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Publicado em 15/09/2014
Em meados da década passada, o setor sucroenergético viveu um momento excepcional de investimentos, prevendo-se,
para esta década, que o Brasil produziria, anualmente, mais de 50 bilhões de litros de bioetanol para consumo
doméstico e exportação. Infelizmente, em 2014, produziremos menos de 12 bilhões de litros.
Em 2009, o bioetanol representou 55% do combustível usado por veículos leves no Brasil; em 2013, foi
inferior a 30%. Em 2009, foram queimados 25 bilhões de litros de gasolina; em 2013, mais de 41 bilhões. A razão
é a compressão artificial do preço da gasolina, que hoje custa, em valores reais, quase metade do valor
de 2003, apesar de o barril de petróleo haver saltado de US$ 40 para US$ 110 no período.
A Petrobras
compra ou extrai petróleo e o refina por um valor acima do preço de venda dos seus derivados no varejo, assumindo
a diferença como prejuízo. Um absurdo: quanto mais combustível vende, maior o prejuízo! Juntamente
com as denúncias de corrupção que afloram com a delação premiada do seu ex-diretor, os
prejuízos com os subsídios aos combustíveis fósseis estão dilapidando a Petrobras, um patrimônio
público.
Enquanto isso, o bioetanol, um biocombustível mais limpo e mais barato que a gasolina,
que gera riqueza distribuída no interior do Brasil e que reduz o impacto ambiental em mais de 70% em relação
ao combustível fóssil, foi vilipendiado. E ainda há o impacto na saúde pública: um estudo
da USP mostrou que se os veículos utilizassem apenas gasolina, em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Porto
Alegre as internações hospitalares por problemas respiratórios e cardiovasculares aumentariam em 9.247
e os custos do sistema de saúde incrementariam em R$ 429 milhões. O número de mortes decorrentes desse
fator de risco seria aumentado em 1.384.
De outra parte, com o uso do etanol, haveria uma redução
de 505 internações e de 226 mortes por ano. Com o uso exclusivo de etanol, os gastos com internações
hospitalares custariam R$ 67 milhões a menos aos cofres públicos em relação ao patamar atual.
O Brasil precisa retomar a produção e uso de bioetanol pelas múltiplas vantagens que apresenta.
É um dos desafios para o próximo presidente da República.
Fonte: Jornal de Londrina
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