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Novo estudo avaliou o potencial brasileiro para investir na iniciativa a ser adotada progressivamente. "É um conceito, mais do que uma ação", afirma especialista

Publicado em 09/11/2010

" Além de analisar o potencial brasileiro, outros temas foram tratados na recente publicação do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), "Química Verde no Brasil", em parceria com a E ..."
Além de analisar o potencial brasileiro, outros temas foram tratados na recente publicação do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), "Química Verde no Brasil", em parceria com a Escola de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Universidade Federal do Ceará (UFC). O livro traz uma perspectiva no horizonte temporal de 20 anos a começar em 2010, analisando panoramas, apresentando resultados e sugerindo ações a serem tomadas por governos e instituições para implantar o exercício do conceito de química verde no Brasil.

A publicação destaca que, em posição privilegiada quando o tema em debate é desenvolvimento sustentável, o Brasil pode despontar como líder mundial no aproveitamento integral de biomassas. As vantagens incluem sua enorme biodiversidade, água em abundância e diversidade do clima, entre outros fatores. Dividido em nove capítulos, o livro separa um para cada área de atuação da química verde: biorrefinarias (rota bioquímica e rota termoquímica), alcoolquímica, oleoquímica, sucroquímica, fitoquímica, conversão de CO2, energias renováveis e bioprodutos, biocombustíveis e bioprocessos.

Mais do que uma atividade
O conceito de química verde nasceu há cerca de dez anos na Agência de Proteção Ambiental dos EUA (EPA, sigla em inglês), em colaboração com a Sociedade Americana de Química (ACS) e o Instituto de Química Verde. Segundo o assessor técnico do CGEE, Elyas Medeiros, que participou da produção do estudo, química verde é uma filosofia, "um conceito básico para o desenvolvimento da nova economia e dos mecanismos de desenvolvimento socioeconômico limpo".

Define-se a expressão química verde pela utilização de técnicas e métodos químicos com o intuito de reduzir, ou até mesmo eliminar, a geração de produtos tóxicos e seu despejo no meio ambiente. Medeiros explica que este conceito deve percorrer toda a cadeia de produção de bens de consumo, pois funciona desde a extração da matéria-prima até a reciclagem. Uma mesa, por exemplo, necessita de madeira e deve ser preferencialmente reciclada ao fim do seu uso. Durante esses processos, a ideia de química verde deve ser exercida sob o paradigma da bioeconomia.

A bioeconomia, de acordo com o consultor do estudo e professor da Universidade Federal do Ceará (UFC), José Osvaldo Carioca, é uma nova abordagem econômica na maneira de encarar os processos químicos, considerando o impacto de processos industriais no meio ambiente e o uso de tecnologias limpas.

Vantagens brasileiras
O estudo do CGEE apontou as potencialidades do país em relação ao resto do mundo. Entre elas, encontra-se o fato de o Brasil possuir a maior biodiversidade do planeta, além de ter intensa radiação solar, água em abundância e grande variedade de climas em suas diferentes regiões. Em conjunto com esses fatores, o Brasil também foi pioneiro na produção de bicombustíveis da biomassa em larga escala, com especial destaque para o bioetanol. Essa área também esteve na pauta dos estudos do centro (clique aqui para visualizar as publicações lançadas).

Vale ressaltar também que o estudo chegou à conclusão que o país reúne condições para se tornar o principal receptor de investimentos no segmento de produção e uso de bioenergia. José Carioca explica que para tanto, o Brasil tem muita terra e necessidade de gerar empregos, o que caracteriza sua competitividade em relação aos países desenvolvidos. A maioria deles não dispõe de recursos renováveis ou terras e foca sua atuação na venda de tecnologias para os países em desenvolvimento. "Falamos de produtos químicos derivados da biomassa, não somente os bicombustíveis, mas sim, biopolímeros, fármacos e tantos outros", constata Carioca. Para o consultor, química verde vai além desses aspectos, já que ainda envolve a química ambiental - o desenvolvimento de tecnologias limpas para tratar os atuais processos poluidores, como a queima de combustíveis fósseis (carvão, petróleo, etc.).

Perspectivas do futuro
O estudo produziu uma visão de futuro da área que atingisse a necessidade de adequar o país aos novos paradigmas da bioeconomia: "Estabelecer uma dinâmica de inovação e competitividade para a indústria brasileira baseada em processos químicos que usam matérias-primas renováveis dentro do contexto da química verde." Com essa premissa, o trabalho conseguiu estabelecer cinco necessidades prioritárias e imediatas para a indústria no país: a institucionalização de um programa nacional, a estruturação de uma rede brasileira de PD&I em química verde, a criação de uma escola brasileira em química verde, o impulso do desenvolvimento da bioeconomia no país e a construção de marcos regulatórios para as indústrias que farão uso do conceito.

