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Pesquisa desenvolve banana mais resistente à sigatoka-negra

Publicado em 17/04/2017

Uma nova cultivar de banana é a mais recente aposta da Embrapa Mandioca e Fruticultura (BA) para alavancar o crescimento da cultura no Pará, o maior produtor da Região Norte e o quinto maior do país. Desenvolvida em parceria com a Embrapa Amazônia Oriental, a BRS Pacoua é moderadamente resistente à Sigatoka-negra, principal doença que atinge a cultura, e se destaca por apresentar ciclo de produção em menor tempo e maior número de frutos por cachos quando comparada à Pacovan, a cultivar mais utilizada e aceita no Norte do Brasil e altamente suscetível a referida doença, fato que tem inviabilizado o seu cultivo em algumas áreas do Norte brasileiro.

 O nome da cultivar homenageia o frei Cristóvão de Lisboa que, no século 17, na obra História dos animais e árvores do Maranhão, se referiu ao fruto da banana como pacoua e à planta como pacoueira. Esse nome, provavelmente, seria uma corruptela de Pacova, que era como os índios chamavam a banana.

Potencial e produtividade

Segundo a Embrapa, devido à moderada resistência à Sigatoka-negra, a BRS Pacoua tem potencial para minimizar os danos à cultura e permitir que o produtor cultive a fruteira e consiga elevar a produtividade, trazendo maior rentabilidade à sua propriedade e melhor qualidade de vida. Sua produtividade é superior à da Pacovan que, devido à suscetibilidade às principais doenças, raramente atinge 15 toneladas por hectare no Estado do Pará.

“Ela é bem mais precoce do que a Pacovan em termos de produtividade. Com a Pacovan, colhe-se o primeiro cacho em torno de dez a 12 meses, e com a nova cultivar se consegue acelerar a colheita em torno de dois a três meses. Mas é claro que isso depende muito do manejo que o produtor faz. Quando o produtor é mais tecnificado, o ciclo tende a ser menor”, diz Edson Perito Amorim, pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura e líder do Programa de Melhoramento Genético de Banana e Plátanos da Embrapa.

De acordo com os dados colhidos nos experimentos montados no Pará, a BRS Pacoua tem potencial de produzir até três vezes mais que a Pacovan. “Temos dados de cachos pesando até 20 quilos no caso da BRS Pacoua enquanto da Pacovan chegava a algo em torno de seis, sete quilos. São quase três vezes mais, no mesmo ambiente”, afirma Amorim. Uma vantagem da BRS Pacoua diz respeito ao formato dos frutos são retos e uniformes, o que facilita a arrumação das pencas nas caixas e posteriormente a formação dos buquês nos pontos de vendas em supermercados, principalmente.

Sustentabilidade

A substituição de plantios de bananeiras suscetíveis à Sigatoka-negra por cultivares tolerantes ou resistentes é uma alternativa sustentável, incentivada pela Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca do Estado do Pará (Sedap). Além de ter potencial de mercado muito grande, já que é parecida com outras cultivares que têm mercado cativo no estado, a BRS Pacoua se adequa especialmente ao produtor familiar, já que vai prescindir do uso de defensivos agrícolas para o controle de doenças.

“Só o fato de não ter que pulverizar fungicida já é uma certa proteção para o produtor. Ela se adequa muito bem a essa questão do cultivo orgânico e também ao pequeno produtor, que pode ter uma redução de custos com as compras de insumos e também se adequar às exigências do mercado, que não permite a utilização de agrotóxicos”, diz o engenheiro-agrônomo Geraldo Tavares, da Sedap.

Segundo Antônio Jose Elias Amorim de Menezes, analista da Embrapa Amazônia Oriental, os testes da BRS Pacoua duraram dois anos. “Os experimentos foram realizados em três propriedades dos municípios de Capitão Poço, Santa Isabel e Santo Antônio do Tauá. O acompanhamento dos experimentos era realizado a cada dois meses, sempre com coleta de dados e avaliações”.

Produção

Raimundo Xavier, de Santo Antônio do Tauá (PA), é um dos produtores que aprovaram a novidade. “Foi a melhor variedade que consegui aqui na região. Já tinha plantado outras variedades, mas despencam. Produzi de cinco a seis ciclos dela e continuo ainda produzindo bem. Se tivesse chuvoso teria banana para 40 a 42 quilos no cacho, mas mesmo assim [com o tempo seco] está dando 25, 30 quilos. A produção é muito boa, tem mercado para ela, é bem viável. Estou muito satisfeito”, declara Xavier.

Para Raphael Siqueira, produtor de Belém (PA), a produtividade da BRS Pacoua é muito boa. “Tem palmas [pencas] de 25 até 30 bananas em alguns casos e os cachos chegam apesar entre 30 e 40 quilos, o que é uma produtividade excepcional. Nós estamos fornecendo, ainda uma quantidade ainda não muito grande, diretamente para os supermercados. A aceitação é muito boa, e o paladar lembra a banana Prata”, afirma.

Fonte: Farming

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