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Publicado em 10/11/2015
Gostaria de debater aqui a importância da bioenergia sustentável. É um tema que tende a gerar discussões acaloradas, pois para muitas pessoas não está claro o tipo de caminho que instituições de pesquisa, governos e empresas privadas vão seguir no desenvolvimento de alternativas para a produção dessa bioenergia. Em primeiro lugar está a questão do crescimento populacional e o conflito entre terras destinadas à produção de alimentos e à produção de matéria prima para biocombustíveis. Segundo estimativas, em 2030, seremos mais de oito bilhões de pessoas. A expansão da classe média, aliada ao crescimento populacional, significa que a demanda por alimentos será 50% maior que a de hoje. Por outro lado, a área disponível para o avanço da agricultura é limitada. Como solucionar essa equação?
A resposta está na adoção de tecnologias aplicadas à produção agrícola. É o que diz a própria FAO, Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação. E as principais tecnologias necessárias para gerar este aumento são melhores sementes híbridas, sementes geneticamente modificadas e defensivos agrícolas para proteger os cultivos de plantas invasoras e doenças. Fertilizantes e mecanização também fazem parte do "pacote tecnológico". O Banco Mundial (Bird) reconheceu, em estudo recente, que os biocombustíveis e a energia de fontes agrícolas renováveis, conforme a prática no Brasil, representam uma alternativa segura na busca da sustentabilidade, sem ameaçar a cultura de alimentos e das mais importantes commodities.
Entendemos que, assim como a ciência evoluiu e hoje pode maximizar a produção de alimentos, ela evoluirá para que possamos obter, por meio da energia das plantas, a produção de etanol, biodiesel ou eletricidade. A produção de etanol e eletricidade, por meio do processamento da cana-de-açúcar no Brasil, é a alternativa para a produção de energia a partir das plantas que aparece um passo à frente das demais. E há motivos para entusiasmo. Um estudo conduzido pela Embrapa Agrobiologia concluiu que o etanol de cana é capaz de reduzir em 73% as emissões de dióxido de carbono na atmosfera, se usado em substituição à gasolina. Quando nos aprofundamos no tema de biotecnologia aplicada à cana, é importante reconhecer que existem três áreas de avanço possíveis. A primeira é a busca de melhorias agronômicas, como a resistência a herbicidas e ao ataque de insetos. A segunda é o aumento do teor de açúcar na cana. E a terceira diz respeito à expressão de enzimas na cana de forma a produzir etanol de celulose. Mas a oportunidade que vemos nos biocombustíveis não está restrita a uma cultura, ou a um tipo de tecnologia. Temos uma gama de possibilidades em pesquisa e desenvolvimento. A expressão de enzimas nas plantas, por exemplo, é uma inovação que consideramos chave. É o caso da amilase do milho, que tem o potencial de aumentar a eficiência da produção de etanol.
Seguindo esse princípio, a Syngenta desenvolveu uma variedade geneticamente modificada de milho que aumenta a produção de etanol entre 10% e 15%. Essa tecnologia será lançada nos Estados Unidos em 2010. A verdade é que cada região do planeta irá utilizar a cultura mais apropriada, do ponto de vista econômico e ambiental, para a produção de energia. Ainda veremos muita evolução em cana, e também em outras culturas, como a beterraba açucareira, o pinhão manso, o girassol, entre outras. Novas tecnologias terão um papel fundamental para viabilizar a produção de biocombustíveis e de mais alimentos para a crescente população mundial.
Fonte: Dinheiro Rural
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