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Publicado em 30/09/2014
Não é novidade que o mercado de biocombustíveis anda de olho nas microalgas. Pesquisas no Brasil e
em outros países estão investindo na redução de custo para aproveitar a alta capacidade de produção
de óleo e biomassa desses organismos microscópicos para gerar matéria-prima para indústrias de
biodiesel, etanol e bioquerosene para aviões. Mas um estudo da Embrapa Agroenergia está tentando fazer algo
diferente: usar as microalgas como biofábricas de um grupo de enzimas essencial para produzir o chamado etanol celulósico,
também conhecido como etanol de segunda geração (2G).
Diferente do biocombustível
encontrado hoje nos postos, que é produzido com o caldo da cana, o celulósico vem de materiais sólidos
como bagaços, resíduos de madeira e capins. Para tanto, a celulose desses materiais precisa ser “quebrada”
até que sejam obtidas moléculas de glicose, que depois serão fermentadas para dar origem ao etanol. As
enzimas que os pesquisadores querem produzir com microalgas são as betaglicosidases, responsáveis pela última
etapa de “quebra” da celulose.
Assim como os outros dois grupos de enzimas utilizadas na fabricação
de etanol 2G, hoje, as betaglicosidases são produzidas por fungos, principalmente. A expectativa dos cientistas é
que, obtê-las de microalgas reduza o custo. O pesquisador e líder do projeto, Bruno Brasil, da Embrapa Agroenergia,
explica que o cultivo de fungos exige o fornecimento de alguma fonte de açúcar. As microalgas, por sua vez,
realizam fotossíntese e, portanto, só precisam de luz e gás carbônico. Além disso, elas
excretariam as enzimas no meio líquido em que forem cultivadas, o qual poderia, então, ser aplicado diretamente
na biomassa pré-tratada.
O problema é que não se conhece microalgas produtoras de
enzimas. Por isso, os cientistas da Embrapa estão modificando geneticamente uma linhagem delas, utilizando genes da
biblioteca metagenômica da Embrapa Agroenergia. Mas há uma dificuldade: o conhecimento da genética das
microalgas é ainda pequeno, principalmente se comparado com o de fungos. “Temos mais esse desafio, mas esperamos
chegar a um modelo mais eficiente do que o tradicional”, diz o pesquisador.
Para este projeto de pesquisa,
a Embrapa Agroenergia conta com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
e está negociando uma parceria com a Fundação Universidade Federal do Rio Grande (FURG). Na opinião
do professor Luis Fernando Fernandes Marins, que deve desenvolver protocolos de transformação das microalgas,
o trabalho se destaca por integrá-las ao conceito de biorrefinarias. O gás carbônico gerado no próprio
processo de produção do etanol pode ser injetado no reator e utilizado como fonte de carbono para o crescimento
das microalgas.
Outras iniciativas
A Embrapa também está desenvolvendo tecnologia para cultivar microalgas em um efluente da produção de etanol – a vinhaça –, com o objetivo de obter matéria-prima para biocombustíveis. Os cientistas já estruturaram uma coleção com 50 cepas de microalgas, das quais quatro são capazes de crescer em vinhaça. A equipe, agora, está trabalhando no sequenciamento do genoma das linhagens mais promissoras e na caracterização da biomassa por elas produzida.
O grupo de trabalho "Criação de Redes em Biotecnologia - Temática Microalgas", do projeto de Articulação das Rotas Estratégicas para o Futuro da Indústria Paranaense (Sistema Fiep - Observatórios Sesi/Senai/IEL) tem por objetivo criar uma rede proativa voltada para interlocução entre atores, tendo selecionado a temática microalgas para o projeto piloto da rede. Fazem parte deste grupo instituições como TECPAR, UTFPR, UP e Senai Paraná.
Informação de: Biomassa & Energia
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