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Alimentação vira ponte entre campo e consumidor

Publicado em 02/06/2015

Multinacional norte-americana Alltech aposta em incremento na nutrição humana para potencializar mercado no campo

Alimentação vira ponte entre campo e consumidor

Multinacional norte-americana Alltech aposta em incremento na nutrição humana para potencializar mercado no campo
Walter Robb, co-CEO do Whole Foods Market, mostrou que cidade está atenta à produção no campo.
Walter Robb, co-CEO do Whole Foods Market, mostrou que cidade está atenta à produção no campo.
Divulgação / Alltech
 
 
Lexington (Kentucky, Estados Unidos) — Ácido docosahexaenoico (DHA, na sigla em inglês). O nome é complicado, mas não assusta os consumidores, que têm demanda crescente pelo composto químico — mais conhecido como Ômega 3. Associado a benefícios como a redução do colesterol ruim e fortalecimento do sistema imunológico, o famoso ácido graxo não é produzido pelo corpo humano e, por essa razão, desperta olhar atento das indústrias. Uma das principais interessadas é a norte-americana Alltech, que aposta no uso de algas para dar escala à produção do componente.

“O consumidor quer comprar produtos enriquecidos, mas não quer pagar muito mais por eles. Nossa meta é diluir esse custo gerando ganho de escala na produção animal”, diz Guilherme Minozzo, vice-presidente para a América Latina da Alltech. No caso do Ômega 3, hoje os peixes são a principal fonte do nutriente, que em geral é vendido na forma de cápsulas. A meta da Alltech é utilizar as algas para dar escala à produção do composto e direcioná-la para outros fins. Os alvos são a fabricação de cosméticos, bioplásticos e, principalmente, o reforço na alimentação animal, que acaba refletindo na nutrição humana.

Para o fundador da Alltech, Pearse Lyons, os avanços nas pesquisas vão consolidar um mercado gigantesco, com potencial para movimentar US$ 500 bilhões nas próximas décadas. A empresa se antecipa a esse cenário e reforça investimentos para tentar garantir uma fatia desse montante. Hoje, a estrutura inclui escritórios em 128 países e um time de 3,5 mil funcionários, além de fábricas em países como China, México e Brasil.

Para difundir a nova ideia, a empresa estimula debates visando antecipar tendências e sinalizar que o campo precisa estar cada vez mais atento ao gosto do consumidor. No 31.º Simpósio Internacional da Alltech, realizado duas semanas atrás em Lexington (Kentucky), nos Estados Unidos, mais de 120 palestrantes e 3 mil participantes oriundos de 68 países trocaram informações e ampliaram os conhecimentos em palestras que discutiram temas que vão desde o futuro da alimentação humana até as novas possibilidades de marketing no meio digital.

Os assuntos, aparentemente desconexos, foram selecionados com o objetivo de propagar uma ideia central: fugir de modelos convencionais nos negócios. Para isso, é preciso tornar-se um rebelde e mesclar conceitos de diversas áreas. “Esse é o caminho para ser diferente, inovador”, argumenta Lyons. O desafio da transformação começa no campo, e deve ter um olhar crescente para a ponta do consumo, acrescenta.

Mais do que um alimento com qualidade, o consumidor exige hoje garantia de origem e transparência, defende Walter Robb, co-CEO da rede de supermercados orgânicos Whole Foods Market, que possui mais de 400 lojas nos EUA. Esse foco torna-se particularmente mais forte para as gerações mais jovens, nascidas entre as décadas de 1980 e 2000. “Esse público quer consumir comida fresca e, ao mesmo tempo, quer um produto com significado”, defende. Essa criação de sentido exige profissionais de diversas áreas, do marketing à nutrição, acrescenta Minozzo. “É preciso contar uma história para o consumidor. Para isso são necessárias pessoas que ajudem a promover as marcas, humanizá-las.”

Fábrica de algas da Alltech no Paraná fica para 2016

A construção da primeira fábrica brasileira de algas para nutrição animal não deve sair em 2015. O projeto foi anunciado pela Alltech no ano passado e será instalado na cidade de São Pedro do Ivaí, no Norte do Paraná. “Temos tudo preparado para fazer a construção, mas adquirimos plantas na Austrália e Estados Unidos e, com isso, as obras devem ficar para 2016”, explica o vice-presidente para a América Latina da multinacional, Guilherme Minozzo.

A estrutura deve exigir investimentos de R$ 140 milhões, criando 50 empregos diretos e outros 150 indiretos. A meta é produzir 5 mil toneladas de algas por ano. Com isso, pretende-se faturar R$ 500 milhões em três anos e crescer a uma média de 20% ao ano no Brasil, que é o principal mercado da companhia na América do Sul. Hoje, a avicultura é o maior nicho da Alltech no Brasil, seguido pela bovinocultura, detalha Minozzo.

O jornalista viajou a convite da Alltech

Fonte: Gazeta do Povo

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