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Publicado em 08/05/2014
Fatores que podem alterar a qualidade do biodiesel são objeto de um novo estudo da Embrapa Agroenergia. O foco da pesquisa é o monitoramento da qualidade do biodiesel, desde a usina onde ele é produzido até os postos de combustíveis, a fim de conhecer melhor o comportamento do combustível isolado e em mistura com o diesel. Para tanto, os cientistas vão utilizar as análises exigidas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), além de desenvolver novas metodologias que permitam identificar adulteração, degradação e contaminação química e microbiana.
A partir dos resultados obtidos, também serão desenvolvidas estratégias para inibir a ação de agentes responsáveis pela degradação, salienta a pesquisadora da Embrapa Agroenergia e líder do projeto, Itânia Soares. Uma das possibilidades é encontrar aditivos multifuncionais que possam minimizar os processos degradativos.
Cadeia produtiva
Problemas de qualidade podem afetar qualquer produto, inclusive os combustíveis fósseis. Quando isso acontece, surgem problemas como corrosão, entupimento de filtros e bicos injetores, além de outros danos nos motores de veículos. O diesel de petróleo pode passar por degradação química ou microbiana assim como o biodiesel. Este, no entanto, é mais higroscópico, ou seja, tem maior tendência a reter umidade, favorecendo o crescimento de microrganismos. Fatores como luz, calor e umidade também podem comprometer a qualidade do biodiesel, pois causam oxidação.
Para garantir a qualidade do biodiesel, são necessárias ações em todos os pontos da cadeia, da fabricação à venda ao consumidor final, passando pela mistura, pelo armazenamento e pelo transporte. Isso foi destacado por representantes do setor produtivo, revendedores, institutos de pesquisa e governo em workshop sobre o tema realizado pela Embrapa Agroenergia em agosto de 2012. Naquele evento, as questões relacionadas à estocagem do B5 (diesel com 5% de biodiesel) e ao transporte em vários modais (rodoviário, ferroviário, fluvial e marítimo) foram apontadas como as que dificultam a manutenção da qualidade do combustível.
Nesse sentido, a equipe do projeto da Embrapa Agroenergia coletará amostras em pontos de produção, transporte e distribuição do biodiesel, além de postos de revenda do B5. Para isso, contará com apoio da União Brasileira do Biodiesel e do Bioquerosene (Ubrabio), do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindicom), e da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes (Fecombustíveis). As coletas serão feitas no Centro-Oeste, região que respondeu, em 2012, por cerca de 45% da produção nacional do biocombustível, de acordo com dados da ANP.
Para monitorar problemas que podem acontecer durante a estocagem, os pesquisadores instalarão na Embrapa Agroenergia réplicas dos tanques utilizados nas usinas para armazenar o biodiesel. Eles vão avaliar possíveis alterações no biocombustível ao longo de 90 dias, no período de seca e no chuvoso, para medir principalmente a influência da umidade no processo de degradação.
Um dos pontos de destaque do projeto é o uso de técnicas avançadas para buscar microrganismos contaminantes pela análise do DNA. Com essa metodologia, é possível identificar linhagens não cultiváveis, que correspondem a cerca de 99% da biodiversidade microbiana.
Parcerias
As ações de pesquisa fazem parte do projeto "Desenvolvimento e validação de métodos inovadores para a garantia da qualidade do biodiesel e de suas misturas ao diesel", financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além da Embrapa Agroenergia, participam do projeto o Instituto Nacional de Tecnologia (INT), a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a ANP. A duração prevista para o estudo é de três anos.
Fonte: Com informações de Embrapa Agroenergia
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