Uma pesquisa em parceria da Embrapa com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (ARS/USDA) está empenhada
em obter do eucalipto um combustível líquido, o bio-óleo. Trata-se de um material viscoso, que pode ser
utilizado diretamente em caldeiras para gerar energia – com ajustes nos equipamentos e o bio-óleo dentro de especificações
técnicas específicas. Também pode ser convertido em produtos como gasolina, querosene de aviação
e químicos de origem renovável.
O trabalho começou em 2013, quando a analista Anna Letícia Pighinelli passou pouco mais de um ano no Eastern
Regional Research Center (ERRC) do ARS/USDA, testando três variedades de eucalipto no processo de pirólise, que
dá origem ao bio-óleo. Agora, o pesquisador Emerson Leo Schultz está no mesmo instituto, fazendo experimentos
com a adição de catalisadores.
A pirólise é um processo termoquímico que consiste na degradação de matéria
orgânica na ausência de oxigênio, gerando três produtos: biochar (sólido), bio-óleo
(líquido) e gases. Schultz explica que a estratégia de adicionar catalisadores visa a melhorar propriedades
do bio-óleo, tais com pH, estabilidade e poder calorífico. Isso porque eles realçam reações
químicas responsáveis pela remoção do oxigênio da biomassa.
Os principais catalisadores utilizados atualmente em estudos foram desenvolvidos para o processamento do petróleo,
que tem composição química diferente da biomassa, com teor de oxigênio muito menor. "Na pirólise
catalítica, o desafio é remover o oxigênio contido na biomassa, produzindo compostos de interesse como
combustíveis ou produtos químicos", diz o pesquisador.
Ele explica que, embora muitos estudos já tenham sido feitos, ainda é preciso desenvolver novos catalisadores
e começar a ampliar a escala dos testes, normalmente realizados em laboratório. No trabalho no ARS/USDA, que
deve durar um ano, Emerson vai justamente trabalhar com o aumento de escala, conduzindo experimentos também em um reator
de leito fluidizado desenvolvido pela equipe do pesquisador Akwasi Boateng. Trata-se de um grupo de pesquisa com anos de dedicação
ao tema nos Estados Unidos, país que, junto com a Europa, concentra o maior número de trabalhos desenvolvidos
na área.
Esse trabalho em conjunto com ARS/USDA está inserido em amplo projeto de pesquisa da Embrapa para desenvolver
tecnologias de aproveitamento energético de espécies florestais, com destaque para o eucalipto. Por isso, três
variedades da cultura foram escolhidas como biomassas a serem testadas: Eucalyptus urophylla, Eucalyptus grandis e Eucalyptus
urograndis. A expectativa de Emerson é obter bio-óleo com propriedades melhores do que o proveniente da pirólise
térmica.
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