12/05/2008

Gravidez na adolescência

9 entre 10 mães têm de se virar sozinhas

9 entre 10 mães têm de se virar sozinhas

Falta de apoio do pai e da família leva ao abandono da escola e compromete os planos para o futuro

Estudo realizado com 378 mães adolescentes pela médica Albertina Duarte Takiuti, coordenadora do Programa Saúde do Adolescente da Secretaria Estadual da Saúde de São Paulo, mostra que quase 90% dos filhos frutos dessas gestações precoces acabam sendo cuidados apenas pelas mães, sem ajuda do pai da criança. Na falta de apoio, muitas acabam abandonando a escola e, com isso, praticamente minam os planos de um futuro melhor.

Nessa situação de estagnação no desenvolvimento pessoal, a auto-estima fica abalada e a chance da reincidência da gravidez é alta. Conforme revela Albertina, estima-se que 40% dessas mães precoces voltem a engravidar em dois anos. Sempre de pais diferentes.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de bebês nascidos de mães entre 10 e 19 anos aumentou 11,06%, entre 1998 e 2006, tendo ocorrido um salto considerável entre meninas com menos de 15 anos (37,4%). Isso representa o nascimento de 1.568 bebês por dia e 65 por hora, todos de mães adolescentes.

É consenso entre especialistas de que a gravidez na adolescência não tem como causa a falta de informação. Segundo levantamento realizado por Albertina entre os jovens assistidos pelo Programa Saúde do Adolescente, 90% conhecem os métodos anticoncepcionais. O problema é que quase 80% não fazem uso deles na primeira relação. Pior: 50% não pensaram em nada durante a transa, só no prazer. Apenas 40% se preocuparam em evitar a gravidez, e quase 20% nem sequer sabiam o que era necessário fazer para se proteger.

Falta diálogo

Para Albertina Takiuti, que há 20 anos está envolvida com esse tema e trabalha com programas de prevenção de gravidez na adolescência, o problema é a insegurança. “Nas primeiras relações sexuais, as meninas se preocupam muito em agradar o companheiro, enquanto que o garoto tem medo de falhar e se volta para seu desempenho. Dessa forma, a menina segue o caminho da servidão e ele, da dominação. Onde existe insegurança, há dificuldade de diálogo. A conversa entre eles gira em torno dos sentimentos, das sensações da paixão, raramente chegam a falar sobre contracepção ou sexo seguro.”

Ana Paula Marques coordena o projeto Assistência à Mãe Adolescente, uma das atividades realizadas pela Associação Suíço-Brasileira de Ajuda à Criança (Brascri), e acredita que a gravidez na adolescência está associada a outro fenômeno. Na opinião dela, tornar-se mãe prematuramente é um mecanismo de defesa usado inconscientemente pelas meninas para pular uma fase da vida, pautadas pela falta de perspectiva, repleta de dificuldades e sem sonhos de um futuro melhor.

“Sabem que não é fácil manter uma criança, mas, como elas mesmas costumam dizer: ‘a ficha não cai’ durante a gestação, ou seja, só enxergam toda a problemática quando a criança nasce”, diz Ana Paula. “Como geralmente vêm de famílias numerosas e muitas vezes desestruturadas, elas garantem uma situação privilegiada, pois, grávidas, acabam tendo o direito de dormir em uma casa só para elas, entre outras regalias, como ganhar mais atenção e até mais comida.”

“Contar para a família foi traumático”

Jéssica M.K. da Silva, 14 anos, tem um bebê de 3 meses. É ela quem dá banho e troca as fraldas. A avó, Girlene, só fica de olho. Aos 13 anos, conheceu o namorado e engravidou. “Contar para a família foi traumático”, lembra Jéssica. Por isso, foi morar na casa do companheiro. Não deu certo e voltou para casa dos pais, em Campo Largo.

No início da gestação, terminou o ensino fundamental. Depois do nascimento, iniciou o ensino médio. Entre uma amamentação e outra, mesmo deixando o bebê com a avó, responsável pela limpeza na escola estadual em que Jéssica estuda, não tem dado certo. Mas continua insistindo. Seu sonho é conseguir um trabalho e ficar totalmente responsável pelo filho.

M.C.S. 15 anos, está no sétimo mês de gravidez. O companheiro, 18 anos, diz que o bebê não é dele. Ela tem esperança de que depois do nascimento ele assuma a filha. Hoje, ela vive a expectativa do parto, mas sabe que depois tudo vai mudar. Mora com a mãe no Parolin e sabe que terá que trabalhar mais cedo ou mais tarde. Só volta aos estudos em 2010.

Fonte: Gazeta do Povo

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