem utilizado foi adaptado pelos pesquisadores para ser mais rápido e econômico que os convencionais. "Nós adaptamos um método rápido e robusto capaz de reduzir os custos de genotipagem em até 70%, pela redução na concentração de reagentes nas três etapas principais do ensaio (purificação ampliação, extensão de base e de limpeza final)", explica o pesquisador Alexandre Caetano.
Segundo Paiva, a eficiência e a economia possibilitadas pelo método facilitam a sua incorporação aos programas de conservação e melhoramento genético de ovinos no Brasil. "Nossos resultados fornecem informações sobre suscetibilidade de 13 raças ovinas à scrapie em diferentes regiões produtoras no Brasil e pode subsidiar o desenvolvimento de políticas nacionais para prevenir surtos da doença", ressalta.
Ele explica que menos de 4% dos animais analisados eram portadores dos genótipos para alta suscetibilidade à doença e pertenciam a cinco das 13 raças analisadas, incluindo três naturalizadas no Brasil, Morada Nova, Santa Inês e Rabo Largo, e duas recém-importadas: Dorper (África do Sul) e Damara (Austrália, África do Sul e outros países africanos). Por isso, além de ter que investir em políticas públicas para conter a disseminação da doença dentro do país, o Brasil precisa também fortalecer o controle/ monitoramento na importação de material genético.
Por outro lado, o estudo apontou também que, pelo menos, 40% dos animais analisados possuem genótipos de resistência à doença representando todas as raças analisadas. Isso reforça duas conclusões: a primeira é que o rebanho nacional pode responder rapidamente a um programa de seleção, caso seja necessário, e a outra indica que algumas raças localmente adaptadas podem ser usadas em programas de melhoramento genético para cruzamento com outras raças que apresentem níveis mais altos de suscetibilidade.
"Ou seja, se o nosso estudo pode apoiar uma política nacional para a prevenção de scrapie, pode também servir como base para a elaboração de políticas de apoio à exportação de carne de rebanhos de ovinos brasileiros", finalizam os pesquisadores.
Informações de Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia.
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