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Publicado em 30/06/2014
Uma “superbanana” geneticamente modificada para ter mais nutrientes pode ser a nova arma na luta contra um tipo de deficiência alimentar que mata cerca de 700 mil crianças anualmente na África e outras regiões pobres do planeta, além de levar à cegueira outras 300 mil por ano. Desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Tecnologia de Queensland, na Austrália, graças a um financiamento de US$ 10 milhões da Fundação Bill & Melinda Gates, a fruta com alto teor de alfa e beta caroteno, que o corpo transforma em vitamina A, passará por testes de consumo humano nos EUA nas próximas semanas. Os cientistas querem verificar não só se o alimento é seguro como se de fato aumentará os níveis de vitamina A no organismo das pessoas que o comerem.
A variedade de banana modificada pelos pesquisadores australianos, um tipo de banana-da-terra ou plátano (Musa acuminata Colla), é um dos principais alimentos consumidos por diversas populações em países do Leste da África, como Uganda, Tanzânia, Burundi e Ruanda. Normalmente, porém, estas bananas são relativamente pobres em nutrientes, o que fez delas um alvo ideal para a experiência, explica James Dale, professor da universidade e líder do projeto.
A banana do planalto ou do Leste da África, que é cortada e cozida no vapor, é um alimento básico em muitas nações do Leste da África, mas tem baixos níveis de micronutrientes, particularmente de pró-vitamina A e ferro – conta. - Assim, a boa ciência pode fazer uma grande diferença ao enriquecer cultivares básicos como as bananas de Uganda, dando a estas populações de fazendeiros pobres e de subsistência um alimento mais nutritivo.
Segundo Dale, por fora as bananas geneticamente modificadas em nada diferem das naturais, mas por dentro a aparência é outra. Devido à maior presença de alfa e beta caroteno, a carne das bananas modificadas tende para o laranja no lugar da coloração creme natural.
Na verdade, quanto mais pró-vitamina A a banana tem, mais laranja fica sua carne – diz. - Nosso objetivo é aumentar os níveis desta pró-vitamina A para um mínimo de 20 microgramas por grama de forma a melhorar significativamente a saúde dos consumidores de banana africanos.
Já no Brasil, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também está conduzindo pesquisas que alteram os níveis de nutrientes e outras substâncias em plantas, conta Elibio Rech, coordenador do laboratório de biologia sintética e engenharia genética da instituição. Segundo ele, entre as experiências está um tipo de soja com maior teor de proteínas e de melhor qualidade que poderá servir para o consumo tanto humano quanto animal.
Esta é uma área de grande interesse para o Brasil também – revela. - A biotecnologia é parte importante da equação que permitirá não só um aumento na produção como ter alimentos melhores e mais nutritivos que possibilitarão alimentar a crescente população mundial, contribuindo para a sustentabilidade e erradicação da fome.
Fonte: O Globo
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