ONU lança campanha global para erradicar violência contra a mulher
A Organização das ONU propôs nesta segunda-feira como meta vinculada aos Objetivos de Desenvolvimento
do Milênio (ODM) a erradicação da violência contra a mulher, que leva uma em cada três mulheres
no mundo a ser vítima de abusos em algum momento de sua vida, segundo a organização.
Cerca de dez agências e programas da ONU aderiram à campanha mundial contra a violência às mulheres, que vai durar até 2015, junto com os trabalhos para o alcance dos ODM.
A iniciativa foi lançada nesta segunda pelo secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, durante um discurso na 52ª reunião da Comissão sobre o Status da Mulher, que se reúne esta semana na sede da organização em Nova York.
"Esta é uma campanha para as mulheres e as meninas que têm o direito de viver uma vida livre de violência, tanto hoje como amanhã. É uma campanha para deter o incalculável custo que a violência contra a mulher inflige à humanidade", declarou Ban.
O diplomata afirmou que mulher alguma, em nenhuma sociedade, é "imune a esta praga". Uma em cada três representantes do sexo feminino, em algum momento de sua vida, é vítima de violência, seja sendo forçada a manter relações sexuais ou sofrendo algum outro tipo de abuso.
Em seu discurso, Ban disse que pedirá ao Conselho de Segurança das Nações Unidas que crie um mecanismo para o acompanhamento da situação da mulher e que solicitará pessoalmente aos governantes dos países-membros que patrocinem campanhas nacionais.
"Pedirei a cada país que analise sua legislação, para ver se é necessário revisá-la ou renová-la para assegurar a criminalização da violência contra a mulher. E, para acabar com impunidade, insistirei para que a apliquem", acrescentou.
Durante seu discurso, Ban mencionou suas visitas a áreas de conflito nas quais o estupro e a prostituição forçada se transformaram em ferramenta de propagação do terror.
"A guerra sempre foi algo devastador, mas agora as mulheres e as moças jovens viraram alvo", acrescentou.
A iniciativa também vai tentar mobilizar homens e crianças e envolver a população masculina na luta contra este tipo de violência sexista.
"Convoco todos os homens do mundo a darem o exemplo e a deixarem claro que a violência contra a mulher é um ato covarde", acrescentou.
Frentes de ação
De modo geral, a campanha vai atuar em três frentes: na promoção de ações em nível global, na priorização de programas em prol das mulheres dentro das Nações Unidas e no estímulo de colaborações com governos e entidades nacionais.
A assessora especial da ONU em questões de gênero, Rachel Mayanja, afirmou em entrevista coletiva que o secretário-geral decidiu a lançar a campanha depois que, em suas viagens, se deu conta de que este tipo de violência é comum.
"Ele se reuniu com mulheres que foram vítimas da violência e nota-se que ficou afetado pelo que lhe disseram", acrescentou.
Mayanja disse ainda que, nos últimos anos, aumentou a consciência sobre o sofrimento pelo qual as mulheres passam em muitas regiões do planeta, nas quais são abertamente discriminadas e agredidas.
Porém, Mayanja declarou que muitas vezes a conscientização não se transformou em ações concretas contra essas práticas.
A violência doméstica ainda não é um crime tipificado em 102 países e, em 53, o abuso sexual dentro do casamento também não é, segundo dados da ONU.
Por sua vez, a diretora-executiva do Fundo para a População da ONU (UNFPA), Thoraya Ahmed Obaid, declarou que "é hora de pôr um ponto final à cumplicidade e à impunidade".
Ahmed Obaid disse que o planeta fracassará em erradicar a metade a pobreza extrema antes de 2015, que é a meta dos ODM, se um dos setores mais produtivos da sociedade continuar sofrendo abusos impunemente.
"Não podemos relegar a pobreza à história se não relegamos a violência contra a mulher à história", acrescentou.
Os responsáveis pela campanha afirmam que, em pleno século 21, a violência contra a mulher ainda é um fenômeno comum no mundo todo.
O tipo de violência mais comum contra a mulher parte de seus companheiros. Em alguns países, como a Etiópia,
essas agressões atingem 59% da população feminina, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Fonte: Folha online
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