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Publicado em 03/06/2016
Um trabalho apresentado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) identificou genes-alvos para melhoramento da cana-energia, variedade com menor teor de sacarose (açúcar) e maior quantidade de fibra e de matéria orgânica (biomassa), ideal para a produção de etanol de segunda geração (2G) ou bioeletricidade.
O consultor de Emissões e Tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Alfred Szwarc, lembra que a pesquisa divulgada pela instituição paulista, cujos resultados foram publicados na edição de maio da revista Plant Molecular Biology, também poderá acelerar o desenvolvimento de novas espécies voltadas para a fabricação tradicional do açúcar e biocombustível de primeira geração (1G).
“A diversificação das variedades representa o futuro do setor sucroenergético. Neste sentido, o estudo da Fapesp é muito importante. Mapear rotas bioquímicas da planta poderá ajudar na concepção de diferentes tipos de cana, conforme o interesse do produtor. Seja para ele produzir etanol 1G e açúcar, 2G e energia elétrica ou até mesmo novos materiais”, afirma Szwarc.
Iniciado em 2008, o estudo publicado em forma de artigo – “Co-expression network analysis reveals transcription factors associated to cell wall biosynthesis in sugarcane” – na revista Plant Molecular Biology, teve a participação de inúmeros pesquisadores dos Institutos de Química (IQ) e de Biociências (IB) da Universidade de São Paulo (USP). Também colaboraram especialistas dos departamentos de Biologia Vegetal e de Fitotecnia da Universidade Federal de Viçosa (UFV), do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) do Bioetanol.
Os cientistas brasileiros conseguiram isolar 18 genes ligados à produção de compostos químicos na cana, como a lignina, por exemplo, responsável pela rigidez da planta e importante para a obtenção de bioeletricidade por possuir um alto poder calorífico. Em entrevista à Agência Fapesp, a coordenadora do projeto, Glaucia Mendes Souza, explicou que os genes identificados estão diretamente associados à regulação do metabolismo da parede celular da cana. O mais promissor deles denomina-se ScMYB52. “Agora já temos alvos para fazer análises mais aplicadas e verificar se, ao focar nesses genes, é possível alterar a composição de fibras e de sacarose”, afirmou.
Cana-energia
Apelidada de “supercana”, a variedade pode atingir até seis metros de altura (quatro a mais do que a convencional) e apresentar enorme ganho de produtividade em relação à planta tradicional, rendendo, no mínimo, duas vezes mais toneladas por ha, isso no primeiro corte. Melhoramentos genéticos realizados nos últimos sete anos por instituições de pesquisa do setor sucroenergético transformaram a cana-energia na sensação do momento entre as plantas sucroenergéticas destinada à fabricação de etanol celulósico e bioeletricidade.
Para se chegar à espécie, pesquisadores do Centro de Cana do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) e do Ridesa fizeram uma série de cruzamentos entre canas “selvagens” e tradicionais. A expectativa é que cana-energia chegue ao mercado nos próximos três anos, a depender também do desenvolvimento ou adaptação de equipamentos agrícolas e industriais para processá-la.
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