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Pragas mais resistentes a químicos exigem mudança nas estratégias de controle

Publicado em 08/01/2015

Produtos químicos utilizados no controle de pragas (doenças, insetos-praga e plantas daninhas) em culturas agrícolas como a soja estão perdendo a eficiência a campo. O problema ocorre, principalmente, em função do uso excessivo e frequente do mesmo produto e na mesma área. A situação preocupa técnicos, produtores e entidades representativas. Pesquisadores da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vêm trabalhando no mapeamento de populações resistentes aos agrotóxicos para propor estratégias que possam evitar a resistência e garantir segurança e sustentabilidade à produção agrícola no Brasil.

"É preciso recolocar as táticas de manejo na rota da sustentabilidade. Pensar a propriedade dentro do sistema de produção, com uma visão mais estratégica do ponto de vista da sustentabilidade do negócio. Daqui para frente, será cada vez mais necessário investimento em programas de manejo que envolvam a diversificação de culturas e a rotação de químicos com diferentes mecanismos de ação", explica o chefe-geral da Embrapa Soja, José Renato Bouças Farias.  Nos laboratórios e campos experimentais da Embrapa, os pesquisadores vêm identificando medidas que podem ser adotadas para evitar a seleção de populações resistentes e garantir que os agricultores tenham alternativas eficientes e seguras para controlar as pragas.  

No caso da ferrugem asiática da soja, principal doença que afeta a cultura no País, o custo médio para o controle é de cerca de US$ 2 bilhões por safra. E apesar da contribuição dos fungicidas, uma redução da eficiência desses produtos vem sendo observada desde a safra 2007/08. Ensaios cooperativos realizados pelo grupo de pesquisadores do Consórcio Antiferrugem (www.consorcioantiferrugem.net), em várias regiões brasileiras, mostraram redução de eficiência de alguns produtos.  "Esse problema tem sido associado à seleção de populações do fungo menos sensíveis aos fungicidas", explica a pesquisadora Cláudia Godoy, da Embrapa Soja. "Estamos em um momento muito delicado no manejo desta doença, porque existe o risco real de perda de eficiência de fungicidas. Nossas ações vão determinar se a cultura da soja continuará economicamente viável", alerta.

Os fungicidas utilizados no controle da ferrugem pertencem a três grupos distintos: os Inibidores de desmetilação (DMI), os Inibidores da Quinona Oxidase (QoI) e os Inibidores da Succinato Desidrogenase (SDHI). Ao ser identificada no Brasil, no ano de 2001, a ferrugem asiática foi controlada com a aplicação de fungicidas dos dois primeiros grupos. "Naquela época, alguns deles apresentavam alta eficiência de controle, mesmo quando usados isoladamente", lembra Godoy. "Atualmente os produtos isolados não apresentam boa eficiência. Por isso, recomendamos a utilização de misturas comerciais de fungicidas com diferentes mecanismos de ação".

A partir da safra 2013/14, foram registrados as primeira misturas de fungicidas com o grupo SDHI para cultura da soja. "Agora toda a cadeia produtiva precisa realizar um esforço para prolongar a vida útil desse terceiro grupo, por meio da adoção de estratégias antirresistência", enfatiza Godoy.

Leia mais aqui.

Fonte: Embrapa

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