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Publicado em 08/04/2014
A Iniciativa Internacional do Genoma do Amendoim (IPGI) - um grupo multinacional de geneticistas que trabalham em conjunto
há vários anos – concluiu com sucesso o sequenciamento dos genomas de parentes silvestres do amendoim.
O amendoim cultivado é o resultado de um cruzamento natural entre duas espécies silvestres, Arachis
duranensis e Arachis ipaënsis que ocorreu possivelmente no norte da Argentina entre 4.000
e 6.000 anos atrás. Como eram duas espécies diferentes, o amendoim atual é um tetraploide, ou seja, a
espécie possui dois genomas distintos que são designados subgenomas A e B.
Para mapear a estrutura do genoma do amendoim, os pesquisadores do IPGI sequenciaram esses dois parentes silvestres, porque
juntos eles representam o amendoim cultivado. As sequências permitem acesso a 96% de todos os genes do amendoim em seu
contexto genômico, fornecendo o mapa molecular necessário para se produzir mais rapidamente variedades tolerantes
à seca, resistentes a doenças, mais produtivas e que demandam menos defensivos para sua produção.
Os pesquisadores da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia (Brasília, DF), uma das 47 unidades
de pesquisa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, manifestaram seu entusiasmo para as novas possibilidades
oferecidas pela disponibilidade das sequências desses genomas pois, até o momento, o melhoramento do amendoim
é feito relativamente às cegas, em relação a outras culturas. Esses avanços permitirão
compreender o e avançar no melhoramento genético do amendoim de formas antes apenas sonhadas.
As
duas espécies silvestres ancestrais foram coletadas na natureza décadas atrás. Arachis duranensis tem
ocorrência generalizada, mas A. ipaënsis foi coletada em um único local e, de fato, pode
estar extinta. Ao tentar compreender o complexo genoma do amendoim, ficou claro para os pesquisadores do IPGI que os genomas
das duas espécies parentais proporcionariam excelentes modelos para o genoma do amendoim cultivado: A. duranensis servindo
como um modelo para o subgenoma A e A. ipaënsis, como um modelo para o subgenoma B do amendoim.
Felizmente, devido a esforços anteriores de coleta e conservação de germoplasma, ambas as espécies
estavam disponíveis no Banco Ativo de Espécies Silvestres de Arachis(BAG-Arachis) da
Embrapa, e foram disponibilizadas para estudo e uso pelo IPGI. Além disso, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia
teve um papel crucial no fornecimento de populações de Arachis com subgenomas A e B, ácidos nucleicos
(DNAs e RNAs) utilizados para o sequenciamento, mapas moleculares de referência dos subgenomas A e B, transcriptomas
dos parentais do amendoim, estrutura do genoma de repetição, enfim, ferramentas e material essenciais para montagem
final dos genomas seqüenciados, e para construção das pseudomoleculas (cromossomos). O sequenciamento dos
genomas dessas espécies, além de servirem como guia para a montagem do genoma do amendoim cultivado, também
possibilitará decifrar as alterações genômicas que levaram à domesticação
do amendoim, marcada por aumentos no tamanho das sementes e mudanças no hábito de crescimento da planta.
A Iniciativa Internacional do Genoma do Amendoim reúne cientistas dos Estados Unidos, China, Brasil, Índia
e Israel, com os objetivos de sequenciar o genoma do amendoim, caracterizar a variação genética e fenotípica
do amendoim cultivado e seus parentes silvestres, bem como de desenvolver ferramentas genômicas para o melhoramento
do amendoim. O sequenciamento inicial foi realizado pelo BGI, Shenzen, China e a montagem das sequências no BGI, USDA-
ARS, Ames - IA e UC Davis, CA. O projeto foi viabilizado pelo financiamento da indústria de amendoim por meio da Peanut
Foundation, MARS Inc. além de três Academias Chinesas (Henan Academia de Ciências Agrárias, da Academia
Chinesa de Ciências Agrárias e Shandong Academia de Ciências). A lista completa das instituições
envolvidas com o projeto e de fontes de financiamento está disponível em www.peanutbioscience.com.
As sequências genômicas e informações adicionais estão disponíveis em
http://peanutbase.org/files/genomes/.
Fonte: Embrapa
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