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Publicado em 06/11/2013
A Embrapa Agroenergia, Brasília, DF , liderada uma pesquisa em que os cientistas querem aproveitar resíduos das usinas sucroenergéticas para cultivar microalgas, gerando óleo para produção de biodiesel e biomassa residual que pode servir de matéria-prima para etanol, carotenóides e outros pigmentos de alto valor agregado. A previsão da duração da pesquisa é de pelo menos três anos.
As microalgas são organismos microscópicos encontrados em corpos d’água doce, salgada e salobra
em todo o mundo. Cultivadas comercialmente em tanques de água a céu aberto ou em fotobiorreatores fechados,
elas são capazes de fornecer mais biomassa e óleo por área utilizada na produção do que
qualquer espécie vegetal conhecida. Para que se tenha uma ideia do ganho de produtividade, estimativas apontam
que, para substituir todo o petróleo consumido nos Estados Unidos por óleo de soja, seria preciso cultivar o
grão em uma área três vezes maior do que todo o território continental norte-americano. Substituindo
o óleo de soja pelo de palma (dendê), o espaço necessário cairia para 23% do território.
Por sua vez, o cultivo de microalgas para o mesmo fim ocuparia menos do que 4% da área daquele país.
Países como a China, Japão e Estados Unidos, são exemplos que lugares que já conseguiram desenvolver
a produção comercial de microalgas. Sua aplicação é variada, podendo ser utilizada nas
indústrias de cosméticos, rações e alimentos funcionais, já que são fonte de substâncias
como betacaroteno e ômega-3. Contudo, esses são produtos de alto valor agregado, especialmente os alimentos funcionais
e os cosméticos. O custo de produção das microalgas ainda é muito alto para o mercado de biocombustíveis.
“Um quilo de betacaroteno chega a custar 2.000 dólares, então, é possível obtê-lo
a partir de microalgas com a tecnologia disponível hoje. Mas, para gerarmos biocombustíveis, ainda precisamos
reduzir muito o custo”, explica o pesquisador da Embrapa Agroenergia, Bruno Brasil.
Na expectativa de
dar um passo à frente na busca pela viabilidade do uso de microalgas como matéria-prima para biodiesel e etanol,
o projeto capitaneado pela Embrapa está buscando microalgas de alto rendimento na biodiversidade brasileira, especialmente
na Amazônia e no Pantanal. Estirpes serão isoladas, testadas e selecionadas quanto à capacidade
de crescimento em meios a base de vinhaça e aerados com diferentes concentrações de gás carbônico
(CO2), dois resíduos abundantes de usinas de açúcar e etanol.
A abundância de nutrientes da vinhaça vem acompanhada de características menos favoráveis, como ser ácida e pouco translúcida, o que pode comprometer a capacidade de as microalgas fazerem fotossíntese. O desafio será encontrar o ponto ótimo entre o fornecimento de insumos, o crescimento das microalgas e a obtenção de óleo e biomassa.
A Fundação Universidade do Rio Grande é uma das parceiras deste projeto. Na opinião do professor
Luis Fernando Marins, a integração com uma indústria de biocombustível já estabelecida
no País é um dos diferenciais do projeto. Isso reforçaria a inserção das usinas sucroenergéticas
e do cultivo de microalgas no conceito de biorrefinaria, que prevê o aproveitamento total da biomassa, minimizando a
geração de resíduos.
Em busca de estirpes com alto rendimento, os pesquisadores também
vão fazer a caracterização genômica das linhagens promissoras, considerada uma área ainda
carente de resultados científicos. O primeiro sequenciamento de genoma de uma microalga promissora para a produção
de biocombustíveis só foi divulgado no ano passado.
Além destes objetivos, será o desenvolvimento
de protocolos de transformação gênica para melhoramento, atendendo a necessidade de desenvolver
cepas de microalgas que estejam adaptadas às diferentes condições climáticas do Brasil, que sejam
resistentes a pragas e boas competidoras em sistemas de cultivos abertos.
A Rota Estratégica em Biotecnologia Agrícola e Florestal, em atendimento ao fator crítico P & D, Tecnologia & Inovação, promove a articulação entre os atores do setor de bioenergia. Pesquisadores e empresas do setor se reúnem para discutir ações que possam alavancar o setor e tornar o Paraná provedor de soluções em bioenergia. A criação de uma Rede em Biotecnologia com foco em microalgas é a temática do grupo de trabalho do projeto de articulação desta Rota.
Fonte: Embrapa
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