Responsabilidade ambiental é bom negócio para empresas
Com a sustentabilidade no centro do debate mundial, empresas brasileiras aproveitam a oportunidade de
serem identificadas com um país rico em recursos naturais para atrair mais consumidores e investidores.
Frente aos alertas de aquecimento global e esgotamento de recursos, as companhias têm feito investimentos
em tecnologias limpas, programas de redução ou anulação de emissões de carbono, reciclagem, conscientização de funcionários
e restrições a clientes que não respeitam o meio ambiente.
Analistas ressaltam que as medidas não são apenas bom-mocismo e afirmam que elas dão retorno financeiro
às empresas. Existem já índices em bolsas de valores que destacam as companhias mais responsáveis.
"As tendências de preocupação ambiental vêm aumentando substancialmente e o Brasil é um foco. A questão
(da preservação) da Mata Atlântica e da Amazônia vai parar lá fora e as empresas, como as papeleiras, são muito cobradas",
disse à Reuters Cibele Salviatto, especialista em sustentabilidade e responsabilidade corporativa da consultoria Atitude.
O professor de governança corporativa da Trevisan Escola de Negócios e diretor da Apimec Roberto Gonzalez
lembrou que a pressão externa é ainda maior.
"Na Europa, por exemplo, eles queriam saber de onde vinha o aço de todos os produtos comprados do exterior,
se havia impacto ambiental na produção", relatou. "Outro setor bastante cobrado é o petroquímico, que causa alto impacto ambiental
e os clientes europeus começaram a exigir responsabilidade sócio-ambiental."
Em março, um grupo de 15 fundos de pensão brasileiros aderiu aos Princípios para o Investimento Responsável
da Organização das Nações Unidas (ONU), que estabelece regras para a escolha dos investimentos, incluindo a questão ambiental.
"Tem novos fundos de investimento que não investem em determinadas empresas ou em determinadas atividades",
afirmou Rogério Gollo, sócio-diretor da PricewaterhouseCoopers. "A empresa não tem a decisão de ser ou não responsável. Ela
tem a decisão de quanto e como vai ser."
INVESTIMENTOS AMBIENTAIS DOBRAM
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de
Nelson Pereira dos Reis, diretor de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
(Fiesp), acredita que a tendência se manteve nos últimos anos.
"Aquelas empresas que já tinham investimento estão se estabilizando, mas aquelas que não, estão investindo.
Diria que, nos últimos dez anos, esse investimento mais que dobrou."
A Companhia Vale do Rio Doce, por exemplo, destinou para a área ambiental, em projetos e ações de gestão,
317 milhões de reais em 2006 e pretende aumentar a quantia para 422 milhões de reais este ano.
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