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Publicado em 08/06/2016
No Brasil, 91% da cevada plantada é de cultivares BRS, sigla que identifica materiais provenientes do programa de
melhoramento genético liderado pela Embrapa. Nas lavouras irrigadas paulistas, 100% das plantações são
formadas por cultivares nacionais. A produção nacional de 300 mil toneladas/ano de cevada atende apenas 43%
da necessidade da indústria brasileira para produção de malte. Para suprir a demanda da indústria
cervejeira nacional, ainda são importadas anualmente 400 mil toneladas de cevada para completar a produção
industrial de 1,3 milhão de toneladas de malte.
Impulsionados por mudanças de hábitos de consumo,
produtos derivados da cevada estão em alta no varejo. O Brasil já conta com 5.254 produtos de cervejarias registrados
no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), distribuídos em cerca de 80 tipos diferentes
de cerveja. Entre 8 de abril e 17 de maio deste ano, o número de cervejarias registradas no Mapa passou de 320 para
397. O crescimento se deve à abertura do mercado para novas tendências, principalmente as cervejas artesanais.
"A pesquisa precisa sempre estar atenta à evolução do mercado e das demandas para o produto que trabalha",
salienta o pesquisador Euclydes Minella, da Embrapa Trigo (RS).
Para atender tanto as necessidades dos produtores
quanto o padrão de qualidade da indústria, o programa de melhoramento genético de cevada cervejeira,
iniciado em 1977 pela Embrapa Trigo, atua fortemente por meio de parcerias. "A parceria informal até meados de 1990,
e formal desde então, proporciona a garantia de que só se destinam para a lavoura cultivares de fato competitivas
em rendimento e qualidade, satisfazendo o interesse de produtor e indústria", comenta Minella. Atualmente as maiores
áreas são cultivadas com as cultivares BRS Brau, BRS Elis e BRS Cauê.
Integração
com o mercado
O diferencial do programa de pesquisa da cevada é a integração entre
produtores, maltaria e indústria de bebidas por meio de programas de fomento, assistência técnica e compra
garantida do produto mediante contrato firmado entre empresas e produtores, seja individualmente ou representados por cooperativas
ou associações. "A principal vantagem deste sistema está na fixação de preço antes
do cultivo e na ‘liquidez' de mercado, dando ao produtor condições de planejar seus investimentos na produção",
destaca a pesquisadora Cláudia De Mori, da Embrapa Pecuária Sudeste (SP), que participou da análise econômica
do complexo agroindustrial da cevada. Outra importante vantagem é a liberação antecipada de área
para os cultivos de verão pela precocidade de seu ciclo e a deposição de palhada de excelente qualidade
para manejo de ervas daninhas e cobertura de solo.
A organização da cadeia, possibilitada pelo
trabalho integrado, favorece também o atendimento às mudanças nos hábitos de consumo de cerveja.
As novas tendências de consumo, como a busca por cervejas artesanais, e incremento do consumo em casa em substituição
a ida ao bar ou restaurante, têm expandido a oferta de produtos derivados de cevada nos supermercados. E para que o
consumidor saboreie uma cerveja de qualidade, os esforços começam ainda nas bancadas dos laboratórios
dos pesquisadores.
O apoio tecnológico à produção é suprido, principalmente,
pela Embrapa em convênio com as maltarias. "A Embrapa acompanha esse movimento procurando entender as demandas em termos
de qualidade do malte, e por consequência, da cevada", comenta Minella.
Dependência da cevada
importada
"O Brasil é grande consumidor e importador de malte [cereal germinado seco] e cevada
apenas para atender a indústria cervejeira, havendo, portanto, grandes oportunidades para o aumento da capacidade de
malteação e da produção de cevada", salienta Minella. Para o especialista, a competitividade proporcionada
pela genética desenvolvida pela Embrapa tem contribuído para a sustentabilidade da cadeia.
Cultivares
de cevada
"As cultivares BRS Itanema, BRS Korbel e BRS Quaranta deverão substituir com vantagens as atualmente em cultivo", comenta Minella.
A BRS Itanema já está sendo produzida comercialmente. As demais estão em fase de validação
da qualidade de malte ao nível de indústria e de multiplicação de sementes.
A ampliação
da área plantada com cultivares BRS contribuiu para o aumento de produtividade na cultura da cevada. Em 1985, por exemplo,
quando ainda não havia cultivos com genética Embrapa, a produtividade média foi de 1.671 kg/ha. Dez anos
depois, as cultivares BRS ocupavam 46% da área cultivada com cevada no Brasil e a produtividade média saltou
para 2.526 kg/ha. A perda de produtividade em 2015, 30% inferior à média dos últimos dez anos, se deve
a influências climáticas. "A safra de 2015 foi produzida sob o efeito climático do El Niño associado
ao excesso de chuvas na fase de maturação e colheita", explica Minella. Para 2016, a Conab prevê uma produtividade
nacional média de 3.300 kg/ha e as cultivares BRS devem superar 91% da área plantada.
Paixão nacional
A cerveja já foi apontada, por pesquisa do Ibope em 2013, como
a bebida preferida de 64% dos brasileiros para comemorar os bons momentos. Em volume de consumo total, o Brasil é o
terceiro maior mercado para cerveja no mundo. Enquanto China e EUA permanecem como os países com maior volume de vendas,
o Brasil registrou crescimento de 5% de 2013 para 2014, segundo levantamento da Kirin Beer University. Quando analisado o
consumo per capita de cerveja, o Brasil registra 68,3 litros por ano, o que posiciona o País em 26º no ranking
global. O faturamento anual do setor cervejeiro nacional é estimado em R$70 bilhões pela Associação
Brasileira da Indústria da Cerveja (CervBrasil).
Gustavo Porpino (MTb 648/RN)
Secretaria de Comunicação Embrapa
Joseani Antunes (MTb 9693/RS)
Embrapa Trigo
trigo.imprensa@embrapa.br
Telefone: (54) 3316-5860
Serviço de Atendimento ao Cidadão (SAC)
www.embrapa.br/fale-conosco/sac/
Fonte: Embrapa
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