clique para ampliar Estudantes da Faculdade de Apucarana apresentam projetos (Foto: Sandro Kloch) |
Empresários, universitários, comunidade e setor público de todo o Paraná vão trabalhar
juntos para mudar os indicadores de sustentabilidade e alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)
em todas as regiões. O compromisso assumido pelos diferentes setores da sociedade é o principal resultado da
primeira etapa dos Círculos de Diálogo realizada pelo Movimento Nós Podemos Paraná em prol dos
Objetivos do Milênio.
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No primeiro semestre deste ano, foram realizados 30 encontros envolvendo mais de 5.100 universitários, empresários e comunidades de todas as regiões do Paraná. Durante os Círculos de Diálogo, surgiram cerca de 450 projetos relacionados aos ODM - metas pactuadas pelo Brasil e por outros 190 países membros das Nações Unidas para melhorar indicadores sociais, ambientais e econômicos. Os encontros foram realizados em parceria com Instituições de Ensino e comunidades.
"Estamos levando a informação acerca dos Objetivos do Milênio aos jovens. Percebemos que muitos desconhecem o contexto das metas do milênio, mas, ao mesmo tempo, constatamos que há um interesse em conhecer o que pode ser feito para melhorar a realidade local", afirma a coordenadora do Movimento, Maria Aparecida Zago. O Nós Podemos Paraná é articulado pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e trabalha, desde 2006, para que o Estado antecipe o alcance dos Objetivos do Milênio para 2010, cinco anos antes do prazo estipulado pela ONU.
O prefeito de Apucarana, João Carlos de Oliveira, ressalta a importância da parceria para o alcance de resultados. "Essa parceria com a Fiep é de extrema importância para que possamos desenvolver um projeto sério e que almeje o desenvolvimento da sociedade", afirma, destacando que a prefeitura está utilizando os ODM como base para o desenvolvimento de políticas públicas e projetos sociais.
clique para ampliar A oficial do programa de voluntários da ONU, Anika Gärtner, participou da abertura dos trabalhos (Foto: Rogério Theodoovy) |
Para a oficial do prgrama de voluntários da Organização das Nações Unidas - ONU, Anika Gärtner, o essencial para que as metas sejam cumpridas é que cada um faça a sua parte. "É preciso pensar global e atuar localmente, como está sendo feito no Paraná, pois é de pouco em pouco que os resultados são obtidos e se tornam grandes", afirma Anika, que participou da abertura dos trabalhos no Paraná.
"Todos podem contribuir para um mundo melhor. Atitudes simples, como emprestar seu tempo, fazer um trabalho voluntário, usar uma sacola retornável, separar o lixo, são formas de mudar o mundo", afirma o professor Nelson Canabarro, que coordena o Núcleo Regional do Nós Podemos Paraná em Ponta Grossa. Ele destaca o trabalho desenvolvido por um grupo de dezoito mulheres de Ponta Grossa que hoje tiram seu sustento vendendo bolsas feitas de banners. "São 18 pessoas que mudaram seu mundo através de um projeto que surgiu do Circulo de Diálogo."
Projetos - Durante os encontros, os participantes desenvolveram projetos que contemplam cada um dos ODM. Dentre as mais de 450 propostas destacam-se: incentivo ao total aproveitamento dos alimentos e diminuição dos custos; vacinação das crianças nas creches; ampliação do Programa Saúde da Família; incentivo à amamentação e ao exame pré-natal; prevenção do HIV na terceira idade e em casais; coleta seletiva do lixo e reciclagem; conscientização ambiental nas escolas públicas; capacitação e reciclagem de professores para utilização de novas tecnologias da informação, visando a melhoria do ensino; inclusão e garantia de direitos de mulheres e idosos; e prevenção de doenças de impacto epidemiológico, como HIV e dengue.
A próxima etapa é a execução dos projetos. Os participantes que desenvolverem e aplicarem os trabalhos poderão receber certificação da United Nations Volunteers Programme (UNV), programa de voluntários da Organização Nações Unidas - ONU. Os projetos ainda passarão por uma avaliação para serem apresentados no 2º. Congresso Nós Podemos Paraná, em outubro, em Curitiba.
Embora a certificação da ONU possa atrair muitos voluntários, para os estudantes, a certificação não é o mais importante. "Colaborar para o alcance dos ODM e fazer algo em prol de um mundo melhor é o mais estimulante", afirma Taciana Vasselai, aluna do 7.º período do curso de Fisioterapia da Universidade Federal do Paraná. Para Ivan Wanderson Siqueira, aluno do 1º período de Administração na Unifae, o maior reconhecimento em desenvolver um trabalho social não é a certificação, mas sim a certeza de estar contribuindo. "Realizar um trabalho como esse é uma forma de contribuir para a humanidade e ver na prática que seu projeto tem sucesso e está ajudando as pessoas", diz.
Na maioria das universidades onde ocorreu o encontro, haverá um acompanhamento por parte dos professores orientadores e equipe pedagógica. Na Universidade de Ensino Superior Ingá (Uningá), em Maringá, os alunos serão incentivados a desenvolver projetos de iniciação científica ou extensão. "Todos os trabalhos terão um professor orientador, que será responsável por verificar o bom andamento e aplicabilidade dos projetos", afirma Rogério Tiyo, coordenador do curso de Farmácia.
Ensino Médio - O Movimento Nós Podemos Paraná realizou um encontro piloto, envolvendo estudantes de ensino médio de União da Vitória, para verificar a percepção de jovens de 14 a 17 anos acerca dos Objetivos do Milênio. O resultado foi tão positivo que, a partir de 2009, os Círculos de Diálogo envolverão estudantes do ensino médio, principalmente os do Colégio Sesi.
Na avaliação da diretora do Colégio Sesi União da Vitória, Rosangela Maria Padilha Schmitt, os resultados superaram as expectativas. "Os alunos participaram com ótimas sugestões, todos dispostos a ajudar. Já desenvolvemos projetos voluntários na escola, mas esperamos que, a partir dessa iniciativa, mais jovens queiram contribuir com o desenvolvimento de um mundo sustentável", diz, destacando que a iniciativa de envolver os jovens nas discussões deve ser difundida para outras unidades do Colégio Sesi.
O estudante do 1º ano do Colégio Sesi, Luis Felipe Macondes da Silva, de 15 anos, pensa nos resultados em longo prazo. "É muito importante termos esse conhecimento básico sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Se não começarmos a agir agora, o que vamos deixar o que para nossos filhos, e netos? É preciso começar uma mudança de atitude já", destaca.
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