O programa nacional recomendado pelo estudo deve seguir as recomendações da International Union of Pure and Applied Chemistry (IUPAC), autoridade internacional de nomenclatura, terminologia e métodos de medida para ciências. Além disso, o programa deve formar parcerias com o setor industrial e assim dinamizar a economia e a produção.

A rede brasileira de química verde proposta na publicação deverá fomentar o conhecimento da atividade em empresas, centros de pesquisa e universidades, o que promoverá maior eficiência e reduzirá o impacto de processos químicos no meio ambiente brasileiro. Isso construirá um modelo industrial sustentável no médio e longo prazo, desejado mundialmente.

Também como proposta no estudo, sugere-se que a escola brasileira de química verde constitua um centro de difusão do conhecimento sobre o assunto. "Temos que formar novos talentos que possibilitem a continuidade do progresso", defende Carioca. O estudo recomendou ainda que a escola seja implantada junto a uma universidade com histórico e vocação no desenvolvimento da química no Brasil.

Em conjunto com a criação da escola, a quarta sugestão do livro explicita a necessidade da formação acadêmica nesse sentido, pois exige profissionais qualificados para fortalecer as cadeias produtivas envolvidas, tornando o Brasil mais competitivo na atividade. Por último, a necessidade de construir marcos regulatórios aparece como recomendação, já que, de acordo com o documento, é preciso estabelecer o que é permitido, como o uso ecologicamente correto e socialmente justo de recursos naturais. O estudo sugere a instalação de um núcleo de certificação de Produtos e Processos Limpos, que trabalhe em parceria com a rede e a escola nacionais de química verde. Este núcleo servirá para acompanhar a definição de marcos regulatórios no exterior para futura incorporação na legislação nacional.

Segundo José Carioca, as propostas têm a intenção de "agregar valor aos produtos do agronegócio brasileiro, priorizando a cooperação com indústrias, formando pessoas qualificadas e desenvolvendo projetos de demonstração comercial que incentivem os setores".

Metodologia
A produção do estudo contou com quatro etapas principais: a definição de temas e tópicos estratégicos, a construção dos mapas tecnológicos no Brasil e no mundo para cada tema, a proposição de ações para a Agenda da Rede Brasileira de Química Verde e a consolidação do roadmap estratégico para três períodos: de 2010 a 2015, de 2016 a 2025 e de 2026 a 2030.

Fátima Ludovico, consultora responsável pela metodologia do estudo, ressaltou ao Notícias.CGEE que a contribuição intelectual e a articulação entre os setores foram cruciais para alcançar os objetivos do estudo. Para os desdobramentos futuros, a consultora diz que "espera-se que o governo federal, os governos estaduais, universidades, empresas e outros atores chaves busquem maximizar a eficiência no uso dos recursos naturais, por meio da aplicação dos conceitos de química verde, como os propostos pela publicação".

Para fazer o download da publicação, clique aqui.

Ficha técnica de Química Verde no Brasil 2010-2030

Supervisão
Fernando Cosme Rizzo Assunção
Consultores
José Osvaldo Bezerra Carioca
Maria de Fátima Ludovico de Almeida
Peter Rudolf Seidl
Equipe técnica CGEE
Demétrio Antonio da Silva Filho (coordenador)
Elyas Ferreira de Medeiros
Colaboradores
Adelaide Maria de Souza Antunes (Escola de Química da UFRJ)
Andressa Gusmão (UFRJ)
Carlos René Klotz Rabello (Petrobrás/CENPES)
Daniel Hoefle (UFRJ)
Eduardo Falabella Sousa-Aguiar (Petrobrás/CENPES e Escola de Química da UFRJ)
Flávia Maria Lins Mendes (UFRJ)
Flavio Araújo Pimentel (Embrapa Agroindústria Tropical)
José Vítor Bomtempo Martins (Escola de Química da UFRJ)
Larissa Barreto Paiva (UFRJ)
Lucia Gorenstin Appel (Instituto Nacional de Tecnologia - INT)
Manoel Régis Lima Verde Leal
(Centro de Energias Alternativas e Meio Ambiente - CENEA)
Mariana Azpiazu (UFRJ)
Marlos Alves Bezerra (Embrapa Agroindústria Tropical)
Nei Pereira Júnior (Escola de Química da UFRJ)
Paola Galera (UFRJ)
Paulo Marcos Craveiro
(Centro de Energias Alternativas e Meio Ambiente - CENEA)
Regina Celi Araújo Lago (Embrapa)
Rodrigo Cartaxo (UFRJ)

Fonte: CGEE

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