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Publicado em 20/01/2015
Cientistas e agricultores estão trabalhando juntos no Peru para reduzir os impactos das mudanças climáticas ao produzirem biocarvão. Em um forno revestido de alumínio instalado no pátio da Estação Biológica de Villa Carmen, ao norte da cidade de Pillcopata, em Cusco, eles produzem o composto a partir da queima de bambu, abundante na região. Desde 2012, o biocarvão é usado em plantações de mandioca, milho, pimentão e cana-de-açúcar. De acordo com pesquisadores, o material mostrou-se capaz de aumentar a fertilidade do solo e favorecer o crescimento das plantas cultivadas.
No Brasil, pesquisadores do Instituto Agronômico de Campinas (IAC) estão testando biocarvão produzido a partir de dejetos de galinha, lodo de esgoto e palha de cana-de-açúcar em altas temperaturas, também para finalidade agrícola e na retenção de metais pesados no solo.
A ideia de queimar fontes ricas em carbono para aumentar o estoque no solo e melhorar suas propriedades químicas, físicas e biológicas, surgiu a partir de estudos com terra preta em sítios pré-históricos da Amazônia Central. Em Cusco, localizado no Vale Sagrado dos Incas, o processo de produção de biocarvão é simples. “Aquecemos o forno a uma temperatura de 800 graus Celsius, limitando a entrada de oxigênio”, explica a agrônoma Yngrid Espinoza Villaruel, coordenadora de pesquisa agropecuária em Villa Carmen. “Em seguida, inserimos os bambus e os deixamos queimar por 5 horas. Depois, os resfriamos com água e os trituramos.”
A superfície porosa do biocarvão constitui um ambiente favorável à proliferação de fungos e bactérias que ajudam as plantas a absorver melhor os nutrientes do solo, segundo a pesquisadora. “Em contato com a terra, o biocarvão age como um ímã, atraindo nutrientes que aumentam a fertilidade do solo e favorecem o crescimento de diversas variedades de plantas”, explica.
Os bambus usados para produzir biocarvão em Villa Carmen são fornecidos pelos agricultores da região, que vendem as plantas aos pesquisadores por 1,5 soles cada (cerca de US$ 0,50). Os testes envolvendo a capacidade de fertilização do componente em cultivos de mandioca, milho, pimentão e cana-de-açúcar têm apresentado bons resultados, segundo os agricultores locais. “As plantas estão crescendo em áreas onde já não crescia mais nada”, explica Yhilbonio Farfán, um dos trabalhadores envolvidos com a produção de biocarvão em Villa Carmen, uma das estações de pesquisa gerenciadas pela Associação para a Conservação da Bacia Amazônica (ACCA, em espanhol). Ao todo, são necessárias aproximadamente 5 toneladas de biocarvão para fertilizar um hectare de terras agrícolas.
O mundo enfrenta hoje uma crise de conservação dos solos, segundo estudo publicado em 2014 pela Global Soil Forum (GSF), organização alemã dedicada à promoção do uso sustentável da terra ao redor do planeta. De acordo com o trabalho, a quantidade de solo fértil per capita caiu pela metade nos últimos 50 anos.
Leia a reportagem na íntegra aqui.
Fonte: FAPESP
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