22/11/2007

Saúde

Paraná aparece na quinta colocação em incidência de Aids
Paraná aparece na quinta colocação em incidência de Aids
Análise mostra que do ano de 1980 a junho de 2007 foram notificados 474.273 casos da doença no Brasil. Destes, 23.144 foram no Paraná. Secretaria de Saúde contesta o número e afirma que foram somadas HIV e Aids para chegar ao resultado 

O estado do Paraná é o quinto colocado em números de casos notificados de Aids no país, segundo o Boletim Epidemiológico 2007, divulgado nesta quarta-feira (21) pelo Ministério da Saúde. De acordo com o levantamento, houve 23.144 pessoas infectadas pelo vírus da doença entre o ano de 1980 e o mês de junho de 2007, período em que os dados foram coletados, no Paraná.

Apesar de aparecer entre os primeiros estados, a incidência de Aids no Paraná vem diminuindo desde o ano de 2003. Já entre os anos de 1980 e 2003, cada nova medição feita pelo Ministério Público mostra evolução no número de casos da doença no estado.

Para fazer o levantamento, o Ministério da Saúde coletou dados sobre a Aids nos 26 estados brasileiros, mais o Distrito Federal. Em primeiro lugar aparece o estado de São Paulo, com 181.641 casos registrados. Rio de Janeiro é o segundo colocado com mais notificações, 67.494. O estado do Rio Grande do Sul vem em seguida com 43.388 e logo atrás aparece Minas Gerais com 33.046. O Paraná fecha a lista dos cinco primeiros com mais de 23 mil casos.De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, 95% dos infectados pelo HIV estão em idade produtiva e trabalham  

Dados inflados
Os números divulgados pelo Ministério da Saúde são contestados pela Secretaria de Estado da Saúde do Paraná (Sesa). De acordo com a técnica de vigilância de epidemiologia do órgão, Wilsa Regina Amaral Zenere, o ministério somou os números de Aids e HIV no estado para fechar o balanço. Dessa forma os dados foram inchados.“O HIV é quando a pessoa está infectada mas ainda não apresenta sintomas da doença. A Aids é quando a pessoa está em tratamento, toma remédio e já apresenta os sinais da doença”, explicou Wilsa.

Segundo a técnica, no estado do Paraná o número de casos de Aids em adultos de 1984 até 2006 foi de 18 mil. Do ano de 1987 até 2006, 760 crianças apresentaram a doença.
“Com o HIV a pessoa só está infectada e não entra no nosso sistema de saúde. Trabalhamos apenas com estimativas, não tem como fazer uma epidemiologia, somente estimativas de quantificação quanto ao HIV. Já com a Aids fazemos uma vigilância epidemiológica”, definiu a técnica. 

Falta mais prevenção
Aids cresce mais entre heterossexuais que homossexuais, diz ministério  

O Ministério da Saúde divulgou nesta quarta-feira (21) o Boletim Epidemiológico 2007 com um levantamento que revela que, no Brasil, em homens com mais de 13 anos, houve aumento dos casos de Aids em heterossexuais, estabilização entre homossexuais e bissexuais e redução entre usuários de drogas injetáveis. Em homo ou bissexuais jovens, no entanto, a tendência é de crescimento.Segundo o boletim, em 1996, 29,4% dos casos de Aids registrados na população masculina foram em homens homo ou bissexuais, 25,6% em heterossexuais e 23,6% em usuários de drogas injetáveis.

Em 2006, também considerando a população masculina, 27,6% dos casos de Aids registrados foram em homens homo ou bissexuais, 42,6% em heterossexuais e 9,3% em usuários de drogas.
Para o Grupo Dignidade, Organização Não Governamental (ONG) que representa o público homossexual em Curitiba (gays lésbicas e transsexuais - GLT), falta o estado realizar mais trabalhos de prevenção em relação à Aids. “O estado precisa divulgar mais a prevenção da doença para grupos específicos, não somente em datas especiais como Dia dos Namorados, carnaval e na época da parada gay.

O estado não tem tempo para dar conta de todo o trabalho de prevenção e isso acaba sendo feito pelas ONGs”, afirmou o diretor-administrativo do Grupo Dignidade, Enéias Pereira.
Para o dirigente, a prevenção precisa ser cotidiana. Pereira afirma que não se deve comemorar o fato de a Aids não ter aumentado entre o público homossexual (leia quadro acima), segundo a análise do Ministério da Saúde. “A estabilização dos dados nos preocupa. Precisamos trabalhar para diminuir esse número”, definiu o dirigente da ONG.  

Pelo país
De acordo com a análise do Ministério da Saúde, de 1980 a junho de 2007, foram notificados 474.273 casos de Aids no Brasil. Detalhando: 289.074 no Sudeste, 89.250 no Sul, 53.089 no Nordeste, 26.757 no Centro Oeste e 16.103 no Norte. Segundo o ministério, no país e nas regiões Sul, Sudeste e Centro Oeste, a incidência de Aids tende à estabilização. No Norte e Nordeste, a tendência é de crescimento.Os dados do estudo mostram que cinco anos depois de diagnosticadas, 90% das pessoas com Aids no Sudeste estavam vivas. Nas demais regiões os dados ficaram assim: 78%, no Norte; 80%, no Centro Oeste; 81%, no Nordeste; e 82%, no Sul. A análise mostra também, que 13,9% dos indivíduos diagnosticados com Aids no Norte haviam morrido em até um ano após a descoberta da doença. Na região Sul esse valor cai para 9,1%.

Fonte: Gazeta do Povo

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