O que achou do novo blog?
e receba nosso informativo
Publicado em 28/07/2015
A própolis verde, usada no Japão como auxiliar no tratamento de pessoas com câncer, mudou a história da vassourinha-do-campo, uma planta nativa do cerrado mineiro. Antes tratada como invasora de pastagens, agora é planta de cultivo.
O Globo Rural mostrou o começo dessa história há 11 anos, quando os cientistas descobriram que a própolis verde, produzida a partir da vassourinha, tinha qualidades medicinais extraordinárias. Agora, o repórter Ivaci Matias voltou ao cerrado mineiro para mostrar como essa própolis está mudando a vida dos criadores de abelhas da região.
Uma colmeia bem formada pode abrigar mais de 60 mil abelhas. Durante o dia, elas entram e saem sem parar, trabalhando na coleta de néctar e pólen para fabricar seus alimentos, mas algumas operárias são destacadas para extrair resinas medicinais produzidas pelas plantas. Com a resina, elas fabricam a própolis, uma massa de cor escura, que serve para matar os fungos e bactérias da colmeia.
Quando capturam algum inseto invasor, as abelhas cobrem o cadáver com própolis para mumificá-lo e
assim evitar o apodrecimento e a contaminação do ambiente delas.
Desde a antiguidade, o homem aprendeu
a manipular esses recursos criados pelas abelhas. Nas múmias do Egito foram encontrados resíduos de própolis
usados para conservar os cadáveres. Os sacerdotes da época produziam remédios a base de própolis
para combater doenças provocadas por fungos e bactérias.
A descoberta da própolis verde está
ampliando os usos desse recurso criado pelas abelhas. Esse tipo de própolis é feito a partir da resina de uma
planta nativa do cerrado brasileiro: a vassourinha-do-campo, cujo nome científico é bacárisbaccharis
dracunculifolia. O arbusto também é conhecido pelo nome de alecrim-do-campo e era considerado um invasor
de pastagem.
As abelhas mergulham de cabeça nos brotinhos novos da vassourinha para alcançar as glândulas internas da planta. Em uma imagem ampliada pelo microscópio é possível ver os vasos internos da planta onde ela deposita substâncias com atividades antimicrobianas muito potentes e que podem ajudar o homem na cura e prevenção de muitas doenças.
Os poderes medicinais da vassourinha-do-campo e da própolis verde estão sendo estudados em um laboratório da faculdade de Farmácia de Ribeirão Preto, da USP, em São Paulo. A equipe de pesquisadores é liderada pelo doutor Jairo Bastos.
No Brasil já existem alguns produtos feitos a base da própolis verde, um deles é um extrato encontrado nas lojas de produtos naturais. Ele contém uma parcela muito pequena de artepelim C e não é considerado medicamento, mas sim um suplemento alimentar. É usado, nas doses indicadas, para fortalecer o organismo durante gripes, resfriados, bronquites e outras doenças infecciosas, mas as pesquisas para produção de remédios a base de artepelim C puro, já estão avançadas. No Japão, que é o maior importador de própolis verde do Brasil, a substância pura já foi isolada e é usada no tratamento de vários tipos de câncer, mas o alto custo ainda é proibitivo: um grama de artepelim C puro custa o equivalente a R$ 50 mil.
O Brasil produz 100 toneladas de própolis verde por ano, 80% vem de Minas Gerais. O município de Bambuí, na região do Médio São Francisco, concentra o maior número de produtores.
Em toda essa região, a vassourinha-do-campo surge espontaneamente no meio do cerrado. Ela ganhou este nome porque é usada como vassoura para limpar os quintais e também para varrer as cinzas dos fornos de barro, transferindo aos biscoitos de polvilho um aroma muito agradável.
Hoje é matéria prima principal para a produção da própolis verde e está mudando a vida dos apicultores da região.
Só uma empresa do município de Bambuí recebe
própolis verde de mais de 500 produtores da região. O produto passa por uma limpeza e é classificado
e embalado in natura. Eles também produzem extrato de própolis vendido a granel ou em frascos.
Os
irmãos Odacir e Edeir Ferreira manejam 150 caixas. Cada uma produz uma média de 3 quilos de própolis
por ano. A própolis verde é vendida a R$ 140 o quilo, enquanto a comum vale R$ 70.
No ano passado, eles tiveram uma renda líquida de R$ 40 mil com a venda da própolis verde, mas estão aumentando a quantidade de caixas e esperam dobrar de produção dentro de uns dois anos.
Fonte: G1
Envie para um amigo