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Nova batata dará mais autonomia ao país

Publicado em 17/03/2015

Novo material da Embrapa foi lançado no dia 05, em Palmas/PR, e promete diminuir a dependência nacional. O Brasil depende em mais de 90% de cultivares importadas para a sua produção

Mais um resultado da pesquisa foi disponibilizado à sociedade brasileira e promete mudar a realidade da cultura no país. Após 11 anos de pesquisa, a batataBRS Camila foi lançada dia 05 de março, em um Dia de Campo realizado em Palmas, na região dos Campos do Centro Sul do Paraná. Um público de mais de cem pessoas, entre pesquisadores, técnicos e produtores acompanhou a atividade. O material é resultado do Programa de Melhoramento Genético de Batata da Embrapa, da Embrapa Clima Temperado (Pelotas, RS) e Embrapa Hortaliças (Brasília, DF), com apoio da Embrapa Produtos e Mercado (Canoinhas, SC). Com a nova cultivar, a expectativa é que o país diminua a dependência de variedades importadas e que os produtores passem a utilizar mais dos materiais nacionais disponíveis no mercado. O Brasil depende de mais de 90% de cultivares importadas para a sua produção.

 

O evento foi marcado pela fala das autoridades presentes, dentre elas o prefeito de Palmas, Hilário Andraschko; o pesquisador líder do programa de melhoramento genético da batata, Arione Pereira; e o representante do Grupo Schebeski - propriedade onde o lançamento ocorreu –, Marcelo Kusman. A colheita dos primeiros tubérculos simbolizou o lançamento oficial. Em seguida, no campo, os pesquisadores e técnicos avaliaram o rendimento e a qualidade da produção. Ao fim da atividade, houve degustação da BRS Camila, com pratos elaborados a partir dos tubérculos da nova cultivar.

 

De acordo com o chefe-geral da Embrapa Clima Temperado, Clenio Pillon, o lançamento significa maior autonomia do país sobre a produção, porque permite que os produtores reduzam a dependência da importação de sementes – o que também reduziria os custos de produção. A diversificação de variedades também diminui os riscos sanitários, além de garantir maior segurança alimentar dos produtores e consumidores brasileiros. "O cenário atual apresenta um grande risco, principalmente sanitário, por depender principalmente de uma única variedade", explica o pesquisador. 

 

BRS Camila

A BRS Camila apresenta boa aparência de tubérculos e elevado potencial produtivo de tubérculos comerciais. "O rendimento comercial chega a ser entre 10 a 20% superior à principal concorrente que está no mercado hoje", estima o analista da Embrapa Produtos e Mercado, Antônio Bortoletto. A cultivar também é versátil na culinária e pode ser preparada tanto assada quanto cozida. Nas análises sensoriais, apresentou sabor diferenciado e, por isso, também é indicada à cozinha especializada. "A expectativa é que atenda às demandas do produtor e satisfaça o consumidor", completa o pesquisador Arione Pereira.

 

Melhoramento participativo

Os fatores que a pesquisa leva em consideração para desenvolver novos materiais envolvem o produtor, o comerciante, a indústria e, claro, o consumidor final. Além disso, cada finalidade culinária exige certas características dos tubérculos. Nos últimos anos, quatro cultivares de batata foram lançadas pela Embrapa para atender diferentes finalidades: a BRS Ana é destinada à indústria de palitos fritos; a BRS Clara é voltada ao mercado in natura; a BRSIPR Bel (desenvolvida em parceria com o Iapar) é destinada à fritura na forma de fatias e batata palha; e a BRS Camila, por sua vez, destina-se ao mercado in natura, tendo aptidão à cozinha especializada.

 

Cadeia produtiva

A cadeia da batata, em nível global, ocupou em 2012 cerca de 19 milhões de hectares, gerando uma produção de 307 milhões de toneladas do tubérculo. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a área nacional correspondia a 128 mil hectares, com produção de 3,5 milhões de toneladas - 18,4% da produção mundial -, sendo os principais estados brasileiros produtores em área plantada: Minas Gerais (53%) Paraná (19%), São Paulo (18%), Rio Grande do Sul (10%) e Bahia (6%). No entanto, apenas 3% dessa área é cultivada com variedades nacionais.

Com informações de Embrapa.

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