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Publicado em 13/10/2014
A crise que toma conta da indústria do etanol passou a contaminar os projetos de geração de energia
alimentados pelo bagaço de cana, uma fonte que hoje responde por 9,2% de toda a capacidade instalada de energia no
País. A maior parte das usinas de biomassa em construção vive situação preocupante de atraso
ou simplesmente não tem mais previsão para conclusão. Aquelas em situação financeira mais
grave já deram início a processos de revogação de contratos com a Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel).
A geração por biomassa equivale a toda a capacidade produzida por usinas
movidas a carvão, óleo diesel e nuclear, um conjunto de 1.224 usinas que entregam 10% do parque instalado de
energia. Os dados oficiais apontam que, atualmente, há 58 usinas de biomassa outorgadas pela Aneel com previsão
de iniciar operação comercial até 2020. A realidade, porém, é que apenas 14 usinas estão
com seus cronogramas em dia. Em 20 empreendimentos, a situação é de alerta e tudo indica que haverá
novos adiamentos.
Para 24 projetos, contudo, o cenário é crítico: oito deles estão
com proposta de revogação de contrato em andamento, 13 estão sem perspectiva de início de obras
e três estão parados. "Isso é o reflexo da situação difícil que todo o setor vive
no País. É um efeito dominó. As usinas de açúcar e álcool passam por complicações
devido ao alto grau de endividamento", diz Newton Duarte, presidente da Associação da Indústria de Cogeração
de Energia (Cogen).
A origem de todos os problemas, criticam os especialistas, está na política
de controle de preços da gasolina imposta pelo governo, o que tira a competitividade do etanol nos grandes mercados
consumidores do País. "Essa falta de política para o etanol nos levou a ter hoje 70 empresas em situação
financeira extrema, com paralisação de operações ou em processo de recuperação judicial",
diz Duarte.
A geração de energia a partir da biomassa é feita atualmente por 486 usinas
no País, que somam capacidade de 12.056 megawatts. A oferta de energia dessas usinas, geração que a princípio
tinha o propósito de autoconsumo, acabou se convertendo em um integrante importante na matriz elétrica nacional,
sobretudo, em um momento em que o País precisa poupar água em seus reservatórios para garantir o abastecimento.
Os especialistas apostam numa possível retomada dos projetos de geração a biomassa, a partir
do leilão de energia chamado A-5, marcado para 28 de novembro, quando serão contratadas usinas de todas as fontes
para entrada em operação daqui a cinco anos. Um total de 32 projetos de térmicas a biomassa se cadastrou
para o leilão, com previsão de entregarem até 1.917 megawatts de energia.
Dos 32 cadastrados
para o leilão, 10 térmicas estão previstas para São Paulo. Para esses empreendimentos, o governo
fixou um preço-teto de pagamento por megawatt/hora, de R$ 197,00.
A evolução da biomassa
na matriz energética depende, essencialmente, da capacidade de inovação técnica das usinas sucroalcooleiras.
O setor, que inicialmente só usava a biomassa para o autoconsumo, seja em produção de calor ou de eletricidade,
passou a ser um exportador de energia para a matriz elétrica do País. As estimativas apontam que o negócio
de energia com o bagaço pode responder por mais de 10% do faturamento dessas empresas.
A União
da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) diz que a bioeletricidade tem um potencial de mais de 13 mil megawatts
médios no Brasil, o equivalente a quase três vezes a energia firme a ser entregue pela hidrelétrica de
Belo Monte.
Fonte: Agrolink / Jornal do Comércio RS - Online
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