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Desde 1995, um micro-organismo que infecta e destrói árvores tem afetado carvalhos nos Estados da Califórnia e do Oregon, nos EUA. Até agora, 1.550 km² de floresta foram atingidos pelo Phytophthora ramorum, o equivalente a um milhão de plantas.
EPIDEMIA: ÁRVORES LILAZES E CINZAS JÁ ESTÃO TOMADAS PELA PRAGA
A epidemia preocupa biólogos e ecologistas. Um estudo publicado em abril de 2016 identificou que a contaminação já chegou a sua terceira fase, isso é, já é muito difícil erradicá-la ou diminuir a velocidade com que a doença se espalha.
O Phytophthora ramorum, um organismo unicelular com morfologia semelhante à de um fungo, se espalha usando como veículos o vento e a chuva. A doença pode afetar todo tipo de planta, mas tem preferência especial por diferentes tipos de carvalho. Uma vez infectada, a árvore doente exibe ‘feridas’ que eliminam a seiva. No ciclo completo, a doença faz a árvore secar completamente e morrer.
Quando uma área é atingida pela praga, o ecossistema inteiro sofre abalos, alguns irreparáveis. Um carvalho grande, por exemplo, é capaz de transpirar 150 mil litros de água por ano, um volume que, em grande escala, pode contribuir para a diminuição da temperatura em alguns graus.
As árvores também servem de abrigo e alimento para espécies animais. O ciclo de vida e os produtos dessas plantas são responsáveis por diversas partes preciosas da engrenagem do ambiente.
Por isso, pesquisadores de universidades americanas como Cambdrige e UCLA (Universidade da Califórnia) resolveram se debruçar sobre o estado da epidemia e se há alguma maneira de fazê-la retroceder. A conclusão é de que não dá mais tempo.
A janela de oportunidade para políticas governamentais que fossem capazes de erradicar a praga esteve aberta por volta do ano 2002, de acordo com a conclusão do estudo. Naquela época, não houve ações rápidas o suficiente ou com investimento o suficiente, conclui o documento.
Mesmo assim, qualquer esforço para combater a praga à época deveria ter empregado “custos e cooperação sem precedentes”, de acordo com um dos autores do estudo, o biólogo Richard Cobb.
Segundo as projeções dos pesquisadores, em 2030, o Phytophthora ramorum terá crescido dez vezes - serão 14 mil km² afetados. Os cientistas encaram o fato de que, neste momento, resta analisar as melhores maneiras de lidar com as consequências desse desmatamento em massa.
Trata-se de um micro-organismo parecido com o que causou a grande fome da Irlanda no século 19. O Phytophthora infestans, do mesmo gênero, contaminou em larga escala as lavouras de batata na Europa. Com a produção afetada de maneira drástica, a fome atingiu a população e causou mais de um milhão de mortes e emigração em massa.
Algumas das técnicas usadas para conter epidemias de gêneros diferentes de Phytophthora em plantações são aditivos químicos que combatem o micro-organismo e o uso de transgênicos resistentes aos efeitos da praga. Todos os anos, doenças do mesmo tipo causam mais de 6 bilhões de dólares de prejuízo para a agricultura.
Além da perda de áreas de mata, o risco imediato tem a ver com incêndios nas áreas contaminadas. A Califórnia sofre com as queimadas quase todos os anos - o clima seco, quente e os ventos contribuem para que os incêndios se espalhem. Com mais árvores secas, o fogo se espalha mais rápido.
É preciso também levar em conta o impacto para as outras espécies vegetais e animais. Além disso, até as metas de emissão de carbono da Califórnia podem ser afetadas.
Com a morte das árvores, a metabolização de gás carbônico e a subsequente transformação em oxigênio, processo conduzido pelas plantas, é afetado.
O resultado local pode ser um ecossistema desequilibrado, com possibilidade de extinção ou crescimento descontrolado de algumas espécies, mais poluição, mudança de clima e até aumento na temperatura.
Fonte: NEXO
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