PR tem 5 exemplos em educação
Jesuítas, Marilena, Pinhais, Realeza e São Jorge D’Oeste superam média nacional
Paraná, Minas e Goiás são os estados com o maior
número de redes municipais de ensino consideradas exemplos a serem seguidos. É o que mostra a pesquisa “Redes
de Aprendizagem – Boas Práticas de Municípios que Garantem o Direito de Aprender” divulgada ontem
no 3.º Fórum Extraordinário dos Dirigentes Municipais de Educação, em Brasília. Ao
todo, 37 redes municipais em 15 unidades da federação foram consideradas casos de sucesso, com Índice
de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb) acima de média nacional (3,8). Elas são campeãs
de aprendizagem, apesar das adversidades. A Região Sul tem dez redes na lista, metade delas só no Paraná:
Jesuítas (Oeste), Marilena (Noroeste), Pinhais (região metropolitana de Curitiba), Realeza (Sudoeste) e São
Jorge d’Oeste (Sudoeste).
A pesquisa foi elaborada entre outubro e novembro de 2007 pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Ministério da Educação (MEC) e União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). Sem fazer um “ranqueamento”, o objetivo do estudo foi identificar boas práticas de redes municipais de ensino espalhadas em todo o território nacional.
As redes foram escolhidas com base no cruzamento de informações socioeconômicas dos alunos, dos municípios e a nota do Índice de Desenvolvimento de Educação Básica (Ideb). Para cada rede, foi calculada a diferença entre o Ideb observado em 2005 e o Ideb médio estimado (com base no perfil socioeconômico dos alunos e do município). A diferença representa quanto cada rede municipal se destaca do que seria esperado para aquela realidade socioeconômica.
Em comum, as redes escolhidas pela pesquisa tiveram bons resultados de aprendizagem medidos pelo Ideb, apesar de uma situação socioeconômica adversa.“Existem ingredientes de sucesso que fazem a diferença mesmo quando tudo conspira contra a aprendizagem da criança”, afirmou a representante do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Poirier, durante a divulgação da pesquisa ontem.
“O achado mais interessante é que não há nenhuma enorme novidade”, afirma a oficial de projetos de educação da Unicef Brasil, Salete Silva. O que ficou demonstrado, segundo os pesquisadores, é que para garantir a aprendizagem de todos, é preciso considerar o direito de aprender de cada um.
Apesar de não haver uma receita única, a partir de visitas de campo às redes bem-sucedidas, os pesquisadores descobriram dez práticas que, articuladas, garantiram o bom resultado: ações que privilegiam o foco na aprendizagem (organizar as escolas para se chegar a um “ensino de resultados”), consciência e práticas de rede (integração das escolas da rede em um mesmo método de trabalho), planejamento, avaliação como ferramenta de aprendizagem, valorização do professor, formação do corpo docente, valorização da leitura, atenção individual ao aluno, atividades complementares e parcerias externas.
Outros sete aspectos considerados importantes, mas citados por um número menor de redes são: acesso à Educação Infantil, interação com as famílias e a comunidade, prática por projetos, respeito ao tempo escolar, infra-estrutura, perfil e papel da direção escolar e plano de carreira, cargos e salários. Atitudes como atenção, capricho, abertura e solidariedade também são regras de ouro.
Para a secretária de Educação Básica do MEC, Maria do Pilar Lacerda, as boas práticas devem ser disseminadas para outras redes. “Queremos que as outras redes conheçam essas boas experiências”, afirma. “São soluções simples, fáceis de serem aplicadas.”
Conheça as soluções de cada município
Com Ideb de 5,0, Realeza foi um dos municípios mais citados na pesquisa. Segundo a secretária municipal da Educação,
Tânia Lotici Rodoy, um dos projetos mais comentados é o Arrastão do Aprendizado: uma vez por mês,
os gestores visitam os colégios e vistoriam os cadernos dos estudantes, avaliando sua evolução.
Outro projeto é o “Baú do Conhecimento”, uma espécie de biblioteca itinerante. A cidade também tem um corredor do transporte escolar. Quatro das sete escolas municipais oferecerem educação integral.
Com um Ideb igual ao de Realeza, Pinhais foi reconhecida principalmente pelo processo de auto-avaliação. “Fazemos diagnósticos de problemas específicos e planos de recuperação. Não deixamos ninguém para trás”, afirma a diretora da Escola Municipal João Leopoldo Jacomel, Laurinda da Rosa. “Ensinamos o colega segurando o lápis junto com ele, depois que terminamos a nossa lição”, exemplifica a estudante Karen Riesembeg, 7 anos.
Com Ideb de 5,1, São Jorge do Oeste mereceu destaque pelo atendimento individualizado. Lá, as crianças podem escolher entre 11 opções no contraturno, da arte circense à informática. Os alunos com dificuldades são encaminhados para avaliação oftalmológica, psicológica e psicopedagógica.
O plano de cargos e salários do município exige 150 horas de capacitação a cada dois anos. “Nossos professores participam de cursos regulares e especiais no período noturno e até durante o expediente, quando necessário”, diz a coordenadora pedagógica da Secretaria Municipal da Educação, Janete Krohn Parzianello.
Para a coordenadora pedagógica de Marilena, Marli Magalhães, a receita para o Ideb de 4,5 é simples: proposta pedagógica definida em conjunto com a comunidade, formação dos professores e acompanhamento do processo.
“Nosso segredo é investir na qualificação dos professores, criar projetos de contraturno e buscar a aproximação das famílias para assegurar o acompanhamento das crianças quando estão fora da escola”, resume a secretária da Educação de Jesuítas, com Ideb de 4,5, Iodete Aparecida Alves Picolo.
MEC apóia recuperação de cidades com Ideb baixo
Os secretários de educação dos 1.242 municípios com os mais baixos índices de desenvolvimento
da educação (Idebs) participam esta semana, em Brasília, de oficinas sobre a avaliação
das atividades desenvolvidas nos últimos quatro anos. Eles também vão receber lições de
planejamento da transição para o próximo dirigente.
As oficinas são parte do Programa de Apoio aos Dirigentes Municipais de Educação, desenvolvido pela Secretaria de Educação Básica (SEB), órgão do Ministério da Educação (MEC). Os 1.242 municípios são considerados os que têm as estruturas técnicas mais precárias no país.
Palestra
Além das oficinas, os dirigentes assistirão a uma palestra sobre o papel republicano do município na
construção e sustentabilidade das políticas públicas de educação e a apresentação
da pesquisa que reúne 37 redes municipais de educação, de 15 estados, que são modelo de gestão.
Fonte: Gazeta do Povo
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