As reuniões do Movimento Nós Podemos Paraná acontecem mensalmente e possuem a proposta de transmitir informações, inspirar organizações e unir forças para conseguir implementar e atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Neste mês, a reunião aconteceu na Sanepar, na última terça-feira, 11 de julho e teve como tema “Política sobre drogas”, baseando-se no ODS 3 –Boa saúde e bem-estar-.
Para conduzir o tema, duas convidadas tiveram a fala que guiou o debate final. A primeira convidada, Cristina Corso Ruaro, promotora de justiça, coordenadora do Comitê do Ministério Público no Estado do Paraná de Enfrentamento às Drogas e do projeto estratégico Semear –Enfrentamento ao álcool, crack e outras drogas- e Vice-Presidente do Conselho Estadual de Políticas Públicas sobre Drogas do Paraná (CONESD-PR), relatou sua experiência dentro do assunto e apontou elementos importantes. Dentre os fatores mais importantes citados pela promotora, está destacada a capacitação, pois, ainda se entende pouco sobre a drogadição, -em todos os níveis, desde os promotores até a própria sociedade civil-. “Ainda temos muito para aprender, precisamos de capacitação contínua. Precisamos compartilhar conhecimento e também integrar competências”, salienta Cristina.
A inserção de políticas públicas sobre drogas em todos os municípios é outro ponto que a Vice-Presidente considera importante para o avanço do objeto. A união de força dos setores deve acontecer de maneira efetiva, as áreas que geralmente atuam de maneira separadas, como saúde, direito e segurança, devem progredir juntas e atender de forma concreta e positiva os que buscam ajuda. “Nós temos que facilitar o trânsito de informação dentro dos setores, já é difícil procurarem o poder público, quando procuram não podemos ficar jogando a responsabilidade um para o outro, não podemos enrolar, temos que ajudar”, afirma. A juíza ainda contemplou pontos como o quanto as drogas atingem a sociedade e não somente o usuário ou seu ciclo de amigos. Em diversos pontos de sua fala ela reforçou que drogas não são apenas as ilícitas, são também o tabaco e o álcool, por exemplo.
A segunda convidada, Diana de Lima e Silva é jornalista e advogada, idealizadora da comissão sobre drogas da Ordem dos Advogados Brasileiros (OAB) no Paraná e o Núcleo de Enfrentamento à drogadiçao (NIED) da Universidade Federal do Paraná, e integrante do CONESD-PR e do Conselho Municipal de políticas sobre drogas de Curitiba, começou sua fala questionando o que são políticas públicas. Desenvolvendo a questão, a advogada chegou na definição corrente de políticas públicas, como um conjunto de programas, ações e decisões tomadas pelo governo com participação de entes públicos ou privados com o objetivo de assegurar direitos de cidadania, e frisou que a Política sobre drogas só será palpável quando atuar efetivamente como uma política pública.
A complexidade na luta contra as drogas, segundo a jornalista, acontece por se tratar de uma relação com humanos, que por si só já são complexos. Também pelo motivo das drogas estarem em todos os lares, já que, como anteriormente citado por Cristina, existem outras drogas além das ilícitas, e Diana cita também os remédios. Seguindo essa mesma linha de pensamento, ela comenta sobre o álcool, “A droga que mais preocupa a todos, por exemplo, é lícita. O álcool está sugando a vida de pessoas. A pessoa faz mal para si mesma, pra pessoas conhecidas e desconhecidas”.
Diana lembra que dependências (alcoólica ou química) são doenças e podem ser tratadas, e que não apenas o dependente pode ser tratado, também as pessoas próximas que são afetadas. Ela termina sua fala refletindo sobre os tempos atuais, sobre a efemeridade das coisas e falta de contato e afeto e também sobre a necessidade de dizer não as crianças e saber impor limites. “Vivemos hoje em uma sociedade que está o tempo todo conectada, mas só de forma virtual. Não podemos deixar o contato e o calor humano acabarem, isso reflete nas atitudes futuras, reflete em sentimentos. A tecnologia nos traz tudo na hora, mas na vida real não funciona assim, temos de saber esperar e ter limites. Um não na hora certa é a entrada para um futuro feliz. É a entrada para dizer não para um traficante mais tarde”, finaliza.
O encontro teve como terceira parte um debate que trouxe algumas dúvidas pessoais que as palestrantes responderam. Como saldo principal do debate, ficou a união de ideias que podem ser aplicadas em função a Política de drogas, organizações que, como o intuito do movimento, se unam para desenvolver os ODS. As propostas foram campanhas dentro das próprias organizações e mobilização de campanha exterior, além de troca de experiência e informações, por exemplo.
A próxima reunião será no dia 8 de agosto, às 14h, na Irmandade Evangélica Betânia.
Pessoas de diversas áreas comparecem
nas reuniões
O debate ocorreu de forma participativa
Cristina Corso Ruaro durante sua fala
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