12/04/2007

Oeste

Saúde quer desvendar mortalidade em Toledo

Saúde quer 'desvendar' mortalidade em Toledo

 

Comissão multidisciplinar formada por profissionais da saúde foi instituída para investigar os casos de mortalidade materna e infantil

 

Foi instituída na terça-feira (10), dentro da programação da Semana Mundial da Saúde, a comissão de avaliação e ética do Programa de Saúde Materno Infantil. A comissão é formada por um grupo multidisciplinar de profissionais da saúde, representando os setores público e privado do município. A comissão, empossada oficialmente durante um ato realizado no gabinete da Prefeitura de Toledo, terá a atribuição de investigar todos os casos de mortalidade materna e infantil, até um ano de idade, no município, e apresentar à Secretaria de Saúde e aos profissionais sugestões para que as mortes evitáveis de fato o sejam. A comissão não terá caráter punitivo, mas de investigação, e elaborará também um protocolo de atendimento em saúde pública, o que deverá subsidiar os profissionais, visando a melhoria da qualidade do atendimento no serviço público municipal.

 

"A comissão deverá fazer um protocolo de atendimento, desde o encaminhamento ao posto para o pré-natal ao atendimento hospitalar", explica a secretária de Saúde, Kuniko Maeda Smith, ressaltando a sua expectativa positiva com relação ao trabalho da comissão e os resultados esperados na melhoria da qualidade do atendimento em saúde pública. Conforme ela, a comissão, além de multidisciplinar, conta com representantes de diversos segmentos, tanto da área pública quanto privada, o que irá permitir acesso fácil às informações. Com a identificação das causas de mortes, acredita ela, será possível corrigir rumos e tomar as providências necessárias para evitar que novos casos ocorram. Segundo ela, o município está comemorando os índices positivos dos três primeiros meses do ano, com nenhum caso de morte materna e infantil, e espera poder manter esta tendência nos próximos meses. "Sabemos que é quase impossível, mas vamos nos esforçar para evitar o registro de mortes infantis no nosso município", diz ela. Nos três primeiros meses do ano Toledo não teve ainda nenhum registro de morte, mas no ano passado o índice preliminar foi de 13,91 por mil nascidos vivos, considerado bastante alto. Entre os casos, segundo os dados estatísticos, 84 por cento das mortes poderiam ter sido evitadas.

 

Desde 2002 Toledo não conta com registro de mortes entre as mães, em decorrência do parto ou gestação, mas o número de óbitos até um ano de idade tem oscilado bastante. O menor índice, desde a criação dos comitês de mortalidade materna e infantil, quando foram iniciadas as estatísticas, é de 2001, com 9 mortes para cada mil nascidos vivos, abaixo do índice tolerado pela Organização Mundial de Saúde, de 10 mortes a cada mil nascidos vivos. "De 80 a 85 por cento dos casos de mortes entre crianças menores de 1 ano de idade poderiam ser evitados. Eu que acompanho as estatísticas regularmente, por atuar no setor de Vigilância Epidemiológica, me sentia com as mãos amarradas. Agora com esta comissão, acredito que algo poderá ser feito, a partir da investigação das causas, para reduzir estes tristes índices", testemunhou a enfermeira Carmem Fornari Garbim, uma das integrantes da comissão. Para ela é necessário investir cada vez mais na prevenção, um trabalho que cabe não só aos profissionais da saúde como também à família e a sociedade como um todo.

 

A ginecologista obstetra Patrícia Kosako, funcionária pública municipal e que também atende em consultório particular, também é uma entusiasta da idéia. Ela acredita que a comissão poderá fazer um protocolo de atendimento, possibilitando assim que todos os profissionais adotem procedimentos padrões, falem a mesma linguagem em relação ao atendimento em saúde pública e com isso reduzam os riscos de mortalidade materna e infantil. O chefe da 20ª Regional de Saúde, Edson Simionato, igualmente apoiou a iniciativa. Segundo ele, a comissão é válida se realmente investigar e apresentar sugestões para que os problemas detectados sejam resolvidos e resultem em redução nos índices de mortalidade materna e infantil.

 

Comissão terá autonomia para investigação

 

O prefeito de Toledo, José Carlos Schiavinato, destacou durante a posse da comissão, a importância desta e a autonomia que ela terá para a investigação dos casos e apresentação de sugestões. Conforme ele, a saúde no município vem evoluindo a cada ano e precisa crescer cada vez mais para oferecer melhor qualidade de vida à população. Ele comparou situações como em Curitiba, onde as pessoas, independente da condição social, são contatadas pelo sistema público para que as crianças recebam as vacinas nos postos de saúde e destacou que Toledo já teve muitos avanços, mas precisa continuar crescendo cada vez mais para reduzir as filas nos atendimentos e oferecer um serviço cada vez de melhor qualidade. Ele pediu também responsabilidade aos usuários no uso do sistema público e ressaltou a importância dos profissionais da área para garantir um atendimento de qualidade. "Sempre valorizamos a classe médica. É imprescindível a participação deles e dos planos de saúde para aliviar o fardo do município e garantir uma boa qualidade no atendimento", disse o prefeito.

 

Ele destacou a feliz escolha da secretária Kuniko Maeda Smith para o cargo, trazendo a sensibilidade da mulher para a área, e ressaltou a importância do agente público conhecer a realidade dos plantões de saúde para melhor administrar o município. "Antes de se candidatar a prefeito, o político deveria permanecer por seis horas, num plantão de emergências, para avaliar as dificuldades por que passam aqueles que precisam de atendimento", observou, acrescentando também que Toledo tem a felicidade de contar, independente do horário, com profissionais especializados para atendimento em hospitais que atendem pelo sistema único de saúde, com toda a estrutura e pessoal.

 

O prefeito voltou a falar sobre o sonho da implantação de um hospital regional em Toledo. Conforme o prefeito, o terreno e os projetos continuam disponíveis. "Pode demorar um pouco, mas no futuro certamente este investimento virá para facilitar o atendimento das pessoas que precisam deslocar-se para grandes centros para ter um atendimento mais especializado". O município transporta cerca de 4 mil pacientes por mês para outros centros para atendimento especializado. "São pacientes que poderiam ser tratados aqui, sem o transtorno do deslocamento, de tirar de perto dos seus familiares". Ele parabenizou o grupo pela oportunidade que terão em mostrar a sua solidariedade e contribuir para o desenvolvimento social de Toledo.

 

Fonte: Jornal do Oeste

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