Brasil tem terceiro maior índice de mortalidade infantil na América do Sul
O Brasil é o país com o terceiro maior índice de mortalidade infantil na América do Sul. A informação consta do Relatório sobre a Situação da População Mundial 2008, divulgado pelo Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa).
De acordo com o estudo, a estimativa para este ano é que, em cada grupo de mil crianças nascidas vivas no país, 23 morram antes de completar 1 ano de idade. O índice brasileiro só não é maior do que o da Bolívia, com 45 mortes, e o do Paraguai, com 32.
Na América do Sul, a menor taxa foi registrada no Chile, que apresenta uma média de sete mortes para cada grupo de mil crianças nascidas vivas. Em seguida, aparecem Argentina e Uruguai, ambos com 13 óbitos, e Venezuela, com 17.
De acordo com o relatório, o Brasil registra também o terceiro pior índice em relação à expectativa de mortalidade entre crianças menores de 5 anos para 2008.
A estimativa é que 32 meninos e 24 meninas nessa faixa etária em cada grupo de mil crianças nascidas vivas morram em decorrência das chamadas doenças da infância. A primeira posição nesse ranking é ocupada pela Bolívia, com taxas de 64 (meninos) e 55 (meninas). Em segundo, vem o Paraguai, com 43 e 32, respectivamente.
Taxa de mortalidade infantil caiu, diz Ministério da Saúde
Segundo o Ministério da Saúde, a taxa atual de mortalidade infantil no país (referente ao ano de 2006) é de 20,4 mortes em cada grupo de 1.000 nascidos vivos. O comunicado foi feito na noite desta quarta-feira, após a divulgação do relatório do Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa). O documento diz que, a cada mil crianças nascidas vivas no Brasil, 23 morrem antes de completarem um ano.
Entre 1986 e 2006, a taxa de mortalidade infantil no Brasil caiu 65% - de 58,5 para 20,4 mortes por mil nascidos vivos, de acordo com o governo.
O Ministério também afirma que fechou um acordo com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para que esses dados passem a ser utilizados como referência para a produção de relatórios mundiais sobre o tema. A expectativa é que essa mudança eleve a posição do Brasil no ranking mundial.
O comunicado também cita artigo publicado na revista científica "The Lancet", em abril de 2008, que incluiu o Brasil em segundo lugar na lista dos dez países com maior velocidade de redução da taxa de mortalidade infantil, um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. O Peru lidera a lista, com redução de 68%.
ONU diz que 536 mil mulheres morrem em decorrência da gravidez por ano
O Relatório sobre a Situação da População Mundial 2008, divulgado na íntegra nesta quarta-feira (12) pelo Fundo de População das Nações Unidas (Unfpa), alerta que o número de mulheres que morrem em decorrência da gestação e do parto permanece basicamente inalterado desde 1980. A média é de 536 mil óbitos por ano em todo o mundo. Outros cerca de 15 milhões de mulheres sofrem lesões ou adoecem.
A publicação sugere que abordagens sensíveis às diferenças culturais são ferramentas "essenciais" para ações focadas na promoção da saúde reprodutiva e sexual, bem como para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio.
A redução da mortalidade materna e a prevenção de lesões, ressalta a Unfpa, dependem de um melhor atendimento durante a gestação e o parto, além de serviços de emergência em casos de complicações e do acesso ao planejamento familiar.
Mutilação
Como exemplo, o texto cita que diversos governos e mesmo a comunidade internacional em geral consideram a mutilação genital feminina uma "violação" aos direitos humanos e um "perigo" à saúde mental e física das mulheres. Entretanto, de acordo com o relatório, a prática permanece "disseminada" e "arraigada" em algumas comunidades.
"Ela pode até mesmo ser considerada essencial para o ingresso na vida adulta e para a aceitação plena na comunidade. As mulheres que não se submetem podem ser consideradas feias e sujas. Acabar com essa prática implica levar em consideração todos os diferentes significados culturais e descobrir alternativas relevantes, em estreita cooperação com a comunidade", destaca a Unfpa.
A publicação cita exemplos positivos como o de monges budistas no Camboja e de líderes locais no Zimbábue, que se destacam no combate ao HIV e à Aids. Alianças bem-sucedidas, segundo o relatório, devem buscar parcerias amplas que incluam organizações de mulheres, jovens e trabalhadores, "para se fortalecer de forma conjunta".
Já em relação à religião, a Unfpa reconhece que essa questão, por ser tema central na vida de muitas pessoas, influencia nas decisões e ações "mais íntimas", mas que os apelos à religião podem ser utilizados para justificar violações consideradas "lamentáveis" dos direitos humanos - como o assassinato de mulheres em nome da "honra" ou mesmo os "crimes passionais".
A participação dos homens na implementação e na execução de programas de saúde reprodutiva também é apontada pelo relatório como uma forma de garantir "sensibilidade cultural" e de vencer resistências.
Fonte: UOL
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