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Publicado em 24/11/2014
O Instituto Agronômico do Paraná (Iapar) está lançado um conjunto de três publicações que discute o potencial das microalgas na produção de bioenergia – em especial o biodiesel. A série é chamada "Microalgas de águas continentais" e foi elaborada sob coordenação dos pesquisadores Diva de Souza Andrade e Arnaldo Colozzi Filho. Os livros resumem os resultados de pesquisas que vêm sendo realizadas desde 2009 pelo Iapar em parceria com a Companhia Paranaense de Energia (Copel).
As algas formam um grupo de organismos bastante heterogêneo do ponto de vista genético e morfológico.
Podem ser encontradas em praticamente qualquer ambiente, mas predominam em meio aquático, continental ou marinho. Muitos
desses organismos são bem conhecidos por suas propriedades nutricionais e são largamente utilizados na alimentação
humana, como ocorre na culinária oriental, por exemplo. Outros campos de aplicação são a indústria
farmacêutica, produção de cosméticos e de obtenção de pigmentos e corantes.
Os pesquisadores estimam que existam cerca de dez milhões de espécies de algas, a maior parte delas formada
por indivíduos minúsculos, as microalgas, que somente podem ser vistas por intermédio de microscópio
(mas é possível detectar facilmente sua presença porque esses microrganismos formam grandes colônias,
caso, por exemplo, da água da piscina que fica esverdeada).
Muitas espécies de microalgas são
ricas em lipídeos (gorduras) e, por isso, têm grande potencial para a produção de óleo biocombustível.
Daí o interesse no estudo desses organismos.
Inventário
A investigação
começou pelo levantamento das microalgas de águas continentais no território paranaense. "Não
sabíamos o que existia no Estado", conta Diva. Seis espécies com potencial para fabricação de
biodiesel e duas para produção de gás (metano ou hidrogênio) foram identificadas.
Também foram agregados exemplares obtidos por meio de intercâmbio com universidades e outros centros de pesquisa
do Brasil e do exterior, trabalho que possibilitou ao Iapar formar uma coleção de 159 espécies de microalgas.
Cultivo
Alta produtividade, menor exigência em área do que os cultivos tradicionais
de oleaginosas como a soja e capacidade de absorver nutrientes de resíduos considerados poluentes – como os dejetos
da suinocultura, por exemplo – são algumas características favoráveis ao cultivo de microalgas
para obtenção de biocombustível. Além disso, a equipe concluiu que as condições
climáticas do Paraná permitem o cultivo em todas as regiões do Estado.
Por isso, outra frente
de estudos investigou a viabilidade de produzir esses microrganismos nas propriedades rurais. Considerando que a combinação
ambiente aberto e meio líquido proporciona a maior taxa de crescimento, os pesquisadores desenvolveram um biorreator
(tanque utilizado para o cultivo desses microrganismos) de baixo custo para pequenos produtores familiares. O equipamento
passou por vários testes e se mostrou viável, encontrando-se em processo de patenteamento.
Em paralelo,
iniciou-se a busca por substâncias alternativas para o fornecimento de nutrientes para "a criação" das
microalgas nos tanques, em substituição aos caros reagentes químicos comerciais utilizados para essa
finalidade. Estima-se, por exemplo, que são produzidos no Paraná cerca de 1,3 milhões de metros cúbicos
de dejetos de suínos, uma das possibilidades avaliadas.
No campo do processamento agroindustrial, a vinhaça
oriunda da moagem de cana-de-açúcar e o resíduo da indústria de suco de laranja, composto de bagaço
e água de lavagem, são materiais abundantes no Estado que podem servir como meio de cultivo de microalgas. Outro
resíduo causador de impacto ambiental, e também considerado no estudo, foi o chorume de aterros sanitários,
que pode infiltrar no solo e poluir as águas subterrâneas.
"Todos esses resíduos foram avaliados
e são fontes viáveis para a nutrição de microalgas" afirma Diva, citando, como vantagens de seu
uso a redução do impacto que esses produtos causam ao ambiente e a diminuição dos custos de produção.
Ela enfatiza, no entanto, a necessidade de mais estudos sobre a utilização de cada um deles.
Biofertilizante
O estudo também constatou que a biomassa que sobra da extração dos lipídeos das microalgas
cultivadas é ainda rica em nutrientes. "Abre-se uma frente de estudos sobre a viabilidade de aproveitamento em rações
para animais e fertilizantes para a agricultura", explica a pesquisadora.
Além disso, algumas espécies
de microalgas, denominadas cianobactérias, são capazes de captar e fixar o nitrogênio da atmosfera, o
que acena com a possibilidade de seu uso como fertilizante ou melhorador de solos. Há, ainda, "um efeito pouco estudado
desses microrganismos sobre o crescimento das plantas", conclui Diva Andrade.
Observatórios SESI/SENAI/IEL
A Rota Estratégica em Biotecnologia Agrícola e Florestal, em atendimento ao fator crítico P & D, Tecnologia & Inovação, promove a articulação entre os atores do setor de bioenergia. Pesquisadores e empresas do setor se reúnem para discutir ações que possam alavancar o setor e tornar o Paraná provedor de soluções em bioenergia. A criação de uma Rede em Biotecnologia com foco em microalgas é a temática de um dos grupos de trabalho do projeto de articulação desta Rota. Fazem parte deste grupo instituições como TECPAR, UTFPR, UP e Senai Paraná.
No segundo semestre deste ano, o grupo decidiu dedicar-se à organização do talk show " Microalgas e seus bioprodutos" que ocorreu dentro da programação da INOVATEC Curitiba 2014. A atividade aconteceu no dia 16 de setembro, no Campus da Indústria, Curitiba. A mesa foi moderada pela Sra. Diva de Souza Andrade, Pesquisadora do IAPAR e uma das coordenadoras da publicação "Microalgas de águas continentais". Na ocasião, a pesquisadora apresentou a publicação, comentando sobre o projeto e a parceria com a COPEL.
A partir dos encontros e atividades desenvolvidas, o grupo decidiu realizar uma Oficina de Trabalho para a construção de um projeto conjunto para submissão à recursos públicos e/ou privados, buscando parcerias para o desenvolvimento de um projeto para a aplicação de microalgas em nutrição animal/humana. Participe você também.
Para confirmar a sua presença, pedimos a gentileza de nos retornar para o e-mail observatorios.rota.biotecagroflorestal@fiepr.org.br
Aquisição
A obra "Microalgas de águas continentais" é composta por três
volumes, que podem ser comprados separadamente. Os livros podem ser adquiridos diretamente do portal
do Iapar.
Com informações de: Observatórios SESI/SENAI/IEL, BiodieselBR, Assessoria IAPAR.
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