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Publicado em 25/11/2015
A produção de frutas é a terceira principal atividade do agronegócio do Espírito Santo. As lavouras espalhadas em mais de 85 mil hectares geram renda para mais de 250 mil pessoas. A produção é distribuída em 14 pólos de Norte a Sul do estado.
A produção de mamão capixaba se concentra principalmente na região Norte; também há significativa produção de banana nas regiões Serrana e Norte; o abacaxi é destaque nas regiões Sul e Norte; o maracujá na região Norte; o coco no Norte e no Noroeste; além dos pólos de produção de manga para indústria e de morango, na região Serrana.
O gerente da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicutura e Pesca, Aureliano Nogueira da Costa, conta que a fruticultura é importante para a economia do estado.
"A fruticultura tem suas especificidades, porque ela emprega mão de obra familiar, são pequenas áreas com alto valor agregado. Esse leque, essa grande diversificação dessas frutas, tem uma grande importância, porque normalmente considera-se uma média de três pessoas por hectare, então, isso já geraria de cara 150 mil empregos diretos. Tem um apelo social muito grande, além de ser usado como uma grande opção de diversificação", explica.
Mamão
O estado é o segundo maior produtor da fruta do Brasil. Ele produz cerca de 400
mil toneladas por ano, em uma área de mais de 6 mil hectares. A produtividade estadual de 63 toneladas por hectare
ao ano fica cerca de 30% acima da média nacional. Alguns produtores têm dificuldade em expandir e até
mesmo manter esse nível de produção devido ao alto custo.
O produtor Paulo Brunelli exporta toda a produção dos 110 mil pés de mamão papaia, espalhados por 60 hectares. São 80 mil quilos por semana.
"A área plantada já foi o dobro do que eu tenho hoje. Ela caiu devido ao custo muito alto. Produzir para exportação é mais caro que produzir para o mercado interno. É gratificante demais saber que você produz com qualidade e que está sendo consumido pelo mundo afora", conta o agricultor de Linhares.
Do campo, a fruta segue para empresas de beneficiamento como uma que fica no bairro Canivete, em Linhares. O produto é descarregado no galpão e separado em lotes, o que vai para o mercado externo e o que fica no país. Depois, passa por um processo de limpeza e seleção. O mamão ainda passa por um tratamento em uma máquina que faz com que a fruta dure mais.
A empresa beneficia, em média, 400 toneladas de mamão por semana. A maior parte fica no Brasil, mas 30% da produção é exportada para países como Estados Unidos, Canadá e da União Européia. O empresário Rodrigo Martins conta que o produtor tem investido na modificação genética da fruta para se adequar ao mercado externo.
"Hoje nós trabalhamos muito essa parte de variação genética de sabor da fruta. A gente está tentando desenvolver outras variedades para que a gente possa atingir uma fruta com melhor Brix (escala que mede a quantidade aproximada de açúcares), melhor sabor e consiga atingir novos mercados", explica Martins.
O estado é o maior exportador da fruta do país, com um volume de 13 mil toneladas de mamão exportadas em 2014. Porém, nenhuma fruta sai do estado direto para o exterior. Toda a produção é levada para aeroportos do Rio de Janeiro e São Paulo para serem exportados, como conta o diretor da Associação Brasileira de Produtores e Exportadores de Papaya, Franco Fiorot.
"Hoje, do mamão exportado do Espírito Santo, nenhum sai diretamente daqui. Precisa estruturar um pouco mais, melhorar essa logística, tanto de aeroporto, como de logística rodoviária,por onde são transportados até esse ponto de embarque. Tudo isso para que o produtor e o empresário do segmento possa ser mais competitivo. Com isso, todo mundo vai sair ganhando e esses números podem ser ainda melhores, então a logística é um dos principais pontos um dos principais desafios a serem preparados na atividade", explica Fiorot.
Cacau
O município de Linhares é o maior produtor de cacau do estado, com quase 90%
da área plantada. O presidente da Associação dos Cacauicultores de Linhares, Maurício Buffon,
conta que o fruto chegou ao município na década de 1970 e declinou no início deste século.
"Em 1970 o cacau significava dinheiro. Mas o cacau, assim como teve o auge, teve o declínio. A vassoura-de-bruxa veio e assolou, invadiu a região toda e e contaminou tudo. Ela chegou em 2001 e por volta de 2008, 2010 já tinha dizimado praticamente todas as plantas. A produção quase veio a zero", lembra Buffon.
O produtor Gladstone Loiola cuida de uma lavoura de 20 hectares, na localidade de Jataepeba. Ele tem 42 mil pés de cacau e chegou a produzir 1150 sacas por ano. A propriedade dele foi atingida pela vassoura-de-bruxa, doença que seca os frutos, e as plantas não podiam ser substituídas.
"Comecei a colocar variedades mais resistentes à vassoura, plantar, fazer enxertos, busquei informação junto ao órgão da Comissão Executiva de Planejamento da Lavoura Cacaueira, que está me ajudando e me apoiando na recuperação dessa lavoura. Mesmo assim, há uma carência muito grande de apoio, como financeiro para o órgão que não recebe apoio do governo federal. A linha de financiamento hoje, além de ser burocrática, é muito difícil para a gente conseguir junto aos bancos aqui", explica Gladstone.
Aos poucos o município vai recuperando a lavoura cacaueira e o preço da saca voltou a ser valorizada. "Até outro dia todo mundo pensava em apenas produzir a amêndoa do cacau e hoje pensa diferente. A gente quer agora não só a certificação de indicação geográfica, mas uma certificação de qualidade que ele possa inclusive agregar valor ao produto. A gente também sonha em implantar uma incubadora, onde a gente vai ensinar o produtor a produzir chocolate. Ele vai deixar de ser um mero produtor de amêndoa e vai passar a produzir um produto nobre, o chocolate", diz Maurício Buffon.
Fonte: G1
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