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Publicado em 22/04/2014
A fim de diversificar a matéria-prima para geração de bioenergia, a Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Embrapa) avaliou o sorgo
biomassa como uma produção em potencial, principalmente na região do Mato Grosso. Em contrapartida, empresas
que comercializam sementes agem como ponte entre indústria e produtores, para fomentar a cultura. Cada tonelada de
matéria-seca produz um megawatt de energia e a rentabilidade do produtor pode ultrapassar R$ 4 milhões.
Pode ser considerado biomassa todo recurso renovável que provém de matéria orgânica - de
origem vegetal ou animal - tendo por objetivo principal a produção de energia. Desde o ano passado a Embrapa
desenvolve experimentos com o sorgo biomassa, uma modalidade da cultura com maior potencial de crescimento - diferente do
sorgo sacarino, utilizado para ração animal - principalmente na região do Mato Grosso e começa
a ser utilizado para a produção de etanol no Brasil. A proposta é avaliar a viabilidade do uso na biocombustão
das plantas para a geração de termoenergia em caldeiras.
A semente também foi cultivada, para este fim específico, em um projeto-piloto em Minas Gerais e estima-se
que, em breve, seja comercializada em todo o país. Para o pesquisador da Embrapa, Flávio Tardin, "a capacidade
do sorgo de fornecer energia, que é medida pelo poder calorífico superior, chega a 4.000 kcal/kg de matéria
seca, valor considerado alto para os estudos energéticos", diz.
A escolha do sorgo para a realização
das análises se justifica pelos baixos custos e rapidez de cultivo, além do fato de o processo ser totalmente
mecanizável. Surge como uma alternativa para diversificação aos produtores de milho e soja. A ideia da
empresa é que a planta seja utilizada de forma complementar a duas culturas já destinadas aos insumos energéticos:
a cana-de-açúcar e o eucalipto. Nos períodos de entressafra das duas culturas entra o sorgo. Sendo assim,
não haveria falta de insumo para a geração de energia renovável.
De acordo com a
Embrapa, o poder calorífico da cultura é menor do que o da lenha de reflorestamento, que chega a atingir 4.500
kcal/kg. No entanto, o eucalipto cultivado para uso da biomassa demora de três a quatro anos para ser cortado, enquanto
o sorgo é colhido no período de cinco a oito meses após o plantio, dependendo da região. Além
disso, a produtividade do sorgo pode ser superior à do eucalipto. Pesquisas realizadas na Embrapa Milho e Sorgo demonstram
a produção de até 60 toneladas de matéria seca por hectare. Em Mato Grosso, devido às condições
climáticas, a expectativa é de se chegar a 50 toneladas por hectare de matéria seca. O eucalipto, por
sua vez, produz em torno de 20 toneladas por hectare/ano em plantios voltados para esta finalidade no estado.
"A cultura do sorgo tem tudo para se tornar um modelo energético interessante ao mercado, pois se adapta bem ao processo
industrial e apresenta curto período de crescimento. Em no máximo 120 dias é possível plantá-lo
e colhê-lo", explica o diretor executivo da empresa Energias Renováveis do Brasil (ERB), Emílio Rietmann.
Fomento
Atualmente, em relação a outras culturas, o sorgo ainda perde em competitividade.
Dados do Safras e Mercado mostram que, enquanto o milho é vendido a R$ 24 por saca de 60kg, na região de Rondonópolis,
Mato Grosso, o sorgo é comercializado a R$ 9 por arroba FOB, em Primavera do Leste, no mesmo estado.
Neste
cenário, algumas empresas agem no fomento produtivo do sorgo através do intermédio com usinas a preços
maiores para o produtor e custos menores para a indústria, quando comparado a outros resíduos.
É caso da NexSteppe, empresa norte-americana estabelecida no Brasil desde 2011 com foco em desenvolvimento e comercialização
de culturas dedicadas à produção de energia e soluções para o abastecimento da cadeia produtiva
com o uso de energia.
A companhia chega aos produtores através de associações e cooperativas
e promove o intermédio com a indústria.
"Cada tonelada de matéria seca produz um megawatt
de energia. Para o ano que vem, já temos usinas interessadas em queimas entre 50 e 60 mil toneladas de sorgo biomassa
para geração energética, na qual 60% são utilizadas para abastecimento da indústria e 40%
para distribuição de rede", explica a diretora comercial Tatiana Gonsalves. Ela afirma que é possível
oferecer, por exemplo, R$ 70 por tonelada ao produtor, o que pode significar R$ 4,2 milhões em rentabilidade.
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