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Publicado em 02/03/2015
Grandes empresas aéreas internacionais estão em busca de alternativas para o querosene que move as turbinas
e a macaúba pode ser a solução. Pesquisas desenvolvidas na Universidade Federal de Viçosa (UFV)
fecham a cadeia produtiva da macaúba que, agora, fica mais perto de se tornar uma matéria-prima viável
para a indústria. E Minas Gerais pode estar à frente do negócio, aproveitando áreas de pastagens
degradadas para cultivo agrosilvopastoril.
A UFV está participando da plataforma
de bioquerosene de Minas Gerais e de reuniões com empresas aéreas comprometidas em reduzir, pela metade,
a emissão de gases do efeito estufa até 2020. “Entre todas as outras opções, a macaúba
promete ser a vedete do bioquerosene, não apenas pela qualidade do óleo, mas, também, por ser uma planta
totalmente aproveitável do ponto de vista comercial”, afirma o professor Sérgio Motoike, coordenador da
equipe de pesquisadores da macaúba na UFV.
A macaúba é uma palmeira oleaginosa presente
em quase todo o território brasileiro, mas é em Minas Gerais que estão concentradas as populações
mais produtivas. A planta é rústica, facilmente adaptável e já muito conhecida por agricultores.
É comum ver os frutos serem comidos pelo gado ou por pessoas interessadas na amêndoa da planta, que tem cheiro
doce e gosto de coco.
Há algumas décadas, era comum países como Paraguai e Brasil colherem
a macaúba para retirar o óleo e fazer sabão. O problema, como explica o professor Motoike, era o difícil
cultivo comercial da planta, porque a taxa de germinação das sementes era muito baixa e havia pouco conhecimento
agronômico para melhorar a produtividade e as técnicas de colheita e processamento da planta. Estes problemas
não existem mais. A equipe do Departamento de Fitotecnia da UFV estuda todo o processo produtivo da macaúba
há mais de dez anos e já tem dominado todo o conhecimento necessário para que a macaúba se torne
uma alternativa comercialmente viável para o Brasil.
Da semente à colheita
A UFV sedia, hoje, um grande banco de germoplasma da macaúba onde estão sementes e mudas de diversas variedades
da planta do Brasil e de países latino-americanos. Segundo o professor Motoike, as sementes rústicas são
usadas para fazer o melhoramento genético da planta, criando variedades mais produtivas e resistentes às pragas
e adaptáveis aos diferentes climas e ambientes.
Transformar uma planta selvagem numa cultura planta agrícola
domesticada requer um trabalho coordenado das diversas áreas da agronomia. O problema da germinação das
sementes foi resolvido há muito tempo. Tanto que a UFV detém a patente do processo comercial de germinação,
desenvolvido pela equipe do professor Motoike, em 2007, e já usado por empresas produtoras de mudas.
Depois
de garantir mudas de qualidade, era preciso cuidar dos tratos agronômicos da planta. Essa tem sido a tarefa do professor
Leonardo Pimentel que já desenvolveu pesquisas capazes de definir a melhor forma de plantio, espaçamento entre
plantas e fileiras, exigências nutricionais para adubação e identificação das principais
doenças que podem afetar um plantio comercial. Um pé de macaúba demora quatro anos para produzir frutos.
A planta é perene e, bem adubada, produz por muitos anos. O plantio comercial pode comportar mais de 400 plantas por
hectare. Com as novas tecnologias disponíveis, a expectativa é de uma colheita de 25 mil quilos de macaúba
por hectare, o que gera cinco mil quilos de óleo por ano.
As pesquisas têm sido feitas com o apoio
financeiro da Petrobrás, que tem interesse na planta para produção de biodiesel. Outras empresas europeias
também estão de olho na macaúba. Para conhecer os avanços que as pesquisas da equipe de Viçosa
já alcançaram, o Laboratório de Pós-colheita da macaúba na UFV recebe estudantes de vários
países. Mas o professor Sérgio Motoike quer mesmo que a planta faça sucesso no Brasil, transformando-se
em uma fonte de renda, sobretudo para pequenos agricultores. “A macaúba é 100% aproveitável
e tem potencial para ser uma cultura ambientalmente sustentável. Temos certeza de que é um investimento muito
interessante”, afirma o professor.
Leia a reportagem na íntegra aqui.
Fonte: Com informações de BiodieselBR
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