Saúde quer 'desvendar' mortalidade em Toledo
Comissão multidisciplinar formada por profissionais da saúde foi
instituída para investigar os casos de mortalidade materna e infantil
Foi instituída na terça-feira (10), dentro da programação da Semana Mundial da Saúde, a comissão
de avaliação e ética do Programa de Saúde Materno Infantil. A comissão é formada por um grupo multidisciplinar de profissionais
da saúde, representando os setores público e privado do município. A comissão, empossada oficialmente durante um ato realizado
no gabinete da Prefeitura de Toledo, terá a atribuição de investigar todos os casos de mortalidade materna e infantil, até
um ano de idade, no município, e apresentar à Secretaria de Saúde e aos profissionais sugestões para que as mortes evitáveis
de fato o sejam. A comissão não terá caráter punitivo, mas de investigação, e elaborará também um protocolo de atendimento
em saúde pública, o que deverá subsidiar os profissionais, visando a melhoria da qualidade do atendimento no serviço público
municipal.
"A comissão deverá fazer um protocolo de atendimento, desde o encaminhamento
ao posto para o pré-natal ao atendimento hospitalar", explica a secretária de Saúde, Kuniko Maeda Smith, ressaltando a sua
expectativa positiva com relação ao trabalho da comissão e os resultados esperados na melhoria da qualidade do atendimento
em saúde pública. Conforme ela, a comissão, além de multidisciplinar, conta com representantes de diversos segmentos, tanto
da área pública quanto privada, o que irá permitir acesso fácil às informações. Com a identificação das causas de mortes,
acredita ela, será possível corrigir rumos e tomar as providências necessárias para evitar que novos casos ocorram. Segundo
ela, o município está comemorando os índices positivos dos três primeiros meses do ano, com nenhum caso de morte materna e
infantil, e espera poder manter esta tendência nos próximos meses. "Sabemos que é quase impossível, mas vamos nos esforçar
para evitar o registro de mortes infantis no nosso município", diz ela. Nos três primeiros meses do ano Toledo não teve ainda
nenhum registro de morte, mas no ano passado o índice preliminar foi de 13,91 por mil nascidos vivos, considerado bastante
alto. Entre os casos, segundo os dados estatísticos, 84 por cento das mortes poderiam ter sido evitadas.
Desde 2002 Toledo não conta com registro de mortes entre as mães, em decorrência
do parto ou gestação, mas o número de óbitos até um ano de idade tem oscilado bastante. O menor índice, desde a criação dos
comitês de mortalidade materna e infantil, quando foram iniciadas as estatísticas, é de 2001, com 9 mortes para cada mil nascidos
vivos, abaixo do índice tolerado pela Organização Mundial de Saúde, de 10 mortes a cada mil nascidos vivos. "De
A ginecologista obstetra Patrícia Kosako, funcionária pública municipal e que
também atende em consultório particular, também é uma entusiasta da idéia. Ela acredita que a comissão poderá fazer um protocolo
de atendimento, possibilitando assim que todos os profissionais adotem procedimentos padrões, falem a mesma linguagem em relação
ao atendimento em saúde pública e com isso reduzam os riscos de mortalidade materna e infantil. O chefe da 20ª Regional de
Saúde, Edson Simionato, igualmente apoiou a iniciativa. Segundo ele, a comissão é válida se realmente investigar e apresentar
sugestões para que os problemas detectados sejam resolvidos e resultem em redução nos índices de mortalidade materna e infantil.
Comissão terá autonomia para investigação
O prefeito de Toledo, José Carlos Schiavinato, destacou durante a posse da comissão,
a importância desta e a autonomia que ela terá para a investigação dos casos e apresentação de sugestões. Conforme ele, a
saúde no município vem evoluindo a cada ano e precisa crescer cada vez mais para oferecer melhor qualidade de vida à população.
Ele comparou situações como em Curitiba, onde as pessoas, independente da condição social, são contatadas pelo sistema público
para que as crianças recebam as vacinas nos postos de saúde e destacou que Toledo já teve muitos avanços, mas precisa continuar
crescendo cada vez mais para reduzir as filas nos atendimentos e oferecer um serviço cada vez de melhor qualidade. Ele pediu
também responsabilidade aos usuários no uso do sistema público e ressaltou a importância dos profissionais da área para garantir
um atendimento de qualidade. "Sempre valorizamos a classe médica. É imprescindível a participação deles e dos planos de saúde
para aliviar o fardo do município e garantir uma boa qualidade no atendimento", disse o prefeito.
Ele destacou a feliz escolha da secretária Kuniko Maeda Smith para o cargo,
trazendo a sensibilidade da mulher para a área, e ressaltou a importância do agente público conhecer a realidade dos plantões
de saúde para melhor administrar o município. "Antes de se candidatar a prefeito, o político deveria permanecer por seis horas,
num plantão de emergências, para avaliar as dificuldades por que passam aqueles que precisam de atendimento", observou, acrescentando
também que Toledo tem a felicidade de contar, independente do horário, com profissionais especializados para atendimento em
hospitais que atendem pelo sistema único de saúde, com toda a estrutura e pessoal.
O prefeito voltou a falar sobre o sonho da implantação de um hospital regional
Fonte: Jornal do Oeste
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