Moradores de comunidade pobre decidem investir na construção de biblioteca após discutir Objetivos do Milênio com grupo de voluntários
A comunidade pesqueira de Cururu-Água-Boa, no Pará, sobrevive da pesca, tem baixa renda, um único telefone público que funciona e um paraíso ambiental para cuidar. Ainda assim, a educação foi o primeiro problema que eles decidiram começar a resolver. Quando o projeto Eu Tenho Oito Objetivos propôs a realização de ações para melhoria da região, moradores e voluntários escolheram, como prioridade, construir uma biblioteca.
"Eles tem uma sensibilidade muito grande com a questão da educação, surpreende", afirma um dos coordenadores da ação, João Carlos Addario. O projeto realizou uma série de palestras no centro comunitário do vilarejo sobre todas as áreas dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM), uma série de metas socioeconômicas que os países da ONU se comprometeram a atingir até 2015.
Apesar de as palestras abordarem temas de saúde, meio ambiente e pobreza, as sugestões dos moradores para o projeto foram todas na área da educação, e a biblioteca terminou sendo a proposta preferida. "Eles fizeram questão de mostrar para a gente que entendem que a educação é a arma que a comunidade precisa para se desenvolver", ressalta Addario.
A biblioteca, que terá livros para os alunos de ensino fundamental e médio, será a única da região e deve ficar pronta até o fim deste ano. Cururu-Água-Boa tem apenas uma escola, na qual só estudam alunos de primeira à quarta série. Como há apenas duas salas de aula, estudantes de anos diferentes dividem o mesmo espaço. "E não há lugar para estudar, os estudantes fazem pesquisa numa pequena sala do centro comunitário", conta Addario.
Além de facilitar as pesquisas escolares, a biblioteca deve reunir documentos existentes sobre a história da comunidade. Há ainda planos, afirma Addario, de trabalhar com alguns moradores para que eles escrevam sobre o local e os processos de pesca que eles têm.
A pesca é a maior fonte de renda das cerca de 75 famílias, que sofrem com a dificuldade de acesso ao local, a sudeste da Ilha de Marajó. "Eles dependem de atravessadores para escoar a produção e acabam vendendo muito barato", conta Addario. Em todo o município de Salvaterra, ao que pertence a comunidade, 50% da população vivia com menos de um salário mínimo de acordo com o Mapa da Pobreza e desigualdade de 2003 do IBGE.
O Eu Tenho Oito Objetivos é uma iniciativa de jovens voluntários do GADE (Grupo de Ação pelo Desenvolvimento) em parceria com o UNV (Voluntários das Nações Unidas). O grupo de universitários e recém-formados ainda promove palestras sobre os ODM e voluntariado em três escolas e duas universidades da região metropolitana de Belém.
Além de divulgar informações sobre as metas, o grupo quer incentivar a formação de novos voluntários. "Esperamos despertar um espírito para que se formem grupos autônomos de trabalho voluntariado", conclui Addario. Para isso, algumas palestras capacitam os alunos para como elaborar projetos voluntários, que tipo de fatores são necessários considerar.
Fonte: PNUD
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