Cresce o número de matrículas no Paraná
Compreensão do panorama educacional paranaense permite
trabalhar melhor com as carências e investir nas áreas mais problemáticas de cada região
O Paraná ampliou o número de alunos matriculados na educação básica em 2006. Segundo números
divulgados pelo Censo Escolar 2006, o Estado registrou mais de 2,79 milhões de matrículas em 9,3 mil estabelecimentos educacionais,
um acréscimo de 0,8% se comparado a 2005. O maior número absoluto de matrículas é registrado no ensino fundamental (mais de
1,65 milhões), mas foi o ensino médio que registrou o maior aumento: 2,6% a mais de estudantes na escola, em relação a 2005.
Do total de matrículas na educação básica, apenas 13% são de escolas privadas. A educação básica é composta por diferentes
modalidades: educação infantil (creche e pré-escola), ensino fundamental, ensino médio, educação especial, educação de jovens
e adultos e educação profissional.
Os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul contabilizaram, respectivamente,
1,71 milhão e 2,68 milhões de matrículas. No Brasil, foram registradas aproximadamente 55,9 milhões de matrículas. O Censo
Escolar, realizado anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), é o mais
relevante levantamento estatístico sobre a educação básica no País.
Indicadores - A taxa de matrícula
no ensino básico e o desempenho dos estudantes são alguns dos indicadores educacionais acompanhados pelo Observatório Regional
Base de Indicadores de Sustentabilidade (Orbis), que trabalha com análise de indicadores. O papel do Orbis é levantar e analisar
os indicadores de forma regionalizada, tornando a informação mais acessível a toda população.
"A compreensão do panorama
educacional paranaense nos permite trabalhar melhor com as carências e investir nas áreas mais problemáticas de cada região.
Além disso, esta análise auxilia as prefeituras a acompanhar o impacto das políticas educacionais já adotadas, além de subsidiar
a formulação e implementação de políticas públicas", comenta a coordenadora executiva do Observatório, Luciana Brenner.
O
Orbis é um programa do Instituto de Promoção do Desenvolvimento (IPD), apoiado pelo Sistema Federação das Indústrias do Estado
do Paraná (Fiep) e pelo Serviço Social da Indústria (Sesi).
Segundo avaliação da doutora em educação, professora e
pesquisadora do programa de mestrado e doutorado em educação da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), Ana Maria
Eyng, apesar do aumento no número de matrículas registrado pelo Paraná em 2006, a freqüência é desigual nas etapas, níveis
e modalidades de ensino. A Síntese de Indicadores Sociais 2006, publicada pelo IBGE, mostra que 95,5% das crianças de 7 a
14 anos estão matriculadas no ensino fundamental. Entretanto, no ensino médio, a situação se agrava, pois a taxa de matrícula
foi de apenas 42,3% em 2005.
"A evasão é um dos principais fatores desta situação, mas não o único. Outro fator pode
ser o aumento de oferta de cursos de educação técnica profissional, que alcançou 5,3% em 2005 no país. Com isso, vários estudantes
podem ter migrado do ensino médio para o profissional", analisa Ana Maria, ressaltando que as principais causas da evasão
escolar nesta faixa etária são a falta de condição financeira dos estudantes, a necessidade de trabalhar para ajudar a família,
a qualidade da escola e o desinteresse de professores e estudantes.
Qualidade de ensino ainda é baixa
Um fator importante a ser avaliado é a qualidade do ensino. Apesar de o Paraná ter uma das melhores médias brasileiras
no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2005, o desempenho dos alunos avaliados na 4ª e 8ª séries do fundamental
e 3º ano do médio ainda está baixo, na opinião de especialistas. "A qualidade do ensino nas escolas públicas ainda é muito
baixa. O desempenho dos alunos não chega a 50%. Há um grande problema na educação brasileira ligado às condições gerais de
capacitação e valorização dos professores. Isso reflete na produtividade e qualidade do ensino. Como se sente o profissional
que não é valorizado pela sociedade?", questiona Ana Maria Eyng.
As informações do Saeb permitem que o Ministério
da Educação e as secretarias estaduais e municipais definam ações voltadas à correção das distorções e debilidades identificadas
nas redes de ensino. As médias do Saeb são apresentadas em uma escala que varia entre 0 e 500. Cada uma das disciplinas tem
uma interpretação específica, que é única para as três séries avaliadas. As médias da escala apontam os graus de desenvolvimento
de habilidades, competências e aquisição de conhecimentos pelos estudantes ao longo dos anos de estudo.
Essa é a primeira
vez, desde 1995, que o Paraná apresentou médias melhores que Santa Catarina e Rio Grande do Sul na avaliação da 4ª série.
Nacionalmente, o Estado está em terceiro, perdendo apenas para o Distrito Federal e Minas Gerais. A média nacional para a
4ª série, em Língua Portuguesa, é de 175,52. No Paraná, a média é superior: 183,78. Já em Matemática, as médias foram um pouco
maiores. No Brasil, para a 4ª série, foi de 185,66, e para o Paraná, 202,89. Com relação à 8ª série e 3º ano do Ensino Médio,
o Paraná registrou queda nas médias.
Segundo Ana Maria, estes resultados (tanto o aumento das notas na 4ª série quanto
a queda na 8ª série e no 3º ano) não são tão expressivos se forem comparados ao quadro brasileiro. ?Em todas as regiões houve
diferença entre a avaliação de 2005 e dos anos anteriores. O que ainda é preocupante no Paraná não é a queda, mas sim a nota,
ou seja, o baixo desempenho dos estudantes?, diz.
Outro instrumento de medida da qualidade do ensino é a Prova Brasil.
O Paraná apresentou um bom desempenho na prova, que avaliou o conhecimento de Língua Portuguesa (com foco em leitura) e Matemática
(com foco em solução de problemas) de estudantes brasileiros. A prova foi realizada em novembro de 2005 e participaram alunos
de 4ª e 8ª séries das escolas públicas urbanas.
Das 20 melhores, quatro são paranaenses. A cidade paranaense mais
bem colocada foi Arapongas, que ficou na 7ª posição. Já o município de Toledo foi o 13º melhor colocado de um ranking de 249
municípios brasileiros que participaram da prova. As cinco primeiras posições foram ocupadas por municípios mineiros e paulistas.
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