31/03/2008

Educação

Melhoria da educação depende do envolvimento da sociedade

Melhoria da educação depende do envolvimento da sociedade

Educação é responsabilidade de todos, não apenas dos governos e profissionais da área. Observatório de Indicadores faz análises e divulga dados do Paraná de maneira regionalizada

A sociedade começou a se mobilizar em torno da educação e percebeu que ela é responsabilidade de todos, não apenas dos governos e profissionais da área. A partir da necessidade de haver uma mobilização social, em cada município, e para garantir a melhoria da Educação Básica no país, eventos e movimentos estão trabalhando a educação de maneira multisetorial.

O Sistema Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), como entidade representativa das indústrias, levanta esta bandeira. “A educação básica de qualidade, aliada ao envolvimento das comunidades em ações locais, cria um ambiente favorável ao empreendedorismo, o que eleva a competitividade das empresas e do País como um todo”, afirma o presidente do Sistema Fiep, Rodrigo da Rocha Loures.

É senso comum que o Brasil precisa modernizar, rapidamente e com qualidade, seu sistema de ensino. Pesquisas mostram que o Brasil tem um dos piores índices de educação se comparado a outros países. Uma pesquisa realizada em 2006 pelo Programa Internacional para Avaliação de Alunos (Pisa), apontou que o Brasil alcançou as últimas posições nas avaliações de ciências, leitura e matemática. Dos 57 países participantes, os alunos brasileiros alcançaram a 54ª colocação na avaliação de matemática, precisando aumentar em quase 50% sua nota para alcançar Taiwan, primeira colocada. Em leitura, o Brasil é o 49º colocado de 56 países e em ciências, o 52º entre 57 pesquisados.

Outra pesquisa, ainda inédita, preparada pelo Instituto de Estatísticas e Pesquisas Educacionais (Inep), ligado ao Ministério da Educação, revelou que um terço das crianças brasileiras matriculadas na 4.ª série do ensino fundamental não sabe nem sequer o que deveriam ter aprendido ao final do 1.º ano de escola. Isso significa que as crianças não conseguem entender o enunciado de uma questão ou mesmo uma historinha um pouco mais longa.

Apesar dos dados negativos, existem exemplos que mostram que o investimento em educação tem gerado resultados. Uma recente pesquisa realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ministério da Educação (MEC) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime), revelou boas práticas de redes municipais de ensino espalhadas em todo o território nacional. Dos 37 casos de sucesso, cinco são do Paraná: Jesuítas (Oeste), Marilena (Noroeste), Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), Realeza (Sudoeste) e São Jorge d’Oeste (Sudoeste).

Soluções simples e de fácil aplicabilidade garantiram bons resultados. Biblioteca itinerante, auto-avaliação e diagnóstico de problemas específicos, atendimento individualizado aos alunos, proposta pedagógica definida em conjunto com a comunidade, formação dos professores e acompanhamento do processo, são algumas das soluções encontradas pelos municípios paranaenses para elevar a nota do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb).

A maioria das análises, porém, apresenta os números da educação de maneira global, não apresentando os estudos com informações desagragadas. O Orbis, Observatório de Indicadores de Sustentabilidade, monitora o desenvolvimento do estado e está estruturado para realizar essas análises e tem divulgado os dados desagregados dos municípios paranaenses. É um programa do Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD), apoiado pelo Sistema Fiep e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi).

Segundo a coordenadora executiva do Orbis, Luciana Brenner, o principal papel do Observatório é levantar e analisar os indicadores de forma regionalizada e municipalizada, tornando a informação mais acessível a toda população. “O Orbis desagrega os dados e os leva para a população através do Movimento Nós Podemos Paraná, iniciativa do Sistema Fiep que tem como objetivo contribuir para que o Estado alcance os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM) até 2010, cinco anos antes do prazo estipulado pela ONU”, diz.

Propostos pela Organização das Nações Unidas, os ODM são uma série de metas sócio-econômicas, que abrangem as áreas de renda, educação, saúde, gênero e meio ambiente.
“Garantir a educação básica e de qualidade para todos é fundamental para atingir todos os demais objetivos”, comenta o coordenador do Núcleo Regional do Nós Podemos Paraná nos Campos Gerais, Nelson Canabarro. “É necessário envolver a comunidade em projetos estruturantes e trazê-la para dentro da escola, para agregar valor à educação”, afirma.

Educação no Paraná – Universalidade de acesso, rendimento escolar, alfabetização e qualidade do ensino são alguns dos indicadores educacionais acompanhados pelo Orbis. Dados do Observatório mostram que o Paraná oferece praticamente acesso universal ao ensino fundamental; mesmo assim, em 2006, 4,2% das crianças de 7 a 14 anos estavam fora do sistema educacional. No ensino médio, a situação é mais grave. Devido à evasão e à defasagem, a taxa líquida de matrícula era de 47,2%.

No IDEB (Índice de Desenvolvimento do Ensino Brasileiro), que combina informações de rendimento escolar e testes de aprendizado, o Paraná alcançou na rede pública a média 4,4 para os anos iniciais do ensino fundamental; apenas 3,3 nos anos finais e 3,4 no ensino médio. O índice pode variar numa escala de 0 a 10. A cidade paranaense melhor qualificada foi Ivatuba (na região de Maringá), que apresentou a nota 6,0 nos anos iniciais do ensino fundamental na rede municipal.

Entre as mesorregiões, a sudoeste é a que apresenta melhor média: 4,5 para os anos iniciais do fundamental. Já a região Centro Sul apresenta a menor índice, com 3,7.

A defasagem idade-série eleva-se à medida que se avança nos níveis de ensino. Entre a 1.ª e a 4.ª série do ensino fundamental, uma em cada dez crianças estão com idade superior à recomendada. No ensino médio, além de maior evasão, a distorção idade-série atinge praticamente um a cada três estudantes.

Em alguns municípios, a distorção chega a atingir 39% no ensino fundamental e 57% no médio. O sudoeste do Paraná possui o menor índice de defasagem: 13,7% para o fundamental e 22,0% para o médio. Já a RMC apresenta os maiores índices: 20,2% e 37,7%, respectivamente.

A escolaridade da população adulta - entre 25 anos ou mais de idade - ainda é baixa em varias regiões do Paraná, principalmente na região central do Estado e no Vale do Ribeira; 99 municípios apresentam escolarização média inferior a 4 anos de estudo entre as pessoas de 25 anos de idade ou mais, ou seja, insuficiente para completar a 4.ª série do ensino fundamental.

Em 2000, Curitiba era o único município do Estado com média de escolaridade acima de 8 anos, ou seja, com o ensino fundamental concluído.

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