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Publicado em 18/11/2014
O sorgo, fonte de nutrientes para mais de 500 milhões de pessoas em 30 países, principalmente na África e na Ásia, mas ainda desconhecido pela população brasileira, possui compostos bioativos que podem colocá-lo na lista dos alimentos com elevado potencial funcional. O quinto cereal mais produzido no mundo apresenta antocianinas, taninos e outras substâncias que inibem a proliferação de células de alguns tipos de câncer, como o de cólon e o de esôfago, além de contribuírem para a redução do colesterol e do diabetes tipo 2.
O sorgo também é isento de glúten, podendo ser usado em dietas específicas para pessoas portadoras da doença celíaca. Rico em propriedades antioxidantes, seu valor nutricional é semelhante ao do milho em termos de proteína, gordura e carboidratos. Os resultados promissores relacionados ao uso do cereal na alimentação humana estão sendo identificados por um grupo de pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), Universidade de São João del-Rei (UFSJ) e Embrapa.
Segundo a pesquisadora Hercia Stampini Martino, da UFV, estudos in vivo mostram que as antocianinas presentes na composição do sorgo, especialmente nos de coloração negra, diminuíram a proliferação das células cancerígenas em experimentos conduzidos em ratos. "Em dietas fornecidas durante 10 semanas para ratos com níveis normais de colesterol e triglicérides, observamos diminuição do número de criptas aberrantes (relacionadas ao câncer) e aumento da atividade antioxidante quando são utilizados os farelos de sorgo negro e marrom", explica Stampini.
De acordo com ela, as antocianinas têm uma espécie de "efeito protetor" ao induzir a produção de enzimas que metabolizam as células cancerígenas. Outra vantagem comprovada pelos pesquisadores é a tendência de redução da glicose sanguínea, do colesterol total e do chamado "mau colesterol" ou LDL em ratos que receberam uma dieta rica em gorduras. "O sorgo é um cereal com elevado valor nutritivo e ainda são necessários estudos para avaliar o efeito protetor e terapêutico do grão integral em humanos, incluindo a expressão de proteínas e genes", esclarece a pesquisadora.
Mais propriedades antioxidantes que as frutas
Cultivares de sorgo com tanino, substância cuja concentração depende da constituição genética do material e que é capaz de inibir o ataque de insetos, pássaros e herbívoros à planta, têm se revelado ainda mais promissoras. Essas cultivares possuem sabor amargo e adstringente, mas, por outro lado, inibem a proliferação de células de câncer de esôfago e cólon, segundo pesquisas recentes conduzidas na UFV. "Observamos redução de câncer de cólon em ratos alimentados com sorgo contendo taninos", descreve o pesquisador Frederico Barros, do Departamento de Tecnologia de Alimentos da Universidade.
Os níveis de antioxidantes encontrados no farelo do sorgo negro e na planta com alto teor de tanino são superiores aos de qualquer outro cereal e também estão acima dos níveis registrados em muitas frutas, como no morango, na ameixa ou no mirtilo. Segundo o pesquisador, novos estudos in vivo estão em andamento. As últimas pesquisas, de acordo com ele, registraram novos compostos bioativos não somente nos grãos, mas também nas folhas e em outras partes da planta.
Para pessoas diabéticas, o cereal apresenta outra vantagem. "Produtos feitos com a farinha de cultivares com tanino são digeridos mais lentamente. Isso contribui para um período maior de saciedade e plenitude gástrica em comparação com outros cereais. Em pesquisas com indivíduos diabéticos, percebeu-se ainda redução nos níveis de glicemia em razão do maior volume de fibras", diz a pesquisadora Hercia Stampini.
Segundo pesquisadores da Embrapa, o sorgo destinado a aves e suínos não pode conter tanino porque essa substância interage com proteínas e com o amido, o que diminui a digestibilidade e afeta o ganho de peso dos animais. No entanto, essa característica é muito interessante em humanos, pois, além da alta capacidade antioxidante dos taninos, há uma redução na digestibilidade do amido e proteínas, prevenindo doenças como obesidade, câncer e diabetes. "A presença de antioxidantes – como taninos e outros compostos fenólicos – associada à ausência de glúten pode ser o diferencial para que o cereal caia no gosto do consumidor", aposta a pesquisadora Valéria Queiroz, da área de Nutrição e Segurança Alimentar da Embrapa Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).
A visão do roadmapping tem como base uma tendência forte dos consumidores em investir de forma preventiva em saúde. Esse novo mercado é altamente promissor e abre um largo campo de desenvolvimento em biotecnologia. Desta maneira, especialistas da área definiram quatro fatores críticos, que possuem um conjunto de ações a serem implementadas visando à consolidação da visão: Articulação entre Atores, Políticas Públicas, P&D, Tecnologia e Inovação e Patentes.
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Fonte: Embrapa
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