Apenas 5 cidades concentraram 25% da riqueza gerada no Brasil em 2005
PIB dos Municípios, divulgado ontem, mostra que a economia brasileira segue marcada pela concentração da riqueza nos grandes centros, e mudança de metodologia favorece ainda mais as capitais
A grande concentração é uma das marcas do PIB dos Municípios em 2005, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além de 25% do Produto Interno Bruto (PIB) estar concentrado em cinco cidades (São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Curitiba e Belo Horizonte), se forem somados mais 46 municípios, será alcançada a metade da geração de riqueza brasileira. O número de habitantes destas 51 cidades corresponde a 30,5% da população nacional.
Em 2002, a metade da renda nacional estava concentrada em 48 cidades. Ao todo, o IBGE fez o levantamento em 5.564 municípios.
Ao mesmo tempo, 1.371 paupérrimos municípios responderam por apenas 1% do PIB de 2005. Três anos antes, a soma de 1% era feita por 1.338 cidades.
A pesquisa aponta ainda que 10% dos municípios com maior PIB em 2005 geraram 24,6 vezes mais riqueza que os 50% dos municípios com menor PIB. Na mesma relação, a dispersão na região Sudeste chegou a 38,1.
As capitais mantiveram a concentração da maior parte do PIB do país em 2005, com a mudança de metodologia instituída pelo IBGE. Mesmo assim, foi identificada uma tendência de perda de participação destas cidades, já que muitos municípios de médio porte continuaram apresentando crescimento significativo.
O novo cálculo do órgão leva em conta as pesquisas anuais feitas nos diversos setores da economia, e não é mais baseada no Censo Econômico de 1985. Com isso, o setor de serviços, que tinha um peso de 55,7% até o cálculo do PIB de 2004, passa a representar 66,3% na nova metodologia. Por outro lado, agropecuária e indústria perderam peso.
"Com o maior peso dos serviços, as capitais ganham participação. Ainda assim, as cidades menores estão tendo mais espaço. O resultado confirma a lógica de que os municípios de médio porte estão crescendo. Temos que observar daqui para frente como será essa evolução'', afirma a coordenadora da pesquisa, Sheila Zani.
Assim, no ranking das dez cidades com maior PIB do país em 2005, oito delas são capitais. No levantamento anterior, de 2004, eram seis capitais entre as dez cidades mais ricas. Em relação à pesquisa de 2004, que utilizava a outra metodologia, as três primeiras posições permaneceram inalteradas. Curitiba subiu da sétima para a quarta posição, trocando de posição com Manaus, que caiu na mesma proporção.
Distorção
Para a Confederação Nacional dos Municípios (CNM), os dados divulgados sobre o PIB per capita dos municípios
não refletem a realidade econômica das cidades. O presidente da entidade, Paulo Ziulkoski, afirmou que a pesquisa
incorpora distorções causadas por grandes empreendimentos – como montadoras, refinarias e hidrelétricas
–, cuja riqueza não circula nas cidades que os abrigam. "O estudo cria a imagem de que as cidades que lideram
o ranking são ricas, o que não é verdade. O dinheiro gerado não é do município ou
produzido pela população local, mas de uma empresa, uma hidrelétrica. O cálculo não reflete
a qualidade de vida nem o poder de compra dos habitantes."
Fonte: Gazeta do Povo
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